18/05/2024 - Edição 540

Mundo

Secretário-Geral da ONU: ‘Estamos assistindo a um assassinato de civis sem paralelo’

Acordo Israel-Hamas escancara drama de guerra sem vencedor

Publicado em 22/11/2023 11:34 - Antonio Mello (Fórum), Josias de Souza (UOL), Lucas Pordeus León (Abr) – Edição Semana On

Divulgação Abir Sultan - Reuters

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Num comunicado à imprensa, o Secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou o assassinato de civis em Gaza, que ele qualificou de sem paralelo, desde que assumiu o cargo.

Guterres fez uma comparação com conflitos anteriores na Síria, no Afeganistão, a guerra Rússia-Ucrânia, e a disparidade dos números é sem precedentes.

Somadas todas as mortes de crianças nesses conflitos não se chega à metade das crianças assassinadas por Israel em Gaza, em apenas um mês e meio de conflito, numa verdadeira ação de extermínio.

Os clamores do mundo por um cessar-fogo são respondidos por Israel com críticas ao Secretário-geral. Mas Guterres não tem se calado e segue pressionando por um cessar-fogo imediato em Gaza.

Israel divulga nomes de 300 prisioneiros que devem ser trocados por reféns

O governo de Israel divulgou os nomes de 300 prisioneiros palestinos que podem ser liberados em troca de reféns.

A lista inclui as idades e os crimes pelos quais os prisioneiros foram acusados. O anúncio foi o do Ministério da Justiça de Israel. Entre os crimes supostamente cometidos estão violação de fronteira, incitação ao terrorismo, porte de material explosivo e até mesmo “arremesso de pedras”.

A lista foi divulgada no site do governo israelense. Os nomes estão em hebraico.

Os prisioneiros mais jovens têm 14 anos e alguns deles são considerados filiados ao Hamas pelo governo israelense. Há 123 pessoas com menos de 18 anos na lista.

Israel se recusou a libertar prisioneiros condenados por assassinato. Alguns enquadrados por “tentativa de assassinato”, porém, constam na lista divulgada hoje.

A expectativa é de que os primeiros reféns sejam recebidos ainda nesta quinta-feira. A informação foi dada pelo ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, à rádio do Exército.

A lista tem o dobro de nomes previstos inicialmente no acordo de trégua para libertação de reféns. Isso ocorre porque Israel trabalha com a possibilidade de mais reféns serem soltos além do acordo inicial, segundo o jornal Times of Israel.

Israel entregará 150 palestinos presos e receberá 50 reféns levados pelo Hamas para a Faixa de Gaza em 7 de outubro. As libertações ocorrerão durante uma trégua de quatro dias no conflito, que será estendida por mais um dia a cada 10 novos reféns soltos pelo grupo extremista.

Acordo Israel-Hamas escancara drama de guerra sem vencedor

O melhor posto de observação do acordo firmado entre Benjamin Netanyahu e o Hamas é o topo da montanha de mais de 15 mil cadáveres erguida em 40 dias de guerra. Dali, tem-se uma visão panorâmica do breve lampejo de lucidez que levou a um acerto para a troca de 200 seres humanos.

Os terroristas libertam 50 mulheres e crianças que sequestraram durante a chacina de 7 de outubro. Em troca, recebem 150 mulheres e adolescentes palestinos encarcerados por Israel na fase em que o país cultivava a ilusão de que dispunha de um escudo de ferro intransponível.

O intercâmbio de três por um será feita em conta-gotas, durante um cessar-fogo de exíguos quatro dias. Depois, restaura-se a incivilidade. “Estamos em guerra, continuaremos em guerra”, esclareceu Netanyahu. O Hamas anotou num comunicado: “Confirmamos que nossos dedos vão continuar nos gatilhos e que nossos batalhões triunfantes vão permanecer de prontidão”.

A guerra entra em sua fase mais difícil. Tendo reduzido o norte da Faixa Gaza a escombros sem atingir o objetivo de arrancar o Hamas pela raiz, Israel sinaliza a intenção de avançar rumo ao sul, para onde mandou que os civis corressem. A montanha de corpos —hoje com 1.200 cadáveres chacinados pelo Hamas e cerca de 14 mil abatidos pelas forças israelenses— escalará o céu antes que Netanuyahu admita um novo acordo para trocar mais palestinos presos pelos cerca de 190 reféns que o Hamas manteve preventivamente nos seus túneis.

Ao final do conflito, não fará diferença para os mortos, os órfãos e os despossuídos saber se a destruição insana se deu em nome do extermínio do Estado de Israel, a bandeira do Hamas, ou da relutância em aceitar a formação de um Estado palestino, a teima de Israel. Num cenário assim, os acordos também servem para escancarar o drama de uma guerra sem vencedor.

Efeito Netanyahu: Explodem manifestações de ódio aos judeus na Europa

É verdade que o preconceito contra os judeus sempre foi uma questão presente na Europa. Tanto que eles inventaram Israel para ver se os judeus todos saíam da Europa para lá.

Agora, com o genocídio palestino em Gaza, crescem as manifestações de ódio aos judeus na Europa, deixando a comunidade preocupada.

Reportagem de Michele Oliveira na Folha informa que “Judeus vivem sob terror ante onda de perseguição na Europa“.

Em Milão, uma mezuzá, objeto com trechos da Torá que costuma ser afixado na entrada de casas da comunidade judaica, foi roubada e, em seu lugar, foi deixada uma faca. Em Estrasburgo, a fachada de uma creche amanheceu pichada com “judeu bom é judeu morto”. Em Viena, a parte judaica de um cemitério foi incendiada e, nos muros, suásticas foram pintadas. Em Nuremberg, uma estrela de Davi e a inscrição “assassinos de crianças” foram escritas na parede externa de um restaurante.

Era previsível que isso acontecesse, especialmente porque Netanyahu e seu governo fazem questão de carimbar qualquer crítica à campanha de extermínio que as Forças Armadas de Israel praticam em Gaza a antissemitismo.

Não se pode, não se deve confundir o governo de Israel com o povo judeu como vem sendo feito pelo próprio governo de Israel. Era óbvio que a consequência disso seria levar a crítica e a revolta com os acontecimentos de Gaza não apenas ao governo de Israel (e digo governo porque mesmo em Israel há muita gente contra o que está acontecendo em Gaza e contra Netanyahu e seu governo de extrema-direita) mas aos judeus.

Só na França, foram 1.040 ocorrências de antissemitismo registradas em quase um mês, até o último dia 5, segundo o Ministério do Interior, com a prisão de 486 pessoas. Na Alemanha, somente nos primeiros oito dias de conflito, foram 202 episódios contra judeus, aumento de 240% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a ONG Rias, que monitora esse tipo crime no país. No Reino Unido, o observatório CST, ligado à comunidade judaica, registrou 1.324 casos durante os 40 primeiros dias de guerra, alta de 510%.

Em entrevista à repórter, o rabino Menachem Margolin, presidente da Associação Judaica Europeia, diz não entender como a população judaica na Europa pode ser responsabilizada pelo que acontece em Gaza.

Pergunte a Netanyahu e ao governo de Israel, que puxam qualquer crítica a Israel como crítica aos judeus e antissemitismo.

O preconceito é odioso e vive à flor da pele procurando motivo para se expressar. O governo de Israel está dando esse motivo ao mundo.

Quanto mais os judeus em Israel e ao redor do mundo criticarem o que o governo de Israel está fazendo na Palestina, mostrando assim a separação entre um e outro, mais difícil vai ser o preconceito contra os judeus encontrar motivo para se expressar.

Brasil envia para Israel e Egito lista para saída de Gaza com 86 nomes

O governo brasileiro elaborou nova lista com 86 pessoas, entre brasileiros e parentes de brasileiros, que estão na Faixa de Gaza e que desejam sair da zona de conflito no Oriente Médio com destino ao Brasil. A informação foi confirmada na terça-feira (21) pelo Itamaraty. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a lista já foi enviada ao Egito e Israel para autorizem a saída dessas pessoas do enclave palestino.

Quando o Brasil conseguiu trazer os 32 brasileiros que estavam em Gaza, no dia 14 de novembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou que o governo trabalharia para trazer todos os nacionais e seus parentes que desejassem sair do local. “A gente vai tentar fazer todo o esforço que estiver ao alcance da diplomacia brasileira”, disse na ocasiaão.

O Itamaraty, por meio da assessoria de imprensa, destacou que não há prazo para que essas pessoas saiam de Gaza porque ainda existem outras listas de nacionais de outros países que ainda não obtiveram autorização para sair do local e que estariam na frente dessa fila.

A saída de estrangeiros tem sido feita aos poucos, com cerca de 600 autorizações por dia. Isso quando não há interrupções na fronteira de Rafah, que liga Gaza ao Egito.

Segundo o embaixador do Brasil no Egito, Paulino Franco de Carvalho Neto, só é autorizada a saída de pessoas da Faixa de Gaza após uma análise dos serviços de segurança dos países envolvidos nessas negociações, que além de Egito e Israel, reúne as autoridades de Gaza, que é controlada pelo Hamas, e de países como Estados Unidos e Catar, que atuam como intermediários do conflito.

A família do brasileiro resgatado de Gaza Hasan Rabbe, comerciante de 32 anos de idade que vive em São Paulo, desejava sair da zona de conflito, porém, depois de ter recebido ameaças vindas de pessoas no Brasil, a família desistiu de deixar o local. Hasan tem sido vítima de ameaças desde que chegou ao Brasil, chegando a pedir proteção ao governo.

Ele disse que sua família, em Gaza, também tem recebido ameaças e, por isso, desistiram de vir. “Infelizmente, a minha família não vai chegar aqui. Eles estão recebendo muitas ameaças em Gaza. Por enquanto, eles desistiram [de vir]. Eu não estou sentindo segurança em mandarmos as meninas para a escola”.

A Operação Voltando em Paz, do governo federal, organizou dez voos da região do conflito para repatriar brasileiros e familiares. A maioria saiu de Tel-Aviv, em Israel, um grupo saiu de Amã, na Jordânia, sendo repatriados do território palestino da Cisjordânia ocupada. O último grupo, com 32 pessoas, deixou a Faixa de Gaza após mais de um mês de tensão e angústia.

Ao todo, a operação transportou 1.477 pessoas e 53 animais domésticos. Do total, foram 1.462 brasileiros, 11 palestinos, três bolivianas e uma jordaniana.

Papa diz que conflito no Oriente Médio não é guerra, é terrorismo

O papa Francisco disse nesta quarta-feira (22) que o que se passa em Israel e na Palestina “não é uma guerra, mas terrorismo”. Ele fez a afirmação depois de receber familiares dos reféns israelenses detidos pelo Hamas e de palestinos presos.

“Não nos esqueçamos de rezar por aqueles que sofrem por causa das guerras em tantas partes do mundo, especialmente pelo querido povo da Ucrânia, de Israel e da Palestina”, disse Francisco ao final de uma audiência geral realizada na Praça de São Pedro.

Ele informou que recebeu “duas delegações, uma de israelenses que têm familiares mantidos como reféns em Gaza e outra de palestinos que têm familiares presos em Israel”.

“Eles sofrem muito e ouvi como sofrem uns e outros. As guerras fazem isso, mas aqui fomos além das guerras. Isso não é uma guerra, é terrorismo”, afirmou.

“Rezem muito pela paz. Que o Senhor nos ajude a resolver os problemas e a não continuar com as paixões que, no final, matam a todos. Rezem pelo povo de Israel para que a paz chegue”, disse.

A reunião com o papa ocorreu depois de o governo de Israel ter aceitado o acordo com o Hamas para a libertação de 50 pessoas raptadas na Faixa de Gaza, em troca da libertação dos prisioneiros palestinianos e de uma trégua de quatro dias.

O Catar disse hoje que será anunciado nas próximas 24 horas o início da trégua de quatro dias entre Israel e o movimento islamita Hamas, que prevê a libertação de reféns em Gaza e de prisioneiros palestinos.


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