18/05/2024 - Edição 540

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Mais crianças foram mortas em Gaza nas últimas 3 semanas do que as vitimadas em guerras desde 2019

Como anos de desatenção de Israel com o Hamas e de enfraquecimento da Autoridade Palestina pelo governo israelense levaram ao 7/10

Publicado em 30/10/2023 10:36 - Brasil de Fato, Ricardo Noblat (Metrópóles), DW, Yuri Ferreira (Fórum) – Edição Semana On

Divulgação Agência Wafa

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A ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza entrou no domingo (29) no 23º dia, com um saldo de mais de 9 mil mortos. Deste total, 1,4 mil são israelenses e 8 mil são palestinos, de acordo com as autoridades locais. Quase metade das vítimas palestinas, 3,5 mil, são crianças. As crianças mortas em três semanas em Gaza superam valores anuais de todos os conflitos desde 2019, segundo dados da ONG ‘Save The Children’.

As Forças de Defesa de Israel afirmaram que caças atacaram mais de 450 alvos ‘associados ao Hamas’ nas últimas 24 horas. Mas como Gaza é uma das áreas mais densamente povoadas do mundo, a população civil palestina vem sendo amplamente atingida pelas bombas israelenses.

A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF), que atua no território palestino, relatou que a escassez de recursos por causa do cerco israelense vem obrigando médicos a realizarem cirurgias em crianças mesmo sem anestésicos.

“Faltam narcóticos, faltam sedativos, faltam opióides. Fazemos muitas operações com meia dose de sedativo, o que é terrível”, disse Léo Cans, chefe da missão do MSF à agência de notícias AFP

Internet restabelecida em Gaza

A conexão à internet começou a ser restabelecida do lado palestino. A ONG Internet NetBlocks relatou a restauração da internet na região em uma postagem no X, antigo Twitter.

Os serviços estavam indisponíveis desde a última sexta-feira (27), quando a Faixa de Gaza sofreu uma série de ataques aéreos israelenses.

As empresas de telecomunicações que atuam em Gaza, Paltel e Jawal, também confirmaram que os serviços de telefonia fixa e móvel foram gradualmente reativados.

Armazéns da ONU saqueados

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA), ligada à ONU, relatou no domingo (29) que seus armazéns e centros de distribuição em Gaza foram invadidos por milhares de pessoas.

Os invasores levaram farinha de trigo e outros itens básicos, como produtos de higiene, conforme a ONU. Um dos locais saqueados é onde a UNRWA armazena suprimentos humanitários provenientes do Egito.

Thomas White, diretor da UNRWA na Faixa de Gaza, avaliou que as tensões e o medo das pessoas foram exacerbados pelos cortes nos serviços telefônicos e na internet.

“Este é um sinal preocupante de que a ordem civil está começando a desmoronar após três semanas de guerra e um cerco rigoroso a Gaza. As pessoas estão assustadas, frustradas e desesperadas”, disse White.

Vale tudo

Desde que permita a entrada de alguns caminhões todos os dias na Faixa de Gaza com alimentos, água e remédios para os 2,3 milhões de palestinos que ali vivem (combustíveis, não), Israel pode sentir-se rigorosamente à vontade para continuar com os bombardeios.

É só o que exigem as maiores potências do mundo Ocidental, doces ovelhas dos Estados Unidos. Verdade que umas poucas sugerem uma trégua na guerra, mas apenas uma trégua, de modo a não criar restrições ao sacrossanto direito de Israel à defesa.

Como seria, digamos, se Israel, uma vez atacado primeiro, estivesse a bombardear a Arábia Saudita, país cujas reservas comprovadas de petróleo são supostamente as segundas maiores do mundo, estimadas em 2017 em 268 bilhões de barris?

Eram sauditas os terroristas da Al Qaeda, comandada à época por Bin Laden, que sequestraram quatro aviões no 11 de setembro de 2001 e jogaram três sobre as Torres Gêmeas de Nova Iorque e as instalações do Pentágono em Washington.

Por coincidência, parte da família real saudita estava nos Estados Unidos. O avião que a transportava foi o único autorizado a decolar quando o governo americano fechou o espaço aéreo do país. O Afeganistão foi o primeiro alvo da guerra contra o terror.

O segundo alvo foi o Iraque do ditador Saddam Hussein, deposto, capturado e enforcado. Os Estados Unidos disseram que os talibãs no Afeganistão davam abrigo à Al Qaeda, e que o Iraque acumulava armas de destruição em massa. Duas mentiras.

O Conselho de Segurança da ONU deverá reunir-se mais uma vez para cobrar um cessar-fogo a Israel e ao Hamas. Dará em nada. Vida que segue. Ou melhor: mortandade que avança.

Israel escancara limites das leis internacionais com confronto colonial na Palestina

Desde o dia 7 de outubro, com a ação do Hamas no sul de Israel e da nova rodada de bombardeios israelenses sobre a Faixa de Gaza, fomos inundados com acusações de crimes, responsabilidades e atrocidades.

Os debates desencadeados também nos colocaram em um turbilhão de termos – terrorismo, direito de defesa, ocupação ilegal, direito de resistir -, que revelam as limitações do complexo labirinto do direito internacional dedicado a um confronto colonial como o palestino-israelense.

Para além das possibilidades de responsabilização, ele parece reforçar a assimetria entre as partes e, assim, os mecanismos de fundo da produção da violência.

TPI diz investigar possíveis crimes na guerra Israel-Hamas

Procurador do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan anunciou que a corte investiga violações relacionadas aos atentados terroristas cometidos pelo Hamas contra Israel, além de analisar eventos em Gaza e Cisjordânia até 2014.

Khan esteve na passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, onde gravou um pronunciamento em que afirma que a obstrução do envio de mantimentos a civis na Faixa de Gaza pode caracterizar um crime de guerra. Mais cedo, no Cairo, ele declarou que Israel deve fazer “esforços discerníveis” para assegurar o acesso de civis a alimentos e medicamentos.

“Não deve haver nenhum impedimento a ajuda humanitária direcionada a civis. Eles são inocentes”, reiterou em uma mensagem publicada no X, antigo Twitter.

Pressão internacional em meio a escalada

Em meio à crescente pressão internacional, Israel anunciou que permitiria a entrada de mais ajuda humanitária no território nos próximos dias e a abertura de uma segunda linha de abastecimento de água que havia sido fechada no início do conflito.

Ao fazer o comunicado, um porta-voz militar do país negou, contudo, que haja escassez de comida e medicamentos, alegando que os suprimentos estão sendo controlados pelo Hamas.

Também no domingo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tendo ressaltado o direito de Israel à autodefesa de “maneira consistente com as leis internacionais humanitárias, priorizando a proteção de civis” e a necessidade de “aumentar imediatamente o fluxo de assistência humanitária para atender as necessidades de civis em Gaza”.

Biden enviou uma mensagem semelhante ao Egito, opondo-se a um eventual deslocamento de palestinos, que preocupa o país.

Mais cedo, outro emissário da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou que a hipótese de o Hamas usar civis como escudo humano “não diminui a responsabilidade [de Israel] perante a lei internacional de fazer tudo ao alcance deles para proteger civis”.

À noite, a Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (braço da Cruz Vermelha) afirmou que suas equipes em Gaza receberam 24 caminhões em suprimentos pela passagem de Rafah. À agência de notícias Associated Press, um oficial egípcio informou que 33 veículos carregados de mantimentos adentraram o território.

Brasil convoca nova reunião do Conselho de Segurança

Na última sexta-feira, em meio a relatos de deterioração da situação humanitária em Gaza, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou, por ampla maioria, uma resolução não-vinculativa em que pede uma “trégua humanitária imediata” para garantir a assistência de civis palestinos sitiados no enclave.

O gesto foi recebido com indignação pela diplomacia israelense, que criticou a ausência de uma condenação ao Hamas. Horas depois, Gaza ficou sem sinal de internet e telefonia – o sinal começou a ser reestabelecido neste domingo –, e militares ampliaram a investida contra o Hamas, expandindo as “operações terrestres” e inaugurando a “segunda fase” do que Netanyahu chamou de “guerra de independência” pela existência de Israel.

No domingo, militares teriam despejado panfletos sobre Gaza instruindo a civis sobre como “se render”. “Líderes do Hamas estão te explorando”, consta do texto em árabe. “Eles e suas famílias estão em locais seguros enquanto você morre em vão.”

O Brasil, que preside o Conselho de Segurança da ONU até terça-feira (31/10), tenta negociar uma outra resolução – esta, com caráter vinculativo – para a crise em Gaza, convocando nova reunião de emergência do conselho para a tarde de segunda-feira, informou o colunista Jamil Chade, do UOL. Esforços anteriores nesse sentido foram vetados por Estados Unidos e Rússia.

Preocupação internacional com situação humanitária

Bombas têm sido lançadas sobre o enclave desde que Israel declarou guerra ao Hamas e impôs um rígido cerco em resposta aos atos terroristas de 7 de outubro, quando membros do grupo considerado terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e vários países ocidentais e que controla o território palestino massacraram cerca de 1.400 pessoas e sequestraram mais de 200.

Também Israel se encontra sob fogo constante desde então, mas tem conseguido interceptar boa parte dos ataques – que têm partido não só de Gaza, mas também da fronteira com o Líbano e a Síria.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) têm apelado a civis para que deixem “temporariamente” o norte de Gaza, local onde os militares têm concentrado suas operações. A inteligência isralense alega que o Hamas tem sabotado esses esforços, enquanto alguns moradores ignoram os apelos alegando não ter nenhum lugar seguro para se abrigar.

Parte buscou abrigo em hospitais, como o Al-Quds, cujas imediações foram bombardeadas neste domingo, segundo relatos. Equipes médicas permaneceram no local sob o argumento de não ter como transferir pacientes em situação delicada.

Israel diz que o Hamas se esconde atrás de infraestrutura civil e usa inocentes deliberadamente como escudo humano. O grupo mantém uma extensa rede de túneis no subsolo de Gaza e é acusado de desviar apoio humanitário à região em benefício próprio.

No lado palestino o conflito fez, até agora, segundo informações das autoridades em Gaza, mais de 8.000 vítimas – esses dados não podem ser verificados de forma independente.

Documento vazado revela o terrível destino que Israel planejou para os cidadãos de Gaza

Muitos se perguntam: o que quer Israel com a invasão de Gaza? Anexar o território e “absorver” 2 milhões de palestinos em sua população, através de um regime de apartheid? 

Um documento do Ministério dos Serviços Secretos revelado pela revista Mekomit, uma publicação israelense, mostra que o plano de limpeza étnica é real e a missão das Forças de Defesa de Israel é deportar os gazanos para o deserto do Sinai, região completamente desabitada, sem luz e sem infraestrutura.

O documento acertou, até o momento, todas as fases da operação israelense: união em um governo nacional, ataques aéreos, ordem de evacuo do Norte de Gaza e invasão terrestre com tanques. A próxima fase é o pogrom do Sinai.

É sabido que os egípcios não vão aceitar a incorporação dos refugiados de Gaza em sua população por motivos políticos, em especial por conta da ligação entre Hamas e Irmandade Muçulmana. Por outro lado, eles não teria refúgio por outras localidades, tendo que ficar presos na península do Sinai.

O documento do Ministério dos Serviços Secretos foi divulgado por um membro do Likud, partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, segundo a Mekomit, a fuga do documento foi uma tentativa de descobrir se “o público em Israel está pronto para aceitar ideias de uma transferência de Gaza”.

O papel ainda fala em convencer os gazitas que “Alá se certificou de que vocês perderam esta terra por causa da liderança do Hamas – não há outra escolha senão mudarem-se para outro lugar com a ajuda dos vossos irmãos muçulmanos”.

A ideia de Israel é forçar que os países ocidentais e os países árabes aceitem incorporar e resgatar os palestinos em condição desesperadora no deserto para colonizar Gaza de maneira mais tranquila.

Como anos de desatenção de Israel com o Hamas levaram ao 7/10

Foi uma grave falha no sistema de inteligência de Israel que pôs em risco há 50 anos a existência do próprio país naquela que ficou conhecida como a Guerra de Yom Kippur.

Em 1967, Israel aumentou de tamanho anexando territórios sírios e egípcios – Península do Sinai, uma parte do Canal de Suez, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e as Colinas de Golã.

No dia 6 de outubro de 1973, Egito e Síria tentaram reaver os territórios perdidos atacando Israel no Dia do Perdão. A guerra matou mais de 2,6 mil israelenses, 15 mil egípcios e 3,5 mil sírios.

“A história se repete primeiro como tragédia, depois como farsa”, disse Karl Marx, filósofo alemão, apontado como o pai do comunismo. “Farsa” no sentido de comédia.

Daquela vez, o sistema de escuta de Israel estava desligado. Golda Meir, então a primeira-ministra de Israel, só soube disso ao fim da guerra, guardou segredo, mas ao final assumiu a culpa.

Desta vez, no último dia 7, um sábado, o grupo radical Hamas, que governa a Faixa de Gaza, pôs a pique o sistema de escuta de Israel e invadiu o país. Já morreram 1.400 judeus e 8 mil palestinos.

Quando indagado a respeito, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu , que governa Israel há mais de 16 anos, recusa-se a assumir pelo menos parte da culpa. Diz que não foi avisado.

Uma extensa investigação do New York Times, publicada ontem à noite e baseada em dezenas de entrevistas e documentos do governo de Israel, mostra que:

* As autoridades de segurança de Israel passaram meses a tentar alertar Netanyahu de que a turbulência política causada pelas suas políticas internas enfraquecia a segurança do país e encorajava os inimigos de Israel. Netanyahu continuou a promovê-las. Num dia de julho, ele negou-se a receber um general que queria lhe entregar um alerta de ameaça amparado em informações secretas.

* As autoridades israelitas avaliaram mal a ameaça representada pelo Hamas durante anos, e de forma mais crítica no período que antecedeu o ataque. A avaliação oficial da inteligência militar israelense e do Conselho de Segurança Nacional desde maio de 2021 foi que o Hamas não tinha interesse em lançar um ataque a partir de Gaza que pudesse provocar uma resposta devastadora.

* A crença de Netanyahu e dos principais responsáveis pela segurança israelita de que o Irã e o Hezbollah é que representavam a mais grave ameaça a Israel, desviou a atenção e os recursos do combate ao Hamas.

* No final de setembro, altos funcionários israelitas disseram que estavam preocupados com a possibilidade de Israel ser atacado nas próximas semanas em várias frentes por grupos de milícias apoiados pelo Irã, mas não fizeram qualquer menção ao fato de o Hamas iniciar uma guerra com Israel a partir da Faixa de Gaza.

* Nos últimos anos, as agências de espionagem americanas pararam em grande parte de recolher informações sobre o Hamas e os seus planos, acreditando que o grupo era apenas uma ameaça regional que Israel poderia administrar.

Em 24 de julho, segundo o New York Times, dois generais israelenses chegaram ao Knesset, o parlamento de Israel, para entregar avisos urgentes aos legisladores.

O Knesset estava programado para nesse dia aprovar uma das tentativas de Netanyahu de restringir o poder do judiciário de Israel – um esforço que convulsionou a sociedade israelense.

Uma parcela dos pilotos da Força Aérea ameaçava não comparecer ao serviço se a legislação fosse aprovada. Apenas dois membros do Knesset compareceram para ouvir os avisos dos generais

Separadamente, o general Herzi Halevi, chefe do Estado-Maior militar, tentou levar os mesmos avisos a Netanyahu. O primeiro-ministro não quis encontrá-lo.

A legislação foi aprovada de forma esmagadora pelo Knesset. As preocupações dos funcionários aumentaram durante agosto e setembro, e o general Halevi tornou público o que pensava:

“Devemos estar mais preparados do que nunca para um conflito militar extenso e multi-arena”, afirmou durante uma cerimônia militar em 11 de setembro, poucas semanas antes do ataque.

Os aliados de Netanyahu foram à televisão israelita e condenaram o general Halevi por semear o pânico.

Sem mais futuro, Benjamin Netanyahu tenta tirar o seu da reta

O mundo desabou sobre a cabeça do primeiro-ministro de Israel por culpa dele mesmo. Benjamin Netanyahu foi obrigado a excluir uma mensagem que postou no X (ex-Twitter), no sábado à noite, atribuindo a culpa pelo ataque do Hamas aos chefes de segurança.

Nomeou particularmente o chefe da inteligência militar das Forças de Defesa de Israel, Aharon Haliva, e o chefe do Shin Bet, o serviço de segurança interna de Israel, Ronen Bar. Netanyahu alegou que não havia sido avisado sobre uma possível guerra com o Hamas.

O líder da oposição Yair Lapid comentou no X: “Netanyahu cruzou a linha vermelha. Enquanto os soldados e comandantes lutam valentemente contra o Hamas e o Hezbollah, ele está tentando culpá-los em vez de apoiá-los”.

O presidente do Partido Trabalhista, Merav Michaeli, escreveu: “Enquanto nossos filhos comem rações de batalha na Faixa de Gaza, Netanyahu fica taciturno em seu escritório, com charutos e champanhe, e culpa os comandantes do exército pelo desastre do 7 de outubro.”

O ex-chefe de gabinete israelense, Benny Gantz, postou: “Quando estamos em guerra, a liderança deve mostrar responsabilidade, decidir fazer as coisas certas e fortalecer as forças de uma forma que possam realizar o que exigimos delas. Qualquer outra ação ou declaração prejudica o esforço nacional.”

O ex-chefe do Mossad, o serviço secreto de Israel, Yossi Cohen, ensinou: “A responsabilidade é aceita quando você inicia seu dever, não durante. Quando aceitei a responsabilidade pela Mossad, a partir daquele momento, tudo o que aconteceu naquela organização, até ao meu último dia lá, foi da minha responsabilidade. “

De acordo com Cohen, tudo o que aconteceu [em 7 de outubro) foi um grande e grave defeito: Todos os altos funcionários do departamento de segurança estão dizendo isso e expressaram a coragem da inteligência e das falhas operacionais.”

Entendendo o caso

O cerne da questão árabe-israelense é a forma como o Estado de Israel foi criado, em 1948, com inúmeros pontos não resolvidos, como a esperada criação de um Estado árabe na região da Palestina, o confisco de terras e a expulsão de palestinos que se tornaram refugiados nos países vizinhos.

A decisão pela criação dos dois estados foi tomada no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) e aconteceu sem a concordância de diversos países árabes, gerando ainda mais conflitos na região.

Ao longo das décadas seguintes, a ocupação israelense nos territórios palestinos – apoiada pelos EUA –  foi se tornando mais dura, o que estimulou a criação de movimentos de resistência. Foram inúmeras tentativas frustradas de acordos de paz e, na década de 1990, se chegou ao Tratado de Oslo, no qual Israel e a Organização para Libertação da Palestina se reconheciam e previam o fim da ocupação militar israelense.

O acordo encontrou oposição de setores em Israel – que chegaram a matar o então premiê do país – e de grupos palestinos, como o Hamas, que iniciou sua campanha com homens-bomba. Após a saída militar israelense das terras ocupadas em Gaza, ocorreu a primeira eleição palestina, vencida pelo Hamas (2006), mas não reconhecida internacionalmente. No ano seguinte, o Hamas expulsou os moderados do grupo Fatah de Gaza e dominou a região.

Em 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou sua maior operação até então, invadindo o território israelense e causando o maior número de mortes da história do país, 1.400, além de fazer cerca de 200 reféns. A resposta israelense vem sendo brutal, com bombardeios constantes que já causaram a morte de milhares de palestinos, além de cortar o fornecimento de água e luz, medidas consideradas desproporcionais, criticadas e rotuladas de “massacre” e “genocídio” por vários organismos internacionais.


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