09/05/2024 - Edição 540

Ágora Digital

Voa Richarlison!

Craque eclipsa o bolsonarista Neymar e resgata interesse pela copa na esquerda

Publicado em 25/11/2022 2:39 - Victor Barone

Divulgação Victor Barone - Midjourney

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A vitória da seleção brasileira ontem contra a Sérvia, por 2 a 0, com a estrela brilhante e os dois golaços do craque Richarlison no segundo tempo, somados à saída chorosa de Neymar do jogo, teve um papel importante na conjuntura política nacional. Richarlison representa um Brasil pra frente, solidário, Neymar representa o que há de pior em nós, com sua sabujice bolsonarista.

A apropriação da “amarelinha” pelo fascismo bolsonarista deixou muita gente desconfortável em usar a camisa da seleção nesta Copa do Mundo. Muitos se sentiram até impedidos de torcer por um time que tem no bolsonarista Neymar sua principal estrela. Por isso a ascensão de Richarlison e o novo tombo de Neymar foram comemorados nas redes progressistas.

A FORÇA DO FUTEBOL

O estádio não é apenas como um local de entretenimento. Ele é uma caixa de ressonância da esperança, dos sonhos e mesmo da violência da sociedade. Não há motivo, portanto, para pensar que o esporte não possa ser um instrumento de Justiça social e de promoção de valores humanistas.

E Richarlison sabe disso. O craque da seleção que estampou seu voo em jornais de todo o mundo é politizado, defendeu a ciência, se levantou com a morte de George Floyd, denunciou as queimadas nas florestas e destina parte de seu salário para causas sociais.

Ele rompe o silêncio cômodo de tantos jogadores que, para não se transformar em um problema ao clube ou ao patrocinador, baixam a cabeça e escondem no suor as lágrimas de um passado de sofrimento e sacrifícios. Atletas que mentem para si mesmos e que, longe da coragem da indignação de um Muhammed Ali, repetem que nunca foram alvos de racismo e não denunciam um regime econômico desumano que tanto marcou suas infâncias.”

Rapidamente surgirão vozes para alertar que não se pode contaminar o esporte por temas políticos. Mas esses que defendem essa tese são os mesmos que não querem ser questionados em seus privilégios hereditários.

Não se pronunciar diante de injustiças, de atos racistas ou homofóbicos é apenas silêncio ou um ato político? Podemos construir um estádio para ser usado como palanque político para a elite local, mas não podemos usar suas arquibancadas para lutar por igualdade?

Se imagem de craques podem ser usadas pelo capitalismo para vender carros, cueca, desodorante, relógios e sonhos, por qual motivo ele não pode promover a ideia subversiva do direito à vida, à alimentação e à educação?

Quanto tempo devemos esperar para que meninos se transformem em homens numa era em que vemos o acelerado desmonte dos pilares da civilização?

Assim como no reggae e outras formas de arte, a luta por direitos está autorizada a ocupar todos os espaços. Sempre. E o futebol – global, popular e irresistível – tem o poder de ser um ato de resistência contra a barbárie.

No auge da pandemia de covid-19, por exemplo, o jogador se aliou à Universidade de São Paulo (USP) e ajudou a arrecadar recursos para desenvolvimento de pesquisas científicas. No ano passado, sua chuteira usada na vitória sobre o Peru, pela semifinal da Copa América, rendeu quase R$ 7 mil para o programa USP Vida.

Não há contradição entre gols e ser politizado. Fazer a arquibancada tremer é apenas parte do impacto de um jogador que opte por romper o silêncio. Ao se posicionar por valores humanistas, o que esses craques globais fazem é chacoalhar o inconsciente coletivo e as estruturas do poder.

Por Jamil Chade

A COPA DA VERGONHA

Das fortes suspeitas de corrupção às violações dos direitos humanos, a organização da Copa do Mundo do Qatar tem sido dominada por críticas e indignação. Ao mesmo tempo, multiplicam-se as acusações de hipocrisia: o Qatar estaria sendo alvo de uma exigência e escrutínio que não se aplicou no passado, do Mundial da Rússia às Olimpíadas de Pequim.  O problema não são as críticas de hoje, mas o silêncio do passado. O que falta são mais críticas e, sobretudo, a transformação dessa indignação numa força reformista da organização esportiva global.

Defendemos sobre o mundial do Qatar:

1º – Não esperamos (nem exigimos) que a Fifa (ao contrário do que por vezes dá a entender…) seja capaz de mudar o mundo. Não lhe pedimos que mude regimes políticos, mas exigimos que garanta que esse Mundial seja organizado de acordo com os valores e princípios que a própria Fifa proclama;

2º – Não defendemos boicotes esportivos ao Mundial nem a suspensão das relações diplomáticas com o Qatar. Mas também não queremos ver os nossos chefes de governo e de Estado a afiançar o uso desses grandes eventos esportivos para reforçar o poder de regimes autoritários. Por alguns dias, os líderes desses regimes procuram ganhar uma chancela de legitimidade, entregam medalhas e sorriem para o mundo. Gostaríamos que os nossos líderes democráticos não contribuíssem para isso;

3 – Apelamos a que atletas e federações nacionais usassem essa oportunidade para exprimir a sua solidariedade com aqueles cujos direitos o Mundial violou, dos trabalhadores àqueles discriminados em função do gênero ou da orientação sexual.

Os primeiros dias mostraram que o sistema continua vivo, mas também que alguns atletas e seleções tomaram consciência de que ele se encontra esgotado.

A Fifa começou por nos demonstrar a sua habitual alienação do mundo: no discurso surreal de seu presidente, Gianni Infantino, no lançamento do Mundial (comparando a sua experiência de vida àquela dos que são discriminados em razão da raça, gênero ou orientação sexual) ou ao ceder, à última hora, ao pedido das autoridades supremas do Qatar de proibição de bebidas alcoólicas, desde que não fosse aplicada aos convidados da Fifa.

Ao folclore seguiu-se a arrogância. A Fifa proibiu o uso da braçadeira com as cores do arco-íris com que algumas equipes tencionavam demonstrar apoio à diversidade. Ao proibir, não por motivos esportivos, mas pelo significado que tinha essa braçadeira, a Fifa colocou uma mordaça sobre os direitos fundamentais, proibindo os atletas de exprimirem o seu apoio ao princípio da não discriminação com base na orientação sexual que está inscrito no Artigo 22º do próprio Código de Ética da Fifa. Para a Fifa, apenas ela e os organizadores têm direito a usar politicamente o esporte. Um recado de que o monopólio do uso político da bola está nas mãos dos dirigentes do futebol e dos políticos cúmplices destes. Para os demais, a lei da Fifa impõe o silêncio.

Mas a atitude de algumas, poucas, seleções revela sinais de que algo pode estar mudando. Num gesto poderoso, os jogadores da Alemanha têm chance de entrar para a história dos mundiais. Ao cobrirem as suas bocas no momento de fazer a foto oficial da estreia, eles expuseram perante o mundo a mordaça da Fifa. A isto se junta o anúncio, pela Federação alemã, de que tenciona recorrer legalmente da proibição da Fifa, tendo o apoio, igualmente, da Federação dinamarquesa.

Isto não deve ser desvalorizado num mundo onde o poder é tão absoluto e cartelizado que qualquer dissidência arrisca forte punição. Mas é também por isso que atitudes como essas são extraordinariamente raras e que, ao mesmo tempo que essas duas federações exprimiam a sua divergência, 207 das 211 Federações da Fifa exprimiam o seu apoio à atual liderança.

Entre essas 207 entidades nacionais, existirão outras que têm consciência da necessidade de mudar. Apenas têm um receio maior de defender a mudança. Isto nos diz que tal mudança só ocorrerá com pressão externa. Não é por acaso que a federação alemã anunciou a contestação judicial da decisão da Fifa após o abandono, em protesto por essa decisão, de um dos seus maiores patrocinadores e a ameaça dos outros fazerem o mesmo.

Eis o que fazer com toda a indignação gerada por este mundial: impor às nossas federações que se aliem às entidades que querem mudanças. Pedir aos nossos atletas que se libertem da mordaça. Exigir de nossos líderes que reformem o esporte em vez de o usarem politicamente.

Por Miguel Poiares Maduro, Jamil Chade e Alberto Alemanno

ALEMANHA GIGANTE

Num gesto simples e poderoso, os jogadores da Alemanha entraram para a história do esporte. Ao cobrirem suas bocas no momento de fazer a foto oficial da estreia na Copa do Mundo, o time tetracampeão driblou de maneira inteligente a mordaça imposta pelos organizadores sobre o uso de braçadeiras em defesa do movimento LGBT. Durante a atual Copa, certas brechas foram permitidas para que torcedores pudessem fazer gestos políticos. Mas sempre de maneira controlada e com fronteiras bem estabelecidas. Quem cruza essa linha é imediatamente silenciado.

ESCROQUE

O deputado federal Ricardo Barros (PP) criticou o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, pela multa que foi aplicada ao PL, depois da ação golpista do partido que contestou o resultado da eleição presidencial. A ação, que pedia para anular os votos de 60% das urnas apenas no segundo turno, foi indeferida por Moraes, que também suspendeu o fundo partidário das siglas que integram a coligação Pelo Bem do Brasil, de Bolsonaro, além de ter aplicado uma multa. Barros afirmou que o PP não fez partido do pedido do PL, por isso não poderia ser multado, e acredita que o valor da multa ainda deve ser reduzido. Além do PL, Republicanos e PP faziam parte da coligação que apoiou a tentativa de reeleição de Bolsonaro. Na sequência, ele também afirmou que o PL tem o direito de protestar contra o resultado da eleição.

AI, QUE DÓ

O YouTube decidiu desmonetizar, ou seja, cortar a receita publicitária, dos canais da rede Jovem Pan, citando repetidas violações de políticas de combate à desinformação eleitoral. A plataforma tomou a medida por conta própria. Não houve pedido judicial referente à emissora. De acordo com a empresa, o problema ocorreu principalmente por conta do programa “Pingos nos Is”, mas devido à repetição das infrações a decisão não se limitou a esse produto.

A Jovem Pan também está sendo investigada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por um suposto favorecimento de notícias para o candidato derrotado, Jair Bolsonaro (PL) e suposta falta de isonomia no tratamento em relação ao dado à campanha do agora presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O tribunal também obrigou a rádio a dar direitos de resposta à campanha de Lula e ordenou o impedimento de novas inserções e manifestações que distorçam informações sobre as condenações do petista anuladas pelo STF.

CALA BOCA GUEDES

Não deixa de ser irônico que Paulo Guedes tenha soltado um “cala a boca, vai trabalhar” para Lula e o PT. Sem entrar no mérito se os petistas falam muito ou não, mas a crítica vem exatamente do ministro que, por falar pelos cotovelos, acabou dando bom dia para cavalo. Desta vez, ele reclamava que o tema da fome no Brasil continua sendo citado na transição de governo. “É válido para ganhar a eleição, mas para com essa conversa. Já ganhou, cala a boca, vai trabalhar”, afirmou, em evento no Ministério da Economia. Agora que o governo está caminhando para o fim, vale uma breve retrospectiva de declarações desnecessárias de Paulo Guedes, ocasiões em que ele poderia ter se calado e ido trabalhar.

1) Pobres não poupam – Em 3 de novembro de 2019, em entrevista à Folha de S.Paulo, o ministro criticou pobres por não pouparem. Ao defender mudanças radicais na Previdência Social, afirmou: “Um menino, desde cedo, sabe que ele é um ser de responsabilidade quando tem de poupar. Os ricos capitalizam seus recursos, os pobres consomem tudo”.

Na realidade paralela do doutor, isso deve acontecer porque os pobres são gastões irresponsáveis. Nesta, contudo, eles mal ganham para sobreviver, que dirá juntar algum cascalho.

2) Esposa do Macron – Em 5 de setembro de 2019, ele xingou gratuitamente a esposa do presidente da França. “O Macron falou que estão colocando fogo na Amazônia. O presidente devolveu, falou que a mulher do Macron é feia. O presidente falou a verdade, ela é feia mesmo. Mas não existe mulher feia, existe mulher observada do ângulo errado “, disse em um evento.

O que Brigitte Macron tem a ver com a Nova Economia do Brasil não sabemos, mas o machismo e a grosseria serviram para animar os seguidores fiéis do presidente. Não à toa, Macron foi efusivo ao saudar a vitória de Lula.

3) Novo AI-5 – Em 25 de novembro de 2019, ele insinuou, em uma coletiva de imprensa, um novo AI-5 em caso de protestos de rua da esquerda. “Não se assustem, então, se alguém pedir o AI-5.” O ministro da Economia, de tempos em tempos, nos lembra o quanto é fã do modelo chileno, com uma economia neoliberal erguida sobre as fundações do governo autoritário, assassino, estuprador e torturador do general Augusto Pinochet.

4) Parasitas – Em 7 de fevereiro de 2020, ele chamou os funcionários públicos de “parasitas” do orçamento nacional, em um evento no Rio de Janeiro. “O hospedeiro [governo] está morrendo, o cara virou um parasita”, afirmou, criticando a política de aumentos salariais de servidores. Generalizou o trabalho de servidores públicos, que cuidam da nossa saúde, de nossa educação, de nossa segurança.

Diante da repercussão extremamente negativa, disse que sua fala foi descontextualizada (desculpa padrão…) e que reconhecia a qualidade do serviço desses trabalhadores, citando até a família e amigos.

5) Domésticas na Disney – Em 12 de fevereiro de 2020, durante um evento, ele reclamou que trabalhadoras empregadas domésticas estavam indo à Disney, nos Estados Unidos. “O câmbio não está nervoso, [o câmbio] mudou. Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para Disneylândia, uma festa danada.”

Sugeriu que viagens à Disney fossem trocadas por passeios em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo.

6) Pandemia barata – Em 13 de março de 2020, numa declaração à revista Veja, desdenhou a pandemia, dizendo que bastariam R$ 5 bilhões para acabar com o coronavírus. “Com 3 bilhões, 4 bilhões ou 5 bilhões de reais a gente aniquila o coronavírus. Porque já existe bastante verba na Saúde, o que precisaríamos seria de um extra.”

De acordo com o site de transparência do Tesouro Nacional, o governo federal gastou R$ 524 bilhões para tanto, somente em 2020.

7) Longevidade cara – Em 27 de abril de 2021, Guedes reclamou, em reunião do Conselho de Saúde Suplementar, que o aumento da expectativa de vida dos brasileiros dificultava que o governo fechasse as contas. “Todo mundo quer viver 100 anos, 120, 130. Não há capacidade de investimento para que o Estado consiga acompanhar.”

Podemos viver menos também se for atrapalhar.

8) China inventou vírus – No mesmo encontro, afirmou que o “chinês inventou o vírus” da covid-19, sem apresentar provas, ecoando as teorias conspiratórias da extrema direita, de que o coronavírus nasceu num laboratório do gigante asiático. Também reclamou que as vacinas desse país são piores que as dos Estados Unidos.

Vale lembrar que, semanas antes, o Brasil estava implorando para a China liberar mais insumos para fabricarmos imunizantes. Depois, ele tentou se justificar, dizendo que até tomou a CoronaVac – versão adaptada do “até tenho amigos”.

9) Filho do porteiro – Em 29 de abril de 2021, em uma entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, reclamou que o governo ampliou demais o acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), bancando universitário que “não sabia ler nem escrever”. Cita como suposto exemplo o filho do porteiro de seu prédio, mesmo que os critérios de seleção demandem nota mínima.

O problema maior, claro, não é esse, mas a forma com a qual usou o filho do porteiro como exemplo.

10) Energia cara – Em 25 de agosto de 2021, ele perguntou “qual o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?”, ignorando que muitos têm que escolher entre comer ou ficar no escuro.

Detalhe: o governo culpou a falta de chuva, mas o caos foi consequência das falhas na gestão dos reservatórios de usinas do sistema elétrico nacional por parte do governo.

11) Vendendo praia – Em 28 de setembro deste ano, ele defendeu vender praias brasileiras para ricos estrangeiros. “É mal gerido o troço”, disse em entrevista. Acredita que está sendo pragmático ao defender vender praias, um patrimônio de todos os brasileiros, para ricos estrangeiros por R$ 1 bilhão cada.

12) Roubamos menos – No mês passado, a poucos dias do segundo turno, durante uma entrevista ao G1, ele cometeu uma gafe. “Eu, se fosse o Bolsonaro, diria: tudo o que o Lula fizer, eu faço mais. Por quê? Porque nós roubamos menos”, afirmou. Logo em seguida, percebendo o sincericídio, corrigiu-se: “Nós não roubamos”. Tarde demais.

E isso ocorreu logo depois que um estudo do Ministério da Economia, revelado pela Folha de S.Paulo, mostrou que o governo estudava mudar a fórmula de reajuste anual do salário mínimo, o que poderia prejudicar 72 milhões de pessoas.

Tem mais declarações? Ô se tem. Mas isso é o bastante para lembrar que o ministro falou quando deveria ter se calado. E se calou quando poderia ter batido os pés e dito a Bolsonaro que furar em R$ 795 bilhões o teto de gastos (ao longo de quatro anos) causaria problemas para nossa economia por muito tempo. Mas, para agradar o presidente e, consequentemente manter seu emprego, consentiu.

Até porque, nas suas próprias palavras: “é válido para ganhar a eleição”.

PEGUETE

Maria Christina Mendes Caldeira, que foi casada com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, fez revelações-bomba numa live no Instagram. Disse, entre outras coisas, que Michelle Bolsonaro, esposa de Jair Bolsonaro, foi “peguete” de seu ex-marido. E que ele teria acobertado “evasão de divisa e sonegação dos Bolsonaros”.

Ela sugeriu também que a primeira-dama teria mantido caso amoroso com outro político casado.  A ex-esposa do presidente do PL sugere que a primeira-dama teria relações com o ex-deputado federal Laerte Bessa (PL). “E aí Michelle … conhece esse político? Era casado né?”, escreveu,  junto a uma foto de Bessa. E prosseguiu nos comentários: “Mulher cristã não tem caso com homem casado, isso é básico nas leis de Deus. Não cobiçar o marido alheio”.

BOLSONARISTA MENTIROSO

A juíza federal Marisa Cucio enquadrou o bolsonarista Jackson Vilar e o impediu de propagar uma fake news sobre as barracas montadas na Praça da Sé (SP). Segundo o apoiador do presidente Jair Bolsonaro, elas seriam um sinal de que as Forças Armadas vão intervir no país.

GENGIVÃO EM CANA

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ordenou o cancelamento do passaporte do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que vive nos Estados Unidos. Segundo a coluna do jornalista Rodrigo Rangel, do portal Metrópoles, a decisão foi comunicada ao Itamaraty e informada para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Moraes também determinou que o cancelamento do passaporte seja incluído no Módulo Alerta e Restrição (MAR), do Sistema de Tráfego Internacional. O objetivo é que o blogueiro aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) não consiga se locomover para outros países a partir dos Estados Unidos.

Allan dos Santos é investigado em dois inquéritos do STF. O primeiro é sobre a disseminação de notícias falsas. O segundo é por envolvimento em milícias digitais criadas para atacar as instituições democráticas. Em outubro de 2021, Alexandre de Moraes ordenou a prisão do blogueiro e pediu providências do governo Bolsonaro para que ele pudesse ser extraditado. Com a nova decisão de Alexandre de Moraes, Allan dos Santos fica sem documentos nos Estados Unidos, piorando sua situação no país.

TERRORISTAS

O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, que comanda a equipe de transição, foi ameaçado por dois apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), um deles “visivelmente armado”, ao chegar no hotel onde está hospedado em Brasília, na quarta-feira (23). Eles foram detidos por desacato por agentes da Polícia Federal (PF) que fazem a segurança do vice de Lula (PT). Segundo informações da Folha de S.Paulo, os dois foram identificados como Rosemario Queiroz e Alcides Frederico Moraes Werner, que se identificou como agente aposentado da PF e estaria armado. Rosemário teria partido para cima de Alckmin, dizendo que ele era “uma vergonha”, no saguão do hotel. Ao ser afastado pelos policiais, o bolsonarista teria reclamado da “liberdade de expressão” e dito que os agentes eram “vagabundos” por estarem “defendendo um ladrão”. Em seguida, Werner teria aparecido “visivelmente armado” questionando a conduta dos agentes e dizendo: “Polícia Federal é o caralho, eu que sou policial”. Os dois foram levados para a Superintendência da PF no Distrito Federal.

TORTURADORES

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que participam de atos antidemocráticos em Itapema, no litoral norte de Santa Catarina, estão sendo investigados pelo crime de tortura contra um homem que criticou as manifestações golpistas no estado. O crime ocorreu no domingo (20) contra um trabalhador autônomo, de 41 anos, identificado pelos agressores, em vídeos que circulam pelas redes sociais, como Rafael.

GENTE DE BEM

Vídeos impressionantes de funcionários da concessionária que administra a BR-163 no município de Sorriso, em Mato Grosso, mostram a situação da base e pedágio logo depois do ataque terrorista realizado por 10 bolsonaristas golpistas na noite Do dia 19.  “Quebraram tudo. Gasolina aqui em tudo. Fogo…, está quase explodindo. Vai explodir. Bora vazar”, diz um dos funcionários no vídeo. A base e o pedágio estão localizados entre Nova Mutum e Lucas do Rio Verde. As cancelas de pedágio foram quebradas. Os funcionários fugiram do local. Evacuada, a praça de pedágio da cidade de Sorriso está sem cobrança. No vídeo, o funcionário descreve a ação:  “Eram mais de dez. Estavam tudo armado. Eu pensando que era foguete. Os caras mandando eu sair: ‘sai, sai, corre, corre’. Entraram atirando.”

GENTE DE BEM 2

O padre José Aparecido Bilha, de 63, lotado na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, do município de Guaíra (PR), foi encontrado morto dentro da própria igreja no último dia 21, com um ferimento profundo no pescoço, ao lado de uma faca, que se presume ter sido utilizada para feri-lo. Populares da região afirmam que o padre, assim como alguns fiéis de sua paróquia, vinha sendo ameaçado e intimidado por bolsonaristas após o clérigo ter declaro voto em Lula (PT) e ter falado sobre programas sociais dos governos do partido durante as homilias.

GENTE DE BEM 3

Eder Rodrigues Boa Sorte, morador de Sorriso, região golpista no “Nortão” do Mato Grosso, finalmente conseguiu levar seu filho de 9 anos para fazer a cirurgia e não perder o globo ocular. Eder foi parado por golpistas em bloqueio na BR-163. Explicou que obteve a liberação para cirurgia da Secretaria Municipal de Sorriso ao vencer uma batalha judicial e que precisa levar o filho com urgência para Cuiabá para tentar recuperar a visão. Na discussão, um golpista ainda matou o homem levar o filho “a pé” até a capital matogrossense e, aos berros, falava: “não vai passar”, diante do choro do menino.

FRASES DA SEMANA

“Há algumas semanas, eu estava chorando, na dúvida ainda de vir [para a Copa]. Então, eu acho que valeu todo o esforço da minha recuperação. Deus viu meu esforço, viu o tanto de vontade que eu estava de vir para a Copa do Mundo”. (Richarlison, o camisa 9 do Brasil)

“Se o defeito está nas urnas, está tanto no primeiro quanto no segundo turno. E aí teria que anular a eleição para senador, deputado, governador”. (Ricardo Lewandowski, ministro do Supremo Tribunal Federal, sobre o pedido do partido de Bolsonaro para anular votos só no 2º turno)

“Estamos mortos. É um golpe muito duro. Não queríamos estrear dessa maneira. Queríamos vencer, para dar tranquilidade. Esse momento é de focar na fortaleza, na união do grupo. Foi um golpe muito duro”. (Messi, depois da derrota da Argentina para a Arábia Saudita)

“Tinha sido sondado por pessoas próximas a Lula se toparia assumir alguma pasta para fazer essa interlocução com evangélicos, e hoje fui surpreendido com esse convite do doutor Alckmin”. (Cezinha de Madureira, deputado federal, PSD, e vice-líder do governo Bolsonaro no Congresso)

“Está acontecendo um movimento muito forte nas casernas. É questão de horas, dias, uma semana. Vamos perder alguma coisa, mas o futuro da nação pode se desencadear de forma positiva, apesar deste conflito que deveremos ter nos próximos dias”. (Augusto Nardes, ministro do TCU)

“E aí, ‘mercado’, cadê a pressão por vacinas para a nova explosão de casos de Covid-19? Uma nova onda vai ser prejudicial para todos, em especial para os mais pobres, mas também para o mercado financeiro! Cadê a grande preocupação agora?” (Randolfe Rodrigues, senador, Rede-AP)

“Aprendi com minha mãe: só gastar o que tem ou ganha. Mas se a gente tiver que fazer uma dívida para construir um ativo novo, que faça com responsabilidade. Vou voltar a ser responsável do ponto de vista fiscal sem precisar atender tudo que o sistema financeiro quer”. (Lula)

“As despesas são sempre populares; a única parte impopular a respeito delas é a aquisição de dinheiro para pagá-las”. (Winston Churchill, primeiro-ministro inglês durante a 2ª Guerra Mundial. A frase é de 1901)

 

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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