27/04/2024 - Edição 540

Ágora Digital

A cara do viralatismo

Brasileiro eleito pela extrema direita portuguesa mostra a que ponto a canalhice fascista pode chegar

Publicado em 12/03/2024 1:17 - Victor Barone

Divulgação Benett

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

O brasileiro Marcus Santos, representante eleito pelo partido de extrema-direita Chega, de Portugal, lançou críticas ao presidente Lula (PT), descrevendo-o como um “mau exemplo” para o mundo. Segundo ele, Lula é tudo o que eles (os fascistas do Chega), não querem. Compreensível.

Por outro lado, Santos expressou concordância total com Jair Bolsonaro (PL), cujas “ideias” são alinhadas aos ideais da extrema-direita portuguesa. Santos louvou o “mito”, destacando seu empenho no “combate à corrupção” e posicionou-se firmemente contra o que Lula representa para Portugal, enaltecendo os comentários de André Ventura, líder do Chega, sobre a possibilidade de restringir a entrada de Lula no país. Super inclusivos…

Na mesma entrevista, Santos abordou a questão migratória, enfatizando a discrepância cultural entre europeus e muçulmanos, atribuindo-a a diferenças entre os fundamentos judaico-cristãos e os islâmicos, e qualificando essa divergência como fonte de conflitos culturais. Tal perspectiva destaca um fenômeno preocupante que tem sido evidenciado com a ascensão da extrema direita na Europa e no mundo: a xenofobia e uma inclinação para políticas que, sob a bandeira da proteção cultural, promovem a exclusão e a marginalização de grupos considerados ‘outros’. Essas tendências exacerbam divisões e alimentam um ciclo de intolerância e desentendimento entre culturas distintas.

Defendendo a ideia de uma migração mais regulada, Santos argumentou não ser contrário à imigração em si – afinal, ele mesmo, um brasileiro, chegou a Portugal como imigrante – mas apontou problemas associados à exploração de brasileiros por compatriotas em Portugal. Ele descreveu situações de vulnerabilidade entre os imigrantes, associando-as ao risco de se envolverem em redes de exploração humana, reiterando a postura do Chega por uma imigração com bases mais estritas, que inclui a entrada no país com um contrato de trabalho pré-estabelecido.

Tá… O discurso de Marcus Santos é um mimo aos desatentos… Mas, traz consigo viralatismo e preconceito.

A ascensão de partidos e movimentos de extrema direita, representada por figuras como Santos, vem acompanhada de uma retórica que frequentemente vilipendia a imigração e pinta os imigrantes como fonte de inúmeros males sociais. Enquanto a discussão sobre políticas migratórias sensatas é válida, é crucial reconhecer e combater as mazelas oriundas dessa ascensão, tais como a xenofobia, o racismo e a erosão da solidariedade humana. Estes elementos não apenas prejudicam as populações migrantes, mas também comprometem os valores de abertura e diversidade que são fundamentais para sociedades progressistas e inclusivas.

Leia outros artigos da coluna: Ágora Digital

Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *