11/05/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

Nada é pior que o fascismo de Bolsonaro, mas o governo Lula não tem ideias novas

Desoneração para carro popular? Pelo amor de Deus!

Publicado em 02/06/2023 12:30 - Rafael Paredes

Divulgação

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Imagine um trabalhador recontratado depois de três anos desempregado. Ele passa por uma capacitação dentro de sua fábrica, uma fábrica de máscaras hospitalares. Esse trabalhador começa a ter renda, uma renda digna.  A empresa onde ele trabalha recebe incentivos fiscais para pesquisar, inovar e capacitar funcionários. O mercado de máscaras é certo: a fábrica está instalada no país onde há o maior comprador de insumos para a saúde no mundo: o Sistema Único de Saúde, o SUS.

Esse trabalhador consegue então comprar seu carro… e muito além: comprar livros, ir ao teatro, a exposições de arte e pagar um curso de inglês para a sua filha…

O Governo Federal anunciou um programa para desoneração a fabricação de carros populares com o objetivo de baratear o bem para a classe média baixa. Os automóveis hoje estão realmente muito caros. No Brasil existem apenas dois carros sendo fabricados que podem ser classificados como populares, o Fiat Mobi o Renault Kwid. Ambos com valor próximo de R$ 70 mil.

A intenção do Governo é baixar o valor desses automóveis de entrada em R$ 10 mil. As medidas anunciadas até agora se aproximam dessa meta, mas para que isso aconteça, as fabricantes terão de fazer a sua parte, como tirar componentes dos carros e fazer a venda direta sem passar pelas concessionárias. A isenção será decrescente -quanto menor o valor do automóvel, maior a isenção- e vai até veículos de R$ 120 mil. Esse teto do valor do carro não contempla veículos elétricos e eletrificados. Um erro. Veículos eletrificados, híbridos ou elétricos são vendidos por valores acima de R$ 140 mil.

Essa política cheira a 2003 e apresenta uma única aparente inovação: a preocupação ambiental por privilegiar a renovação da frota brasileira, atualmente uma das mais antigas em média da história.  O programa também prioriza carros com menor consumo. A proposta do Governo é levar em conta fábricas que utilizam o maior número de peças nacionais.

Mas dar início a sua política industrial pelo mercado automobilístico é o cúmulo da falta de ideias novas. É um segmento que emprega pouco, já tem um passivo ocioso, poluente, na contramão das políticas ambientais. Outros dados: toda vez que se fez uma política de aumento de frota no Brasil, aumentaram também a violência no trânsito, gastos com saúde pública de emergência, a poluição, doenças respiratórias, tempo no trânsito, etc. O país já chegou ao recorde de mais de 60 mil mortes ao ano nas vias brasileiras.

O presidente Lula repete a receita de ofertar um aparente bem estar social por meio do consumo imediato. O petista quer a todo custo recuperar um eleitorado, de entre três e cinco salários mínimos de renda familiar, que majoritariamente migrou para Bolsonaro nas últimas eleições.

Economicamente falando, foram políticas de desonerações fiscais continuadas, sem planejamento, sem data para acabar e para atender este mesmo segmento de consumidores, que antecederam as maiores recessões da história brasileira até então. Crises no governo Dilma Rousseff.

Uma parte da elite intelectual brasileira votou em Lula para tirar Bolsonaro do poder. Bolsonaro era e ainda é um risco a democracia. Essa mesma elite intelectual tinha uma pequena esperam de que, com o governo Lula, ideias inovadoras, reformas estruturantes poderiam ser implementadas. Essa esperança diminui a cada dia.

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Rafael Paredes


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