11/05/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

É óbvio que a Globo facilitou para Lula, mas quando o perseguia, muitos batiam palmas

William Bonner e Renata Vasconcellos também não pegaram pesado com os demais. A diferença foi o candidato

Publicado em 26/08/2022 11:23 - Rafael Paredes

Divulgação Reprodução

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Foi consenso na quinta-feira (25) entre jornalistas e analistas, que o ex-presidente Lula se saiu muito bem na entrevista concedida ao Jornal Nacional. Figuras sempre muito críticas ao petista, se derreteram a oratória de Lula no Twitter, como é o caso das jornalistas Miriam Leitão e Leilane Neubarth. A rede Bolsonarista quer fazer crer que a entrevista foi facilitada para Lula, mas a sabatina não foi tão pesada nem com o presidente Jair Bolsonaro, muito menos com o ex-governador Ciro Gomes.

Em relação ao presidente da República, Bolsonaro não foi questionado sobre rachadinhas, cheques depositados na conta da primeira-dama, e exonerações de delegados que investigavam seus filhos e seus ministros. Todos esses são fatos graves que deveriam ter sido questionados. William Bonner também deu a oportunidade de Bolsonaro falar sobre a melhora na economia, mas Bolsonaro… foi Bolsonaro.

A política é uma ciência, mas também é uma arte e a arte se comunicação com o coração das pessoas. Enquanto o candidato Ciro Gomes aguça o lado racional de uma parte do eleitorado com suas ideias, Lula apaixona pelo seu inegável carisma. Ele é muito carismático. Lula é muito experimentado, de líder sindical a presidente da República. Lula demonstrou traquejo, troca de câmeras, olhou para o telespectador, convidou a Renata para visitar sem terra, conversou de futebol com o Bonner e, quando menos se esperava, estava atingindo seu objetivo:  furar a bolha petista e dialogar com os indecisos.

Carisma é uma característica muito subjetiva assim como a melhor forma de um discurso. Mas os números das interações nas redes sociais são objetivos e mostram exatamente isso: a interação de quem não é militante e estava se posicionando favoravelmente a Lula (48%) foi muito superior do que quando o presidente Bolsonaro (35%) foi entrevistado. Dados da consultoria Quaest.

Personificando os números: Caetano Veloso, que iria votar em Ciro Gomes, afirmou em seu Twitter durante a entrevista do ex-presidente, que vai de Lula em outubro. O mesmo fizeram os influencers Felipe Neto e Boca Rosa. A Globo facilitou para Lula, mas também facilitou para os outros, a diferença foi o candidato.

Lula foi durante anos massacrado pelo jornalismo da Rede Globo. As reportagens se baseavam apenas nas denúncias de procuradores do Ministério Público, não havia investigação jornalística e nem contraditório. Transfomaram cobranças de propina não detectadas pelas auditorias internas da Petrobras como culpa direta do Lula quando presidente. O jornalismo da rede Globo transformou um desvio de 0,06% da receita líquida da Petrobras no maior esquema de corrupção da humanidade. Quando a Globo perseguia Lula, todo mundo batia palmas.

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Rafael Paredes


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