11/05/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

Bolsonaro conta com dois pássaros na mão e um voando para tentar virada inédita neste segundo turno

Sobre o debate, esse texto traz informações no final, mas leia todo o conteúdo, pois é importante

Publicado em 17/10/2022 10:33 - Rafael Paredes

Divulgação Reprodução

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A missão do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, não é fácil. Segundo os números do primeiro turno e não das pesquisas, o ex-presidente Lula largou para o segundo turno com uma vantagem de seis milhões de votos. O presidente Jair Bolsonaro precisa que situações muito difíceis aconteçam, como por exemplo angariar todos os votos que os ex-candidatos Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) tiveram no primeiro turno ou então, mais difícil ainda, fazer migrar votos de Lula direto para ele.

Os ex-candidatos citados hipotecaram apoio ao petista. Ciro foi meio envergonhado e sumiu. Tebet, a grande surpresa desta eleição ficando em terceiro lugar, está na praça pública pedindo votos para Lula. As pesquisas, que muitos deixaram de acreditar, mostram que a maioria dos votos de Tebet e um terço dos votos de Ciro, tendem a ir para Lula.

Os últimos sete dias não foram bons para o atual mandatário. Depois de iniciar essa segunda etapa das eleições com apoios de peso, Bolsonaro assistiu eventos de massa expressivos da campanha do adversário nas capitais do Nordeste e no interior paulista.

A campanha de Bolsonaro também foi desgastada pela afirmação, no púlpito de uma igreja, da existência de provas, imagens e procedimentos oficiais de uma pesada história de tráfico de crianças para a exploração sexual. A afirmação foi feita pela ex-ministra Damares Alves, porém o seu ex-ministério, a polícia e o Ministério Público negam a existência de materialidade.

Para fechar a semana, a campanha de Bolsonaro novamente teve de dispensar energia para responder às críticas as falas do presidente da República sobre ter “pintado um clima” em um encontro com adolescentes venezuelanas de 14 e 15 anos. Desgaste e perda de energia para quem tem um longo caminho pela frente e largou em desvantagem.

Porém, Bolsonaro conta com duas armas para tentar a virada contra o ex-presidente. O capitão recebeu doações que somadas dão um total de R$ 24 milhões para a sua campanha. Do lado do oponente, as doações foram mais modestas: R$ 285 mil. As gordas contribuições para a campanha de Bolsonaro possibilitam mais estrutura para viagens, eventos e ações. Porém, também apontam que há uma parcela de apoiadores de Bolsonaro dispostos a meter a mão no bolso para reeleger o presidente. Isso, no que tange a doações legais. Imaginem o que pode estar acontecendo por aí.

Além das dezenas de denúncias contra patrões que assediam funcionários para votarem no atual mandatário, começam a surgir conversas de forte compra de votos no interior de Estados do Norte e do Nordeste. Nessas regiões, Lula venceu com uma larga vantagem e, teoricamente, não precisaria deste artifício.

Outra arma de Bolsonaro é o engajamento do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, na campanha Bolsonarista. Ao contrário dos governadores Cláudio Castro (Rio de Janeiro) e Rodrigo Garcia (São Paulo), Zema diminui sua agenda oficial, se reuniu com prefeitos e mergulhou efetivamente na campanha. Minas Gerais é o segundo colégio eleitoral e é tido como estratégico para ganhar as eleições.

O presidente Jair Bolsonaro espera contar também com as abstenções. A negligência do eleitor brasileiro com o voto tende a ser maior no segundo turno, principalmente em Estados onde a fatura regional já foi liquidada. Dados da Justiça Eleitoral mostram que essa abstenção tende a ser maior entre as classes mais baixas, geralmente eleitores de Lula. Desta forma, Bolsonaro conta com dois pássaros na mão e um voando para sua difícil, mas não impossível missão.

Sobre o debate: não muda nada, mas o tempo está passando.

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Rafael Paredes


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