Mundo
Publicado em 02/10/2020 12:00 -
Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.
Via Twitter, o presidente dos Estados Unidos anunciou no início desta madrugada que ele e a primeira-dama Melania Trump estão com covid-19. Na publicação, ele disse que ambos começariam a quarentena (na verdade, o termo correto seria isolamento) “imediatamente”. Um memorando da Casa Branca confirmou a notícia em seguida.
O casal fez exames logo depois que uma assessora próxima a Trump, Hope Hicks, recebeu diagnóstico positivo. Ela viajou com o presidente várias vezes esta semana e estava no debate de terça-feira – em que o candidato à reeleição zombou de seu oponente, Joe Biden, por ele sempre aparecer publicamente usando máscaras. Aliás, a própria Hicks estava sem proteção no debate, ao menos em parte dele. E também foi fotografada sem máscara dias atrás em um comício na Pensilvânia, batendo palmas ao som de Village People’s.
Nenhuma surpresa quanto a isso, já que a comitiva de Trump não é grande adepta dos equipamentos de proteção. Vários de seus eventos de campanha, em locais fechados e lotados de gente sem máscara, são potenciais fontes de transmissão. Logo após um dos comícios, o ex-candidato republicano à presidência Herman Cain contraiu o coronavírus e morreu. Até demorou para o presidente se infectar, considerando o grande número de pessoas próximas que já foram contaminadas.
O médico de Trump disse que ele passa “bem”. Por sua idade e peso, ele faz parte do grupo de risco. Porém, obviamente terá à sua disposição o melhor atendimento médico que alguém poderia desejar.
O diagnóstico chega a apenas 33 dias da eleição e muda radicalmente os planos da campanha eleitoral. Afinal, mesmo que Trump não tenha sintomas, precisa ficar isolado por 14 dias, segundo as diretrizes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças do país. Se vier a adoecer, ressalta o New York Times, isso pode até mesmo levantar dúvidas sobre se sua candidatura deve ser mantida. Em caso de agravamento, a recuperação pode levar semanas.
Há indagações interessantes sobre a linha do tempo que antecede o diagnóstico positivo de Trump. A suspeita principal é que Hope Hicks tenha lhe passado o vírus. Mas como os diagnósticos vieram com apenas um dia de diferença (e como Hicks precisava ser testada diariamente para viajar com Trump), pode ser que ambos tenham se infectado por outra fonte comum, considerando o que se sabe sobre a transmissão do SARS-CoV-2. Estaria aí uma bela oportunidade para fazer um rastreamento retroativo de contatos.
Em tempo: um estudo da Universidade Cornell aponta que Donald Trump é, em todo o mundo, o maior disseminador de fake news sobre o coronavírus. O levantamento foi feito a partir da análise de 38 milhões de notícias em inglês entre janeiro e maio, e as menções a Trump estão em quase 40% dos conteúdos com informações falsas.
Deixe um comentário