04/05/2024 - Edição 540

Mundo

Israelenses vão às ruas contra Netanyahu, pedem fim da guerra e eleições

Documento da ONU revela como Israel tenta inviabilizar ajuda em Gaza: crianças morrem desnutridas e desidratadas todos os dias na região, diz Unicef

Publicado em 04/03/2024 1:33 - Jamil Chade, Leonardo Sakamoto e Fabíola Perez (UOL), Ricardo Noblat (Metrópoles) - Edição Semana On

Divulgação Reprodução

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Milhares de manifestantes se reuniram no centro de Tel Aviv, em Israel, na noite de sábado (2).

Os protestos contrários ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pedem o fim da guerra contra o Hamas, o retorno dos reféns israelenses sequestrados durante os ataques do grupo islâmico em 7 de outubro e novas eleições.

Manifestantes se reuniram na rua Kaplan, na cidade de Tel Aviv. As pessoas tinham bandeiras de Israel, faixas e cartazes contra o governo. Um dos cartazes se referia a Netanyahu como “ministro assassino”.

Protestos ocorrem em diversas cidades de Israel. A primeira manifestação que a reportagem acompanhou foi organizada por familiares de reféns do grupo Hamas. O movimento que organiza os protestos é o “Bring Them Home Now”, na tradução para o português “Tragam eles para casa agora”.

Telões espalhados pela praça mostravam o rosto das pessoas sequestradas. O local passou a ser chamado de “Praça dos Sequestrados”. No espaço, é possível observar diversos cartazes que homenageiam as cerca de 130 pessoas que ainda estão em poder do Hamas.

Estrutura reproduz túneis em que Israel diz que que reféns foram mantidos. Em meio à praça, há diversas referências aos reféns. A reprodução da estrutura permite que visitantes atravessem o túnel com fotos do reféns.

Em outro ponto da cidade, na rua Kazan, milhares de pessoas caminhavam e entoavam palavras de ordem contra o governo.

As pessoas estão dizendo ‘acordo é a única solução. Judeus e árabes se recusam a ser inimigos’, afirma uma manifestante.

As manifestações contra o governo e pela liberação dos reféns ocorreram próximo prédio do Ministério da Defesa. Os protestos se encerraram próximo a um prédio comercial com um luminoso com uma mensagem que dizia “Juntos venceremos”, também em referência aos reféns.

As famílias que participam dos protestos afirmam ser contrárias ao governo de Israel e à guerra. Nas últimas semanas, mais manifestações passaram a adotar um tom político. Entre os cerca de 130 reféns, está o brasileiro Michel Nisenbaum, 59 anos. Ele está desaparecido desde o início da guerra, em 7 de outubro.

As manifestantes israelenses Inbal Cohen e Shelly erguiam cartazes contra o governo de Netanyahu. As placas diziam: “eleições já”. O casal Shopie Marron e Iaten Remety também carregavam cartazes. “O que é vitória total? Afastamento do ditador, devolução dos reféns e recomeço para Israel”, diz o cartaz de Sophie.

No cartaz com Remety, é possível ler em hebraico: “procuram-se voluntários para trocar os reféns, de preferência para quem defende a eliminação do Hamas”. Segundo eles, trata-se de uma mensagem contra o governo.

Jovens na “Praça dos Sequestrados”

O jovem Daniel, de 22 anos, disse que vai quase todos os sábados à praça para homenagear as vítimas do ataque do dia 7 de outubro. “Não consigo encontrar palavras para descrever a energia de tudo aqui. Tenho alguns amigos que foram mortos”.

Outra jovem que está no encontro de amigos e familiares das vítimas afirma que parte da população israelense não está satisfeita com a política adotada pelo primeiro-ministro. “Ele poderia ter feito coisas diferentes. E nós sentimos que nada está acontecendo”.

“Perdemos muitos soldados e não nos movimentamos para nenhum lugar, não recebemos nossas famílias e amigos de volta. Todos pensamos que não se está fazendo o suficiente, agora eu já não sei o que é o suficiente”, disse Ive, jovem israelense que prefere não dizer o sobrenome.

“Famílias cobram falta de transparência do governo. Acho que precisamos de mais clareza do nosso governo. Isso é no que realmente estamos falhando. As famílias não sabem o que está acontecendo”, diz Ive. “Seria melhor se houvesse uma melhor comunicação”.

Ao chegar à praça dos “sequestrados” há um telão que contabiliza o número de pessoas feitas reféns pelo Hamas. Além de uma estrutura que reproduz o que seriam os túneis do Hamas, há ainda uma mesa com lugares vazios. De um lado, os lugares postos representam os israelenses sequestrados. De outro, os lugares simbolizam as rotinas interrompidas, com alimentos abandonados.

Documento da ONU revela como Israel tenta inviabilizar ajuda em Gaza

Limitação de vistos a funcionários internacionais, desalojamento de suas sedes históricas, contas bloqueadas e até o confisco de mercadorias pela aduana. Essas são algumas das medidas que a ONU acusa Israel de adotar contra a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos, a UNRWA.

Um documento enviado pela chefia da agência para o presidente da Assembleia Geral da ONU, Dennis Francis, e obtido pelo UOL revela a dimensão da crise que existe hoje entre o governo de Israel e a entidade internacional.

Assinada pelo suíço Philippe Lazzarini, chefe da agência no dia 22 de fevereiro, a carta tenta conscientizar as potências e a cúpula da ONU sobre o fato de que haveria uma tentativa deliberada de inviabilizar o socorro humanitário aos palestinos em Gaza. Segundo a Unicef, por exemplo, mais de mil crianças foram alvos de amputações, muitas delas sem anestesia. Os produtos foram barrados na fronteira.

Há um mês, o governo do premiê israelense Benjamin Netanyahu anunciou que havia descoberto que doze dos 13 mil funcionários da agência tinham participado de alguma forma dos ataques de 7 de outubro de 2023, perpetrado pelo Hamas. Imediatamente, doadores suspenderam suas contribuições, ampliando o desespero de 2,2 milhões de palestinos na Faixa de Gaza.

A ONU abriu investigações e demitiu os funcionários acusados. Mas, nesta semana, informou que o governo de Israel ainda não havia apresentado todas as evidências e novas provas de suas acusações. A única informação que a entidade dispõe se refere aos dados apresentados por Israel, há um mês.

O anúncio israelense de que funcionários da ONU teriam sido cúmplices com os ataques terroristas ainda ocorreu no mesmo momento em que a Corte Internacional de Justiça denunciava o governo de Netanyahu e ordenava, em medidas cautelares, que Israel tomasse “todas as medidas necessárias” para evitar um genocídio.

Mas, segundo a carta, a ofensiva de Israel não se limitou a forçar uma interrupção no financiamento.

Essas são algumas das acusações apresentadas pela ONU contra as autoridades de Israel:

– A Autoridade Fundiária Israelense exigiu que a UNRWA desocupasse seu Centro de Treinamento Vocacional de Kalandia em Jerusalém Oriental, cedido pela Jordânia em 1952), e que pague uma “taxa de uso” de mais de US$ 4,5 milhões.

– O vice-prefeito de Jerusalém tomou medidas para expulsar a UNRWA de sua sede que ocupava há sete décadas, em Jerusalém Oriental.

– Os vistos para a maioria dos funcionários internacionais, inclusive os de Gaza, foram limitados a um ou dois meses.

– O Ministro da Fazenda de Israel declarou que revogará os privilégios de isenção fiscal da UNRWA.

– As autoridades alfandegárias suspenderam o envio de mercadorias da UNRWA.

– Um banco israelense bloqueou uma conta da UNRWA.

– Centenas de funcionários locais da UNRWA não têm acesso a Jerusalém desde outubro para chegar à sede da UNRWA, às escolas e aos centros de saúde.

– Um projeto de lei foi apresentado no Knesset para excluir a UNRWA dos privilégios e imunidades da ONU.

– Um segundo projeto de lei tenta impedir qualquer atividade da UNRWA em território israelense, o que limitaria o atendimento aos palestinos em Jerusalém e, eventualmente, em Gaza.

– Em 31 de janeiro de 2024, o primeiro-ministro disse que a UNRWA estava “a serviço do Hamas”.

– Muitas autoridades israelenses pediram que os doadores deixassem de financiar a UNRWA

Segundo a carta, desde a decisão da Corte em Haia, “houve um esforço conjunto de algumas autoridades israelenses para confundir enganosamente a UNRWA com o Hamas, para interromper as operações da UNRWA e para pedir o desmantelamento da Agência”.

“Essas ações e declarações prejudicam as operações da UNRWA, criam riscos à segurança da equipe e obstruem o mandato da Assembleia Geral da Agência”, disse o chefe da UNRWA.

Ele ainda concluiu a carta com um aviso: Temo que estejamos à beira de um desastre monumental com graves implicações para a paz regional, a segurança e os direitos humanos.

O governo de Israel acredita que deva haver uma mudança radical na presença da ONU e que a UNRWA deva ser fechada. Em seu lugar, uma nova operação deveria ser estabelecida. Mas, para membros de equipes humanitárias, apenas a UNRWA teria a capacidade, competência e capilaridade para chegar aos 2,2 milhões de palestinos.

Crianças morrem desnutridas e desidratadas em Gaza, diz Unicef

A crise humanitária já faz suas vítimas em Gaza, diante do desabastecimento de todo o tipo de alimentos e acesso à água. Num comunicado emitido neste domingo, a Unicef apontou que pelo menos dez crianças teriam morrido devido à desidratação e à desnutrição no Hospital Kamal Adwan, no norte da Faixa de Gaza, nos últimos dias.

De acordo com a entidade, além do sentimento de impotência de médicos e dos pais dessas crianças, o cenário é ainda mais dramático diante “dos gritos angustiados desses bebês que perecem lentamente sob o olhar do mundo”. Para a agência da ONU para os Refugiados palestinos, a UNRWA, esse caso confirma que Gaza se transformou em um “inferno na terra”. “Quando é que o mundo dirá basta?”, questiona.

A acusação ocorre num momento em que os organismos internacionais insistem que não estão conseguindo levar para Gaza comida e mantimentos suficientes para os 2,2 milhões de palestinos. As raras distribuições de alimentos e remédios acabam se transformando em cenas de tensão.

Há dois meses, a ONU havia lançado um alerta do risco de que as mortes em Gaza começassem a ocorrer não apenas pelas bombas, mas pela escassez.

Na sexta-feira, em um discurso no Conselho de Direitos Humanos da ONU, o alto comissário Volker Turk, apontou que mais de 30 mil mortos já foram registrados em Gaza e que 17 mil crianças estão órfãs ou separadas dos pais.

A Unicef alerta que essas mortes de crianças não se restringem ao hospital e atingem outras crianças, nas demais partes da Faixa de Gaza. “Essas mortes trágicas e horríveis são causadas pelo homem, previsíveis e totalmente evitáveis”, diz.

Na avaliação da agencia, “a falta generalizada de alimentos, água potável e serviços médicos, uma consequência direta dos impedimentos de acesso e dos vários perigos enfrentados pelas operações humanitárias da ONU, está afetando as crianças e as mães, prejudicando sua capacidade de amamentar seus bebês, especialmente no norte da Faixa de Gaza”.

“As pessoas estão famintas, exaustas e traumatizadas. Muitos estão se agarrando à vida”, alerta a agência.

Segundo a entidade, as restrições de ajuda no norte estão custando vidas. A Unicef alerta que uma em cada seis crianças com menos de 2 anos de idade vive uma situação de desnutrição aguda no norte de Gaza. No sul, o problema atinge 5% das crianças.

“As agências de ajuda humanitária, como o UNICEF, devem ter condições de reverter a crise humanitária, evitar a fome e salvar a vida das crianças”, disse. A agência afirma que, para isso, ela precisa de múltiplos pontos de entrada em Gaza

“A Unicef vem alertando desde outubro que o número de mortes em Gaza aumentaria exponencialmente se uma crise humanitária surgisse e fosse deixada para apodrecer”, afirma a agência. “A situação só piorou e, como resultado, na semana passada, alertamos que uma explosão de mortes de crianças seria iminente se a crescente crise nutricional não fosse resolvida”, disse.

“Agora, as mortes de crianças que temíamos estão aqui e provavelmente aumentarão rapidamente, a menos que a guerra termine e os obstáculos à ajuda humanitária sejam resolvidos imediatamente”, alerta.

Segundo a agência, há uma sensação de impotência e desespero entre pais e médicos ao perceberem que a ajuda, a apenas alguns quilômetros de distância, está sendo mantida fora de alcance.

“As vidas de milhares de outros bebês e crianças dependem de ações urgentes a serem tomadas agora”, completa.

EUA jogam migalhas em Gaza pelo ar enquanto mandam armas a Israel por mar

Após mais de 110 palestinos famintos serem mortos ao avançarem sobre caminhões de ajuda humanitária (fuzilados pelo Exército israelense, atropelados pelos motoristas ou pisoteados pelo pânico), os Estados Unidos, que enviam armas a Israel, afirmam que vão mandar comida a Gaza pelo ar. É como entregar um Band-Aid com uma mão e lançar uma granada com a outra.

O presidente Joe Biden, preocupado com a perda do apoio de eleitores democratas críticos aos crimes de guerra promovidos pelo governo Benjamin Netanyahu, decidiu lançar migalhas em um território que sofre grave restrição de alimentos, água e medicamentos por conta do bloqueio israelense.

Como explicou Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da PUC-SP, enquanto o paliativo vai ser jogado por aviões através de paraquedas, o Tio Sam continua enviando armas para Israel por mar, por terra, por ar.

Se quisessem de fato melhorar a vida dos palestinos que não têm culpa de estarem emparedados entre o terrorismo do Hamas e a limpeza étnica promovida por Netanyahu, e, ao mesmo tempo, dar um chance aos israelenses que estão sendo mantidos reféns, seria necessário um corte não apenas no apoio militar, mas também no suporte político ao seu aliado no Oriente Médio.

Pois isso não é uma retaliação ao Hamas ou uma busca por reféns, mas uma tentativa de redesenhar o mapa da região e, com isso, evitar que o impopular Netanyahu seja apeado do poder.

Uma mudança na política norte-americana para a Palestina passa não só pelas críticas abertas às ações de Tel Aviv, mas por parar de bloquear as resoluções no Conselho de Segurança da ONU que pedem um cessar-fogo. O problema é que, a esta altura, mesmo que a Casa Branca fizesse isso, os parlamentares do Capitólio, republicanos e parte dos democratas, poderiam manter o apoio militar ao aliado no Oriente Médio.

Além disso, vai ser muito difícil fazer com que uma parcela dos eleitores de Biden em 2020, principalmente os mais jovens e os de origem islâmica, saiam de suas casas para reelegê-lo após os mais de 30 mil mortos em Gaza e a destruição do território, que se seguiram ao ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro.

Na esteira da contenção eleitoral de danos, os EUA pediram a Israel, e outros destinatários de armamentos produzidos no país, assinarem uma cartinha se comprometendo a não violar direitos humanos com os equipamentos. Parece piada, uma vez que, para Netanyahu, nunca houve violação na ação em Gaza.

E o compromisso só terá efeito só daqui a 45 dias. Até lá, Israel já terá feito seu ataque final a Rafah, ao Sul, para onde, no início da invasão, o Exército mandou os palestinos migrarem, prometendo que estariam seguros.

Mais de um milhão se aglomera em campos de refugiados, abrigos improvisados e residências precarizadas, passando fome e aguardando para morrer.

“Não há lugar seguro em Gaza”, me disse o médico Ahmed Muhanna, diretor do hospital Al Awda, em Jabalia, Norte do território, antes de ser levado pelo Exército israelense ao se negar a fechar as portas da única unidade médica que atendia emergências e partos na região.

Hoje, completam 77 dias de seu sequestro. Não há notícias dele.

O duro carão que deu em Israel a vice-presidente dos Estados Unidos

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, reclamou sem rodeios a Israel para fazer o suficiente de modo a aliviar uma “catástrofe humanitária” em Gaza. É sinal de que a administração Joe Biden enfrenta uma pressão crescente para controlar o seu aliado próximo enquanto trava guerra com militantes do Hamas.

Ao falar no domingo em frente à ponte Edmund Pettus em Selma, Alabama, onde tropas estaduais espancaram manifestantes pelos direitos civis dos americanos há quase seis décadas, ela pediu um cessar-fogo imediato em Gaza e instou o Hamas a aceitar um acordo para libertar reféns em troca de uma suspensão das hostilidades por 6 semanas.

Mas Harris dirigiu a maior parte dos seus comentários a Israel, no que pareceu ser a repreensão mais contundente já feita por um líder sênior do governo dos Estados Unidos sobre as condições na Faixa de Gaza: “As pessoas em Gaza estão morrendo de fome. As condições são desumanas e a nossa humanidade comum obriga-nos a agir. O governo israelense deve fazer mais para aumentar significativamente o fluxo de ajuda. Sem desculpas”.

Seus comentários refletem a intensa frustração dentro do governo dos Estados Unidos com a guerra, que prejudica a posição do presidente Biden junto aos eleitores de esquerda, enquanto ele busca a reeleição este ano. Harris ditou como Israel deveria se comportar daqui para frente:

* abrir novas passagens de fronteira;

* não impor “restrições desnecessárias” à entrega de ajuda;

* proteger o pessoal humanitário e os comboios para que eles não se tornem alvos de tiros e de bombas;

* e trabalhar para restaurar os serviços básicos e promover a ordem para que mais alimentos, água e combustível possam chegar às pessoas que precisam.

Os Estados Unidos realizaram seu primeiro lançamento aéreo de ajuda em Gaza no sábado, e na segunda-feira Harris tem um encontro marcado na Casa Branca com o membro do gabinete de guerra israelense Benny Gantz, ministro da Segurança Nacional de Israel.

No domingo, uma delegação do Hamas chegou ao Cairo para mais uma rodada de negociações de cessar-fogo, o último obstáculo possível para uma trégua. Israel boicotou o encontro porque o Hamas não lhe deu até agora a lista completa de reféns em seu poder.

Um acordo traria a primeira trégua prolongada da guerra, que já dura cinco meses, com apenas uma pausa de uma semana em novembro. Dezenas de reféns detidos por militantes do Hamas seriam libertados em troca de centenas de palestinos detidos.


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