17/05/2024 - Edição 540

Re-existir na diferença

Necropolítica em ação até a última sessão

Nos estertores de um governo antidemocrático, o ataque sistemático às instituições públicas de ensino superior

Publicado em 10/12/2022 9:03 - Ricardo Moebus

Divulgação Detalhe da tela “O triunfo da morte” (1562), de Pieter Bruegel, o Velho

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As Universidades públicas brasileiras são um patrimônio do povo brasileiro, conquistado e construído coletivamente com muita luta pelo direito à educação pública, gratuita, de qualidade, com cotas que viabilizem o acesso de quem sofre uma desvantagem econômica e/ou social e/ou por necessidades especiais.

As Universidades públicas brasileiras são a oportunidade de acesso democratizado a uma profissionalização digna, a uma educação integral que vai do pré escolar à pós graduação.

As Universidades públicas brasileiras também são um espaço que historicamente tem contribuído para a formação de um pensamento crítico que possa enfrentar os desafios da sociedade brasileira, entre eles a iniquidade social, a desigualdade brutal de distribuição de renda, entre outros.

É notório que os governos progressistas apostaram na expansão das Universidades brasileiras, com programas de ampliação de vagas e cursos, assim como capacitação como o “Ciência Sem Fronteiras”.

Também fica lamentavelmente notório como este atual governo necropolítico vem atacando sistematicamente as Universidades públicas brasileiras. Neste último mês de governo ampliou ainda mais os cortes orçamentários, bloqueando repasses de verbas vitais para o funcionamento mínimo das universidades públicas federais.

O objetivo é claro, inviabilizar, sufocar, estrangular financeiramente o funcionamento das instituições federais de ensino superior.

As consequências são desastrosas e se fazem sentir no cotidiano das Universidades federais, sobretudo para os alunos de baixa renda que alçaram chegar ao ensino superior e que dependem das bolsas concedidas pelas Universidades para se manterem nas mesmas. Os cortes generalizados das bolsas, as mais variadas, deixam desamparados sobretudo os alunos que mais precisam delas, atingindo um público que com muito esforço e sacrifício se mantém estudando na graduação e/ou pós graduação.

É claro que as Universidades públicas brasileiras têm muito o que melhorar, muito o que avançar, ainda têm uma dívida com o povo brasileiro de estarem verdadeiramente a serviço das necessidades e desafios da população brasileira, mas isto deve ser cobrado com o aumento de apoio às mesmas, e não com sua desconstrução, sucateamento, desfinanciamento.

Quem ganha com o fim das Universidades Públicas é o imenso mercado de educação particular, é a indústria do ensino pago, é a mercantilização da educação, é o negócio do conhecimento como mercadoria.

Quem perde com o fim das Universidades públicas é o povo brasileiro, é o campo democrático de direito, é a construção de uma cidadania digna para todos.

Só nos resta esperar que este atual governo federal se encerre o quanto antes, e que o próximo governo democrático e progressista possa resgatar a importância do ensino público e gratuito para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e crítica de si mesma.

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Emerson Merhy, Túlio Franco, Ricardo Moebus e Cléo Lima


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