08/05/2024 - Edição 540

Ponte Aérea

Guerra nas redes

Raphael Tsavkko Garcia fala sobre a ofensiva a Meta sobre o Twitter

Publicado em 06/07/2023 10:57 - Raphael Tsavkko Garcia

Divulgação

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A guerra das redes sociais segue a toda. Ou a guerra dos microblogs. O Bluesky, promessa para substituir o Twitter, criado (ou ao menos bancado) pelo criador do Twitter achou que era boa ideia, em pleno 2023, ficar segurando inscrição com convites.

Perdeu o fio da meada, perdeu o momento em que o Twitter passa por uma crise e em que podia capitalizar. A coisa é tão ridícula que até mesmo quem tinha convite ficou impedido de se juntar à rede porque muitos queriam migrar em massa.

Agora vai ser difícil recuperar terreno com o lançamento do Threads, da Meta.

Mas o app do Zuck tem uma série de problemas, sejam bugs (tudo foi feito às pressas e aparentemente com pouco teste), seja uma timeline confusa, sem sequência lógica que te força a ver postagens de pessoas irrelevantes ou até mesmo que você detesta.

Não se sabe se, como no Instagram ou FB, a rede proibirá pornografia (que é via de regra liberada no Twitter) e não temos uma versão web (ainda?) ou algo como o Tweetdeck, que é essencial.

Claro, o maior problema é ser da Meta, uma empresa que já tem acesso demasiado aos nossos dados. De quebra se você bloqueia alguém no Threads, você automaticamente bloqueia no IG – pior, se deletar o Threads, você tem que deletar o IG!

Eu prevejo a UE agindo rapidamente contra esse absurdo de “programa casado.” Aliás, o Threads, creio, sequer está disponível na Europa.

Quanto ao Twitter, é impressionante como o Musk é burro. Não tem outra palavra. Incapaz de encontrar formas de monetizar toda a vastidão de informação e dados pessoais gratuitamente disponíveis pra ele (que se limitou a entupir a timeline com propagandas e posts pagos), resolveu fazer o impensável e cobrar de quem está gratuitamente lhe dando o que há de mais caro na internet de hoje, que são dados.

Limitar (tempo de) uso do Twitter é talvez a coisa mais estúpida que alguém pode fazer. E Musk fez. Além de querer cobrar pelo Tweetdeck, que sempre foi grátis, sem oferecer absolutamente nada em troca.

E temos o Koo, que serve de alerta ao Threads: Muita gente entrou, poucos ficaram e usaram. É fácil criar o hype em torno de uma rede, mas é difícil fazer com que as pessoas fiquem.

Esse é o trunfo do Twitter que Musk tenta jogar fora – todo mundo está lá e usando – e o desafio do Threads, que tem uma base de dados incrivelmente robusta através do IG, mas vai ter que fidelizar o usuário. E o Bluesky se perdeu nessa, não tem base, perdeu o hype inicial, perdeu a crise do Twitter….

Claro, falta o Mastodon, mas esse é feito por nerds para nerds. Aquela interface amadora, pouca preocupação com usabilidade, nasceu e seguirá sendo uma rede de nicho para poucos mais “engajados”, pese ser uma boa ideia.

Enfim, meu sonho para o futuro é a total interoperabilidade, em que eu poderei escolher a interface de entrada (Mastodon, Threads, Twitter, etc), mas me comunicar com todas as redes usando o mesmo app ou a mesma versão web. Ainda falta muito.

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Raphael Tsavkko Garcia


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