08/05/2024 - Edição 540

Ponte Aérea

Gente que não entende nada

‘Identitário’ é a conceituação de movimentos radicais e supremacistas que usam a pauta de identidades para lacrar e lucrar. Movimentos COM BASE em identidade são outra coisa - são legítimos, sérios

Publicado em 04/10/2023 11:55 - Raphael Tsavkko Garcia

Divulgação Pixabay

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

É curioso o fenômeno das pessoas que se ofendem com algo sem entender exatamente o significado daquilo que lhes ofende.

“Identitário” é usado como forma de conceituar movimentos radicais e supremacistas que usam a pauta de identidades para lacrar e lucrar. Movimentos COM BASE em identidade são outra coisa – são legítimos, sérios.

Uma coisa é o movimento negro e suas pautas legítimas, outra coisa é o movimento identitário negro que muitas vezes é meramente racista e supremacista – “todo branco é racista,” “branquitude,” etc. Uma coisa é o movimento LGBT, outra é a turma identitária “não querer transar com mulher trans é transfóbico”.

A afirmação “se hoje o termo é empregado no discurso público para designar as pautas de grupos oprimidos ou minorizados” é incorreta. O termo é empregado pra criticar e designar pautas que não fazem sentido, radicalismo, supremacismo. Ao menos entre aqueles que tem feito o debate público sobre a questão.

Aliás, quem faz o debate público sério e se opõe ao identitarismo (Antonio Riserio, Wilson Gomes, Pablo Ortellado, Francisco Bosco, eu, etc) defende pautas de grupos minoritários – nossa crítica é ao “identitarismo”, ideologia supremacista importada dos EUA que contamina movimentos legítimos.

UM PROBLEMA?

Costumo concordar muito com o Celso Rocha de Barros, mas agora não deu. Racismo reverso não existe, é fantasia de membro da seita identitária. Existe racismo. Lembrando que o Antonio Riserio foi censurado/cancelado antes de poder dar mais exemplos, como pretendia.

A diferença entre movimentos q tem identidade por base e “identitários” é o comportamento de seita, a incapacidade de dialogar, de aceitar críticas, de evoluir. Interessa à direita e ao bolsonarismo a insistência na defesa do segundo grupo que só prejudica toda e qualquer pauta.

Como já explicou diversas vezes o Wilson Gomes, esse papo de “racismo reverso” é só uma forma de catar um excludente de ilicitude pra identitário ser racista livremente.

Ao não diferenciar a seita identitária de movimentos legítimos com base em identidade – cada vez mais contaminados e reféns do primeiro, infelizmente – a esquerda joga contra ela. As minorias jogam contra si. E dão munição pra direita, porque identitarismo não passa de ideologia supremacista a ser combatida.

É preciso parar de tratar a seita identitária como café com leite e entender o quanto prejudicam pautas legítimas e reforçam a (extrema)direita – e como contaminam movimentos legítimos.

LEIA AQUI

NAGORNO KARABAKH

O que acontece em Nagorno Karabakh é sem precedentes. Mais de 100 mil armênios que habitam a região desde tempos ancestrais forçados a fugir do exército Azeri que invade suas terras e toma tudo que eles tem. A região está sendo completamente esvaziada, limpeza étnica total.

A UE observa impassível, a Rússia observa impassível. O mundo inteiro apenas observa mais uma limpeza étnica acontecer e nada sendo feito para impedir. Sequer sanções ao Azerbaijão foram votadas. É assustador ver como o mundo abandonou os armênios. De novo.

Não estamos em 1991-94 quando a guerra estourou na região e os armênios dominaram completamente o país e mais uma parte do território Azeri (que, de fato, era de maioria armena há séculos, mas cometeram limpeza étnica), mas em 2023, onde episódios como esse não deveriam mais acontecer – ainda mais em plena Europa, ainda que em sua fronteira mais oriental.

A região está quase completamente vazia. Poucos armênios resistem ao êxodo forçado pelas tropas azeris. Estamos vendo pela TV e internet um país morrer.

Sigam o Heitor Loureiro (especialmente no Twitter @DoutorHeitor) para as melhores atualizações e explicações sobre o conflito (ou, na verdade, a limpeza étnica).

LEIA AQUI

Leia outros artigos da coluna: Ponte Aérea

Raphael Tsavkko Garcia


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *