17/05/2024 - Edição 540

Re-existir na diferença

Abre Alas que eu Quero Passar

Um mar de esperança se abre em outubro

Publicado em 09/10/2022 8:33 - Túlio Batista Franco

Divulgação Victor Barone - Midjourney

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Um mar de esperança banha os territórios por onde este país se constrói, e no qual habita um povo que tem como principal característica, a pele marcada pela sua formação miscigenada, que vem de muitos povos. Mais do que povos, nos constitui a floresta, águas e o ar, os bichos, as muitas naturezas que são parte deste mundão que chamam de Brasil. O ambiente social e afetivo deste país anda tão tóxico nos últimos anos, que se deixa em um canto, quase esquecido, que somos um povo cuja característica é a diversidade. Essa toxidade é produção e produto das políticas e diretrizes do governo que se instaurou há quase 4 anos.

Este outubro será lembrado como o mês em que se travou uma grande batalha contra esta orientação no governo do país. Um governo que apregoa a violência, discrimina pessoas, produz o medo e a morte como técnicas de governo. É chegara a hora de recolocar no centro do nosso pensamento, a eleição para presidência da república, que têm seu segundo turno marcado para 30 de outubro. Elas têm um valor inestimável, porque podem abrir passagem para novos possíveis. Promover um reencontro virtuoso entre o país e seu povo, a esperança de ver nesta terra, florescer um tempo de esperançar por uma nova perspectiva social e afetiva nas relações entre as pessoas, na construção dos espaços públicos e coletivos, enfim, constituição de políticas de proteção às vidas.

A história já havia nos contado que o fascismo tem raízes populares, que ele alça o poder apoiado em uma legião de fãs, perfilados, e fixados em uma doutrina que enaltece o líder, transformado em mito, que abomina a diferença e os diferentes. A cultura fundada no estereótipo do patriarcado, com domínio do macho branco sobre as coisas e pessoas, é fundante do modo de ser nas sociedades autoritárias. As imagens que ilustram os episódios de ascensão de doutrinas autoritárias nas décadas de 1930 e 1940 do século XX, povoam o imaginário de muitas gentes, e se atualizam como subjetividade que se institui nos corpos, transformados em vidas fascistas. É neste momento que ele se instaura, e se consolida como força, quando o fascismo deixa de ser apenas um regime político, e é incorporado nas microrrelações do cotidiano, designa um certo modo de vida. Se consolida porque destrói a solidariedade no tecido social, que passa a operar com base no modo autoritário de ser. A exclusão social, discriminação de corpos não normatizáveis pela métrica que avalia a normatividade ocidental, cristã, racista e capitalística de vida, passa a ser um modo de governar.

A vitória das forças democráticas e populares nas eleições de 30 de outubro de 2022 é um paço fundamental para inaugurar um novo tempo, onde novas e vigorosas lutas terão passagem e serão necessárias. Um caminho a ser feito pelas pessoas que habitam esse mundão, chamado Brasil, e que nesse movimento deve resgatar a inspiração na ancestralidade que é constitutiva deste povo, na sabedoria acumulada da sua experiência de vida e luta diária, e trazer a energia e força na vontade de construir algo novo e diferente para este país e para si próprias.

Nessa mistura de potências de vida e ação política habita o Sistema Único de Saúde, associado a todas as outras políticas sociais de proteção à vida. No atual contexto político se encontram ameaçadas pela necropolítica do governo fascista. Ele quer acabar com tudo o que diz respeito à defesa da vida, e direitos construídos ao longo de séculos de resistência. Se tornaram usuais cortes drásticos de recursos públicos para a sustentação dos sistemas de educação, saúde e previdência, por exemplo.

À luta por conquistar o espaço estratégico da presidência da república, é importante somar desde já, a constituição da auto-organização dos movimentos das periferias, dos pretos, indígenas, acadêmicos, das pessoas na rua, e todas as comunidades que se sintam em contrariedade com a atual política, e onde for que estiverem. Nas diversas e diferentes estéticas de se organizarem e expressar suas vontades no contexto social e afetivo. Sejam os Comitês Populares de Luta pela Saúde, ou grupos de teatro e música, as várias artes e tipos de manifestação, direcionados sempre para a construção e defesa da vida, da democracia e do SUS.

Niterói, 08 de outubro de 2022.

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Emerson Merhy, Túlio Franco, Ricardo Moebus e Cléo Lima


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