A hipocrisia nossa, todos os dias…

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Não existe discurso mais hipócrita, falso e canalha do que o do “anti-imperialismo”.

A tal esquerdinha anti-imperialista não é contra imperialismo, mas apenas contra o imperialismo do mal, contra o que ele não gosta, não concorda.

Essa imagem de um stalinista que por alguma razão conseguiu alguma fama defendendo gulags e a eliminação adversários (ao ponto de ser defendido até por trotskistas que ele não hesitaria em matar) enquanto tuíta furiosamente da casa da mamãe, ilustra de forma espetacular o argumento.

Da mesma forma a defesa apaixonada que essa escumalha faz da Rússia se encaixa na mesma lógica. Se colocam contra o “imperialismo da OTAN e dos EUA”, mas se colocam ao lado do imperialismo russo que invadiu um país soberano, comete crimes de guerra, limpeza étnica e genocídio (inclusive sequestrando crianças) e que tem desejos expansionistas que já ameaçam Moldova.

A China é uma ditadura que comete genocídio contra Uigures e Tibetanos, que comete limpeza étnica, que coloca milhares de pessoas da minoria étnica uigur em campos de concentração e reeducação. É uma ditadura onde seus defensores tupiniquins sequer poderiam usar o Twitter que tanto amam para defender o regime, porque a rede é proibida por lá.

Claro, eles não se opõem ao imperialismo chinês, pelo contrário, defendem com unhas e dentes, inventam mil argumentos e fazem todo contorcionismo possível para justificar a destruição da indústria nacional e o controle absoluto da China sobre o mercado brasileiro. Confiam no bom coração dos membros do regime totalitário chinês.

Na verdade eles defendem um imperialismo ainda mais cruel e totalitário do que o que repudiam quando se trata dos EUA, Europa e afins.

Para eles o imperialismo americano é ruim, já o imperialismo chinês? TESÃO! É imperialismo com amor!

E depois querem que levemos essas figuras a sério.

A HIPOCRISIA DE CADA DIA

Os seres humanos são hipócritas. Essa é uma regra universal. E em geral eles estão de olho em seus próprios interesses e tem seus próprios objetivos e moldam seus discursos e crenças para perseguir esses interesses/objetivos.

O problema é quando também tentam moldar a realidade. Ou acham que ninguém vai notar quando seus discursos mudam tanto ao ponto de ficarem indistintos dos que até outro dia criticavam.

Sérgio Moro esta(va) sob a mira do PCC. A ameaça é real – quem diz isso é a PF cujo chefe é o Flávio Dino. Eu não tenho qualquer simpatia pelo ex-juiz, pelo contrário, mas espero que as ameaças sejam investigadas a fundo e que ele receba a proteção necessária da polícia.

Os petistas, por outro lado, adotaram o mais puro discurso bolsonarista com Lula duvidando da investigação da Polícia Federal e dizendo que a ameaça contra Moro é uma farsa. É a história da “facada foi uma farsa” parte 2. É um discurso canalha e perigoso.

E estamos falando não de um militante maluco, mas do presidente Lula espalhando teoria conspiratória e de quebra duvidando da própria PF.

Na internet e na TV (vide Pedro Cardoso na CNN) a militância petista animada se dividiu entre repetir o discurso criminoso de Lula e virtualmente comemorar que Moro possa ser um alvo – ou, como o Cardoso, reclamou que, pasme, a mídia deu atenção ao caso por Moro ser uma pessoa ruim.

Oras, que eu saiba quem defende os direitos humanos não faz uma análise moral sobre quem é ameaçado, quem tem seus direitos violados ou ameaçados. A defesa dos direitos humanos vale para todos, senão o discurso é, novamente, bolsonarista: “Direitos humanos para humanos direitos”.

É absolutamente irrelevante se Moro é uma boa pessoa (não é) se ele é honesto e decente (tampouco). O que importa para quem REALMENTE defende direitos é que ele é um ser humano sob ameaça. Lula e Pedro Cardoso parecem esquecer disso.

O fato é que boa parte da militância petista e de esquerda é indistinta de qualquer bolsonarista – seu único interesse é o de avançar as próprias agendas e qualquer discurso, inclusive o da dignidade humana e dos direitos humanos, é apenas recurso argumentativo para agregar e convencer, mas no fim não significa nada.

CENSURA DE VOLTA

E a censura voltou com tudo no Brasil. E novamente juntando velhinhas católicas e esquerdinha identitária. Ambos apavorados com o que não entendem. Puro pânico moral de quem se arvora no direito de impor sua ignorância ao conjunto da sociedade – ou mesmo a um pequeno grupo que tem o DIREITO de curtir sua música livre de gente ignorante apitando alguma coisa.

Show do Mayhem cancelado no DF. Pura e simples censura. Ou você tem PROVAS ou… não se mete. “Há evidências”… E daí? Evidências você acha do que quiser. “Ah, mas a banda é complicada”. Sem dúvida, e outras tantas também são – muitas por pura ignorância do interlocutor, caso do Rammstein, outras por provocação, como era a Siouxie usando suástica ou o próprio nome do Joy Division.

A decisão mostra total desconhecimento sobre o metal. Se forem se basear em letras/visual não toca mais nenhuma no Brasil.

Morte, assassinato, suicídio, canibalismo, depressão, satanismo, etc são temas corriqueiros de bandas de metal extremo – não como apologia, mas como forma de EXTRAVASAR. Aliás, salvo exceções (o próprio Mayhem dos primórdios) metaleiro é o povo mais pacífico que existe.

Uma música que eu ouvi muito durante minha adolescência, da banda carioca Maldita, falava sobre necrofilia. Não, ninguém da banda era necrófilo, os fãs não eram. Era apenas… arte. Você não precisa gostar, mas não tem o direito de censurar expressão artística com base em “não gostei” ou “tem evidências”.

Evidências do que, cara pálida?

Isso é um ataque direito à comunidade do metal e à liberdade de expressão no Brasil.

PS: Esperando a mesma turma que corretamente se escandalizou com a censura do Crivella na Bienal do Livro contra uma revista em quadrinhos se revolte contra essa censura absurda. Esperando sentado, claro.

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