27/05/2024 - Edição 540

Legislativo

Em discurso “terraplanista”, vereador Sandro Benitez pede intervenção militar

Em cima de um trio elétrico, ele pediu "ajuda" de general do CMO para evitar posse de Lula e destruir a democracia

Publicado em 03/11/2022 4:41 - Semana On

Divulgação Reprodução

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O vereador de Campo Grande Sandro Benites (Patriota), derrotado ao tentar vaga na Assembleia Legislativa no pleito deste ano, participou da mobilização em frente ao CMO (Comando Militar do Oeste) na última quarta-feira (2) para pedir o apoio do Exército e evitar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

De cima de um trio elétrico, o parlamentar puxou coro pedindo ajuda de um general para que o resultado das urnas não fosse validado, classificando o presidente eleito com 50,9% dos votos válidos como “ladrão” e “narcotraficante”.

“Nós campo-grandenses patriotas, humildemente, pedimos socorro. Nos livre desse mal. Juntos, não aceitamos ser governados por ladrão, por narcotraficante, nos ajude general. É o que pedimos hoje em nome da pátria. Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”, gritou Sandro Benites em frente ao quartel.

A fala do vereador, que foi compartilhada em suas redes sociais, repercutiu entre os colegas e foi rechaçada pelo presidente da Câmara, vereador Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), que classificou o parlamentar como golpista, em áudio enviado em um grupo com membros do legislativo municipal.

“Isso foi uma coisa que você fez como ato pessoal seu. E não pode incluir a Câmara, isso é um pensamento de golpe, golpista seu. A Câmara não vai autuar desta maneira. O poder legislativo respeita a democracia, se tenho um mandato foi porque fui eleito e as pessoas respeitaram a minha eleição e a sua também”, reprimiu Carlão.

O presidente da Câmara disse que conversou pessoalmente com o vereador na manhã de hoje (3) e explicou que caso houvesse um golpe militar, todos os mandatos assumidos de forma democrática seriam cassados, não apenas o do novo presidente eleito.

“Expliquei que vivemos em uma democracia, mas quando você pede um golpe militar você fica ciente de que o seu mandato, que em nosso caso é de vereador, mas também os deputados, senadores, governadores e prefeitos seriam todos cassados. Porque o golpe militar cassa a democracia e não anula apenas a eleição do Lula ou do Bolsonaro”, disse Carlão, garantindo que não há previsão de nenhum pedido de cassação contra o vereador por conta de suas falas. “As urnas são soberanas e tem que ser respeitadas”, concluiu.

Em áudio que começou a circular nas redes sociais na manhã de hoje, o presidente da Casa de Leis disse ao parlamentar que é preciso respeitar a democracia. “A Câmara é um poder legislativo que respeita a democracia. Se eu estou na Câmara é porque fui eleito e os outros respeitaram minha eleição. Respeitaram a sua também”, afirmou no áudio.

O vereador André Luiz (REDE), informou que irá fazer uma representação na Casa de Leis para pedir a cassação do parlamentar por crime federal. “Vou fazer uma representação junto com Tribunal Superior Eleitoral, ao Tribunal Regional Eleitoral de MS e ao Ministério Público Federal e vou pedir uma representação na comissão de ética da Casa”, afirmou o parlamentar. E completou: “Fiquei indignado com a situação porque uma coisa é você apoiar o presidente e outra coisa é você pedir uma intervenção militar”, concluiu.

Na sessão de hoje a vereador e deputada federal eleita, Camila Jara, disse que a Câmara precisa cobrar posições dos demais de poderes em relação à quem pede intervenção militar “Precisamos deixar claro que democracia se faz com mais democracia”, afirmou Camila.

A Câmara Municipal estipulou um prazo até terça-feira (8) para que o parlamentar se retrate e evite um pedido de cassação de seu mandato.


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