Eles em Nós
A melhor parte do que somos e até do que sonhamos ser deve muito a ele
Publicado em 30/12/2022 1:30 - Idelber Avelar
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A melhor parte do que somos e até do que sonhamos ser deve muito a Pelé. Nos deixou Édson Arantes do Nascimento. Pelé é imortal, está entre nós como sempre esteve. Resta-nos ser digno do legado dele. RIP, Rei Eterno.
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Em uma de suas fotos mais emblemáticas, criou-se uma daquelas obras de arte involuntárias mas alegóricas: o suor na camisa canarinho formou um coração perfeito no peito de Pelé.
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A foto é de Luiz Paulo Machado, que fazia um frila para a Placar. A data é 6 de outubro de 1976, amistoso beneficente entre a Seleção e o Flamengo, depois da morte abrupta do jogador Geraldo.
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Foram lindos os tuítes de Lula de despedida a Pelé. Mostram sentimento real e foram claramente escritos por ele próprio.
É um alívio: independente de qualquer briga política, em três dias voltamos a ter um chefe de Estado que honra nossos/as grandes quando eles/as nos deixam.
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Pelo mundo.
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Aí vai, para guardar, com a estupefata narração inglesa, o maior não-gol da história do futebol. Estádio Jalisco, 17 de junho de 1970, Brasil 3 x 1 Uruguai.
O jogo já estava definido quando Tostão fez o passe perfeito ao ponto futuro para Pelé, que vinha de trás. A bola corria na diagonal, da esquerda para a direita. Pelé também corria na diagonal, da direita para a esquerda.
Naquela fração de segundo em que todas as informações ficavam disponíveis apenas para o cérebro de Pelé, ele percebe que o encontro das duas diagonais, dele e da bola, aconteceria naquele ponto em que estaria Mazurkiewicz–que ainda não era o goleiro do Galo, mas já era o maior goleiro do mundo–, que corria em linha reta.
Pelé soube, em fração de segundo, que se ele deixasse a bola passar na diagonal, seguindo sua trajetória, isso congelaria o corpo de Mazurka: “vou na bola ou vou em Pelé?”
Pelé sabia que esse instantâneo congelamento do corpo de Mazurka lhe daria tempo e espaço para dar a volta em torno do goleiro, pegar a bola do outro lado e fazer o gol.
E assim se fez. Exceto que a bola passou a uns poucos centímetros da trave.
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Sensacional.