20/05/2024 - Edição 540

Ágora Digital

Para o fascismo, apenas o rigor da Lei

O jornalista Victor Barone avisa: a disputa é entre democratas e tiranos

Publicado em 28/10/2022 7:25 - Victor Barone

Divulgação Victor Barone - Midjourney

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Não há comparação entre os governos Lula e Dilma e o governo Bolsonaro quando o assunto é o respeito ao estado democrático de direito.

Uma presidente foi deposta por motivos extremamente questionáveis, outro foi investigado e preso. Em nenhum momento, o Estado Democrático de Direito foi ameaçado. Nos últimos quatro anos, sob Bolsonaro, observamos ameaças diárias à democracia, feitas pelo presidente, seus filhos, a ala militar e por aqueles que com seu silêncio endossam o totalitarismo.

Não há nada mais equivocado e perigoso do que equiparar o discurso bolsonarista de ódio e o discurso lulopetista que, historicamente, usou a dicotomia “nós e eles” para afirmar-se enquanto força política.

Ambos os discursos dividem a sociedade. A diferença é que Lula sempre apostou na luta política feita no campo das ideias, enquanto Bolsonaro sempre patrocinou a violência moral e física contra opositores.

A primeira opção, tenha-se a crítica que for sobre ela, é parte do jogo democrático. A segunda, é estratégia histórica dos totalitarismos.

Nós, que compreendemos a importância da democracia, sejamos de esquerda ou direita, não podemos cair na armadilha de normatizar a brutalidade.

Os democratas não têm o direito de fechar os olhos para o avanço do fascismo.

Para os fascistas não pode haver tergiversação, apenas a força da Lei.

POLÍTICA PARTIDÁRIA?

Quem está falando de política partidária aqui?

Não estamos falando de política partidária.

Estamos falando de civilização contra a barbárie.

Ciência contra o obscurantismo.

Democracia contra o totalitarismo.

Pluralidade contra os preconceitos.

Inclusão contra a exclusão.

Humanidade contra a violência.

Quem vê nestas lutas necessárias apenas uma “bandeira vermelha” tem graves problemas de discernimento sóciopolítico, ou é mau-caráter mesmo.

COMO VOTAR NELE?

Como votar em um candidato a presidente que ataca a democracia e as instituições;

que demoniza a imprensa profissional;

que atua pelo enfraquecimento de garantias e direitos dos trabalhadores;

que defende uma política ambiental baseada na devastação de florestas;

que nega a ciência;

que elenca a educação pública como inimiga;

que elenca a saúde pública como adversária;

que menospreza a ciência e a pesquisa em detrimento do senso comum;

que trata os povos originários como um estorvo;

que é racista;

que é misógino;

que é homofóbico;

que prega a violência;

que quer armar a população;

que trata a política externa como bate boca desqualificado de botequim;

que prega a despolitização e alienação da juventude;

que enfraquece a participação popular;

que prega a tortura e a barbárie;

que espezinha o Estado Laico;

que nega a história do próprio país;

que prega a exclusão;

Como…?

BOLSONARO NÃO É CULPADO: O CULPADO É VOCÊ

Bolsonaro, não é o culpado!

O culpado, é o meu parente, o meu vizinho, o meu amigo… O culpado, é o teu parente, o teu vizinho, o teu amigo.

O atual presidente, sempre defendeu a ditadura e a tortura… Sempre defendeu a sonegação de impostos. Sempre foi racista, homofóbico, xenófobo e preconceituoso.

Não tinha plano de governo. Nunca foi sociável, não compareceu a um debate sequer. Ele sempre foi assim, sempre!

O verdadeiro culpado, é o meu parente, o meu vizinho, o meu amigo….

Ele disse sempre que não entendia de economia. Ele sempre chamou índios e quilombolas de vagabundos. Ele sempre falou, que se eleito, índios não teriam um centímetro de terra e que a Amazônia não era do Brasil.

Sempre defendeu a caça de animais selvagens, e a liberação dos agrotóxicos. Várias vezes, demonstrou que não gostava do povo e fez várias manifestações contra os pobres.

Defendia abertamente, que a mulher deveria receber um salário menor que o do homem.

E mesmo assim, a tua parente, a tua vizinha e a tua amiga votaram nele.

Ele sempre foi contra a educação pública. E mesmo assim, a minha amiga, que é professora, votou nele. Sempre foi contra a quase tudo que é público, e mesmo assim o meu vizinho, funcionário da CEF, votou nele. Ele não sabe conversar, e mesmo assim, o meu parente metido a “intelectual” votou nele.

Ele se diz Cristão, mas defende armas, grupos de extermínio e passou os últimos quatro anos apontando arminha, para todos os lados.

E os meus parentes, vizinhos e amigos que não saem da igreja e que pra tudo dizem: “glória a Deus, Graças a Deus, Aleluia e em Nome de Jesus”, votaram nele.

Por Fernandes Ferrer

NÓS AVISAMOS

Lembrando de 2018, quando avisávamos que a democracia estaria em risco com a vitória de Bolsonaro e éramos tratados como “doidos” e “histéricos”. Não deu outra.

Quem imaginaria que hoje o debate nacional estaria girando exatamente sobre o questionamento a respeito das urnas eletrônicas (com base em fakenews e desinformação) e a possibilidade de um presidente não aceitar o resultado das urnas e interromper o processo democrático, não é?

Quem diria… que baita surpresa…

Há três tipos de escrotos nesta turba de analfabetos morais:

1) Os que continuam relativizando o perigo do bolsonarismo, como se nada estivesse acontecendo.

2) Os que simplesmente negam que este perigo exista.

3) Os que torcem mesmo para o rompimento das instituições: ou por serem totalitários de fato, ou por serem analfabetos políticos, ou ambos.

MINORIA RAIVOSA

O bolsonarismo raiz imagina que o seu grupinho de whatsapp representa a “sociedade brasileira”. Não percebe que o Brasil é muito maior do que a minoria estridente que apoia ataques à democracia, enfraquecimento das instituições, etc, etc, etc. Não entende que seres humanos não são como gado, para quem o mundo se resume ao cercado onde pasta, que há todo um universo para além das cercas.

LUNÁTICOS

O Brasil tem sido governado por uma gangue ideológica, por um bando de aloprados, por uma turba de oportunistas e mistificadores. Torna-se obrigação moral de todos os democratas separar o joio do trigo. É preciso isolar em sua própria loucura esta gente que tergiversa, que relativiza este horror. São tão ruins quanto os protagonistas deste espetáculo tétrico.

Vão se foder prá lá.

UM NADA

Uma projeção gigante, de 76 metros de altura, cobriu um dos edifícios mais altos de Manhattan, em Nova York, nos EUA, dando adeus a Jair Bolsonaro (PL) em sete idiomas e denunciando a “crime family”, família criminosa, em inglês. As imagens foram projetadas por ativistas na noite de quinta-feira (27), faltando três dias para as eleições no Brasil.

TERCEIRO TURNO

O terceiro turno começou antes do término do segundo. Na reta final, período em que deveria se concentrar na busca de votos de indecisos, Bolsonaro procura confusão. Como as Forças Armadas não encontraram duendes dentro das urnas eletrônicas e o Capitólio de Roberto Jefferson acabou em Bangu 8, o capitão e sua tropa aloprada fabricaram o “radiolão”, uma fábula radiofônica. O que não se supunha é que a campanha de Bolsonaro seria terceirizaria para as Organizações Tabajara, célebre criação do humorista Bussunda. Alexandre de Moraes, o Xandão do TSE, rejeitou a ação da campanha de Bolsonaro, desqualificou a pretensa auditoria e qualificou a manobra tabajara de “crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito em sua última semana”. Incluiu o caso no inquérito sobre milícias digitais, relatado por ele no Supremo Tribunal Federal. Denunciantes viraram investigados.

Por Josias de Souza

https://www.youtube.com/watch?v=OrIXm61XMdY&t=107s

TÁ TUDO CALMO

Um general da reserva, morador da Barra da Tijuca, no Rio, saiu, ontem, no fim da tarde para “tomar pé da situação”. Foi o que disse à família. Procurou antigos colegas para saber se o boato de golpe procedia. Àquela altura, Bolsonaro voava para Brasília.

Passadas algumas horas, que para a família pareciam intermináveis, voltou para casa, abriu uma garrafa de vinho, e comunicou: “Tudo calmo. Não temos porque nos preocupar”.

O general foi um dos professores de Bolsonaro na Academia Militar de Agulhas Negras. Quem foi professor de Bolsonaro não vota nele.

Por Ricardo Noblat

O NEGÓCIO DO JAIR

Todo empreendimento, para funcionar bem, precisa ter um organograma, uma detalhada organização de tarefas. A família Bolsonaro atua na política como se tal atuação fosse um empreendimento. No topo da organização, está o presidente Jair Bolsonaro. E abaixo seus três filhos com mandato parlamentar. Em O Negócio do Jair – A História Proibida do Clã Bolsonaro, a jornalista Juliana Dal Piva relata como Bolsonaro valeu-se da política, colocando também nela seus três filhos mais velhos, para fazer com que seu patrimônio e o de sua família crescessem de um automóvel Fiat Panorama e uma linha telefônica, quando se elegeu pela primeira vez vereador, para a posse de 107 imóveis, dos quais 51 comprados, pelo menos em parte, com dinheiro vivo.

PAU NELES

Uma cena impensável até outro dia. Um casal bolsonarista, vestido com camisas da seleção brasileira, começou a provocar frequentadores do tradicional restaurante Martin Fierro, localizado na Vila Madalena, tradicional bairro de classe média na capital paulista.

A EX

Ex-esposa de Eduardo Pazuello, a dentista Andréa Barbosa falou sobre as ações do ex-marido quando ele ocupava o cargo de ministro da Saúde. Segundo Andréa, o ex-ministro deu festas enquanto estava na cidade para acompanhar a calamidade pública causada pela falta de oxigênio, em janeiro de 2021.

FICHA LIMPA

Idealizador da Lei da Ficha Limpa, o ex-juiz eleitoral Márlon Reis declarou apoio ao ex-presidente Lula (PT) na quinta-feira (27). Em publicação no Twitter, o ex-juiz afirmou que votará por suas filhas e “pelas vítimas de todo tipo de ódio e preconceito”.

FRASES DA SEMANA

“A melhor vacina que existe é pegar a doença. Todo mundo sabe disso. Em todas as doenças é assim”. (Onyx Lorenzoni, candidato bolsonarista ao governo do Rio Grande do Sul, ao responder sobre o descaso do governo federal com a pandemia da Covid-19)

“Peço a Nossa Senhora Aparecida que proteja e cuide do povo brasileiro, que o livre do ódio, da intolerância e da violência”. (Papa Francisco)

“Os eleitores do Brasil têm uma oportunidade valiosa para começar a reconstruir o que Bolsonaro demoliu. Se Bolsonaro conseguir mais quatro anos, os danos poderão ser irreparáveis”. (Nature, uma das mais influentes revistas científicas do mundo)

“A campanha mais baixa da história que eu já tenha visto”. (Bolsonaro, quando assistia em um restaurante popular de Brasília o programa de propaganda de Lula)

“Não tem uma foto com ele. Não tem nada.” (Bolsonaro, mentindo depois que o ex-deputado Roberto Jefferson, cuja prisão foi decretada pela justiça, reagiu atirando granadas em agentes da Polícia Federal. Para Bolsonaro, bandido bom é bandido morto, mas bandido amigo dele, não)

“Aos evangélicos que não se deixam influenciar facilmente, digo: vocês estão sendo enganados e ludibriados. Sei do que estou falando. Conheço muita gente que está sendo ‘intoxicada’ pela lenga-lenga bolsonarista”. (Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal)

“Quando se diz que “pintou um clima”, isso é crime. É pedofilia. O lugar de pedófilo é na cadeia. Eu não tenho medo, já chamei o presidente de covarde, não tenho medo de dizer que ele cometeu um crime”. (Simone Tebet, PMDB, sobre o caso de Bolsonaro com meninas venezuelanas)

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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