20/05/2024 - Edição 540

Ponte Aérea

O problema é muito maior que o “antipetismo”

Lulopetismo queria um cheque em branco... e não conseguiu

Publicado em 04/10/2022 2:56 - Raphael Tsavkko Garcia

Divulgação Reprodução

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O PT apresentou alguma proposta que não fosse “lembrem o que eu fiz quando era presidente”? Não. Nem programa de governo o PT divulgou! E isso é, logo de início, um tremendo desrespeito com o eleitor. O PT queria um cheque em branco… e não conseguiu.

O PT se resumiu a tentar relembrar o passado – que de fato funciona no Nordeste, mas é duvidoso em outras partes – e a bater no Bolsonaro.

Tinha, claro, que bater, mas precisava também mostrar o que faria diferente, qual o diferencial do partido. Porque alguém deveria trazer Lula de volta apesar de tudo que o PT fez (e o PT pode achar Dilma maravilhosa, mas o país não concorda), de toda corrupção, de toda soberba – mais que presente nessas eleições.

Aliás, colocarem Dilma pra discursar em carro de som e em palanque com o Lula foi uma decisão temerária. O PT precisa entender que precisa agradar ao povo e não impor figuras cuja memória reforçam o antipetismo. Campanha não é momento de tentar reabilitar político que caiu em desgraça (e por méritos ou deméritos próprios).

Esse era também o problema de puxar pela memória: Lula faz muito tempo, Dilma é mais próxima e a população não tem boas lembranças do governo Dilma, que foi realmente um desastre e abriu as portas pro que temos hoje – depois com o tal “segundo turno ideal” e afins…. E olha que eu concordo que o Lula fez um governo mais que decente, mas Dilma no meio mata qualquer memória e boa vontade.

E eu não credito tudo ao “antipetismo” não. Ele existe, ele é forte, mas não podemos considerar que Bolsonaro elegeu uma bancada impressionante e mostrou-se muito mais forte nas urnas do que previam as principais pesquisas apenas porque “o povo não gosta do PT”. O problema é MUITO mais profundo. Passa muito mais por concordâncias com agendas como a Damares do que puro repúdio ao PT – ou, na verdade, passa pelo repúdio ao PT também com base na diferença abissal de agendas.

E uma coisa notável é ver como o PT envelheceu. A figura mais nova de relevância é o Haddad, que é incrivelmente ruim de voto. O PT se esforçou tanto pra cooptar e controlar movimentos sociais e sindicais (com direito a aplausos à violência em 2013) que no fim matou qualquer possibilidade de surgir nova liderança para renovar o partido.

Não que não exista uma liderança aqui ou ali, mais jovem, mas são fenômenos locais e dificilmente se tornarão nacionais caso ameacem a hegemonia incontestável de Lula e de seus apadrinhados.

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Raphael Tsavkko Garcia


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