11/05/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

Lula errou em debochar do atentado contra Moro? Administrativamente sim. Politicamente talvez não

Lula busca eleger um adversário fraco e aquecer suas bases, mas perde oportunidades de governar com isso

Publicado em 27/03/2023 10:56 - Rafael Paredes

Divulgação Reprodução

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Todos querem que o presidente da República foque em governar, fazer as reformas necessárias e resolver os problemas do país da melhor forma possível. Porém, na semana passada o presidente Lula fez falas que, a princípio, pareceram debochadas, equivocadas e vindas do fígado. Lula pareceu perder a oportunidade de ficar calado e governar. Mas será mesmo?

As falas controversas de Lula ocorreram em uma sequência de fatos desastrosa. No dia 21 de março, o presidente deu uma entrevista ao vivo ao site “Brasil 247”, se sentiu muito a vontade, chorou e afirmou que tinha vontade de f… o ex-juiz, ex-ministro e hoje senador Sérgio Moro (UNIÃO BRASIL – PR). No dia seguinte a Polícia Federal colocou nas ruas uma operação para desbaratar um plano do PCC para assassinar Moro. No dia 23, Lula debochou da operação e afirmou a possibilidade de tudo ter sido uma farsa do ex-juiz que o condenou.

Primeiro tende-se respeitar muito um homem único no Planeta. Um político que foi presidente por duas vezes em seu país, saiu da Presidência com mais de 80% de aprovação, elegeu sua sucessora, foi preso e depois foi eleito novamente presidente tem que ser levado em consideração. Este homem pode estar enxergando algo que nem todos estão, então, vai aqui uma hipótese: Lula pode estar elegendo um adversário para esse período político.

O senador Sérgio Moro é inegavelmente o adversário político mais fraco. Moro tem um ego de doberman em uma estatura política de um pinscher. Ele se expressa mal, fala mal, não tem estratégia, faz movimentos erráticos, achou que poderia ser ministro do Supremo, depois presidente, depois senador por São Paulo. Acabou eleito pelo Paraná unicamente porque se associou ao então presidente Jair Bolsonaro.

Seguindo por exclusão de adversários, o mais forte deles é Bolsonaro. O ex-presidente tem algo que Lula também tem: gente discutindo, brigando e defendendo seu nome em bares, restaurantes, farmácias e postos de gasolina. Moro não tem isso. Como o ex-capitão estará inelegível em 2026, mas provavelmente lançará como candidato um membro do clã, um filho, a ex-primeira-dama… O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, muito provavelmente tentará a reeleição, que é algo mais garantido sendo que não terá padrinho forte como teve em 2022. Outro possível adversário é o governador de Minas Gerais Romeu Zema (NOVO). Sérgio é o mais fraco.

Se tem uma coisa que Bolsonaro ensinou a todos nesses últimos quatro anos é que é possível quase ganhar uma reeleição fazendo um governo horrível e mortal. A estratégia é aquecer as bases e isso ele faz muito bem. Manter a manada mobilizada quase levou o país a reeleger o pior presidente da história. Talvez Lula tenha apreendido essa lição. Isso frustra quem quer ver o presidente governar, mas Bolsonaro inaugurou a era de que não é mais preciso governar para ser competitivo.

Sobre as investigações que impediram o ataque contra autoridades brasileiras é preciso deixar claro alguns pontos: primeiro, Moro não era o alvo número um do PCC, o crime organizado queria eliminar o promotor Lincon Gakyia; segundo, a operação foi um resultado da inteligência da Polícia Federal, mostrando que é assim que se combate a criminalidade. Agora ficou algumas dúvidas no ar: se o principal alvo dos ataques planejados era de São Paulo e tinham outros alvos de outros Estados, por que a operação foi deferida por uma juíza de Curitiba, amiga íntima de Sérgio Moro e com um time tão perfeito para a oposição? O tempo dirá.

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Rafael Paredes


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Uma resposta para “Lula errou em debochar do atentado contra Moro? Administrativamente sim. Politicamente talvez não”

  1. Adélia LP Ardenghi disse:

    Tem sentido,o que não pode é paralisar o governo!

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