12/05/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

Lula acerta com o Senado e o STF contra uma Câmara bolsonarista

Vai adiantar entregar o Ministério do Turismo para o Centrão? Não sei... O que são mais 40 votos em um universo de 513?

Publicado em 16/06/2023 12:51 - Rafael Paredes

Divulgação

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Havia uma expectativa muito grande para a troca no Ministério do Turismo para esta semana. Sairia a deputada federal evangélica mais votada do Rio de Janeiro, Daniela Carneiro (ainda no UNIÃO) e entraria o deputado federal até ontem bolsonarista Celso Sabino (UNIÂO-PA). Sabino já vem se comportando e sendo chamado de ministro. A previsão era que ele se tornaria ministro na quinta-feira (15). Não aconteceu. Mas pode acontecer. Vejamos.

Saiu das eleições de 2022 um número muito grande de parlamentares ou bolsonaristas raiz ou de um Centrão muito ligado ao atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Porém, em quanto na Câmara dos Deputados a eleição de quatro em quatro anos é geral, no Senado, apenas um terço foi renovado. O Senado também teve uma avalanche de eleitos bolsonaristas, mas em uma proporção muito menor.

O Governo do presidente Lula vem tendo muitas dificuldades na Câmara dos Deputados. Vem acumulando sucessivas derrotas para a oposição, como a do Marco Temporal, a mudança na configuração dos Ministérios dos Povos Indígenas e do Meio Ambiente, dentre outras. Já no Senado o caminho está mais facilitado. Lula calculou que o diálogo com os senadores seria mais ameno e apostou todas as suas fichas na Casa. O presidente utilizou duas crenças para a construção desse relacionamento: a experiência de seu primeiro mandato, quando também costurou apoio mais facilmente no Senado; e a compreensão de que geralmente os senadores são mais velhos, com mais vivência de máquina pública, ex-governadores que entendem o diálogo pela política.

Seguindo essas diretrizes, o Governo contemplou o Senado na composição dos seus ministérios, deixando a Câmara escanteada. Lula também trabalha com uma possível boa vontade do Supremo Tribunal Federal (STF). A cúpula do Poder Judiciário já estava muito machucada com os ataques que sofreu nos últimos quatro anos e, depois do dia 8 de janeiro, o STF ficou traumatizado com qualquer iniciativa que pareça antidemocrática.  O presidente trabalha com uma conta de três a um: Executivo, Judiciário e Senado de um lado, Câmara dos Deputados de outro.

A Câmara é inegavelmente muito importante. É lá que um processo de impeachment pode ser aberto e aceito. Mas só no Senado um presidente pode ser cassado. Também é pelo Senado que importantes indicações do presidente passam, como por exemplo de futuros ministros do Supremo, como é o caso do advogado Cristino Zanin; diretores do Banco Central, como é o caso do economista Gabriel Galípolo; embaixadores; o próximo procurador Geral da República, etc.

Talvez seja por essa conjuntura que o presidente Lula ainda não tenha demitido a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, a Daniela do Waguinho – prefeito de Belford Roxo e único aliado de Lula na região nas eleições do ano passado.  Daniela está de malas prontas para migrar do União Brasil para o Republicano, é a terceira maior bancada da Câmara com uns 50 parlamentares. Lula conta com fieis apenas 130 votos na Câmara dos Deputados. O União Brasil está prometendo mais 40. Será que a troca vai valer a pena?

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Rafael Paredes


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