11/05/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

Gente, o Bolsonaro e os generais iriam dar um golpe de Estado? “Estou passada, chocada”

Boitatá, Negrinho do Pastoreiro, Saci Perere, Boto Cor de Rosa, Generais Legalistas...

Publicado em 09/02/2024 11:09 - Rafael Paredes

Divulgação Presidência da República

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A operação do Polícia Federal deflagrada sob o nome de Tempus Veritatis ocorre alguns dias depois de duas outras operações transcorridas no final de janeiro. A primeira mirou o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e hoje deputado federal, Alexandre Ramagem. A segunda foi com foco no filho 02 do ex-presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (REPUBLICANOS). Esta, tinha como intenção investigar as milícias digitais que espalham fakenews por aí para fomentar a descrença no sistema eleitoral brasileiro. Aquela visava investigar a existência de uma ABIM paralela, que colocava detetives na cola de desafetos do então presidente em um claro desvio de função.

Todas essas operações começaram a fazer uma aproximação do núcleo familiar, político e militar do governo anterior. As investigações estão no âmbito das apurações sobre os atos antidemocráticos. O povo brasileiro já conferiu operações que miravam o núcleo de determinado governo que acabaram com a prisão de um presidente. Porém, naquele caso parecia que já existiam culpados e as ações do Ministério Público visavam encontrar os crimes. O que aparentemente está ocorrendo agora é a busca de provas contra idealizadores, incitadores, agentes, financiadores, interessados em crimes que acompanhamos televisionados e em tempo real.

A partir da proclamação da vitória do presidente Lula em 30 de outubro de 2022, uma parcela organizada, homogênea e bem específica da população fechou rodovias e montou acampamentos em frente aos quartéis. No dia do diplomação do presidente Lula, 12 de dezembro do mesmo ano, a mesma turba, com técnicas militares, incendiou carros, tentou jogar um ônibus do viaduto como também invadir a sede da Polícia Federal em Brasília. Ainda na capital federal, uma bomba foi encontrada no aeroporto de Brasília no dia de Natal e bolsonaristas foram presos pela intensão terrorista. Nas outras ocasiões, ninguém foi preso. “Tem que ser muito branco e classe média para tentar invadir a sede da PF e não ser preso, né?”

Todas essas ações desembocaram no Dia da Infâmia, 08 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas invadiram e depredaram a sede dos Poderes da República sob o olhar plácido da Polícia Militar do Distrito Federal. Falo porque sei. Eu estava lá e vi, mas todo mundo também viu pela televisão. Porém, acompanhar no local a facilitação do que foi o 8 de janeiro é ainda mais chocante. Já acompanhei de perto manifestações de mais de 150 mil pessoas e essas não chegavam nem perto do STF, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto. Apenas a conivência explica o que aconteceu com uma ação de menos de sete mil pessoas.

Todas essas ações foram orquestradas, organizadas e financiadas com claro objetivo de ruptura institucional e abolição violenta do estado Democrático de Direito. Os crimes foram televisionados, amplamente cobertos pela imprensa, os executores tiraram selfies, se filmaram e produziram farto arcabouço de provas contra eles mesmos. Mas, por obvio esse movimento golpista não foi espontâneo. Haveria um grande beneficiário: o derrotado nas eleições. No período que antecedeu as eleições este fomentou o discurso de descrença no sistema eleitoral e nas instituições. Agora a PF encontra documentos preparatórios para o golpe de estado na sede do partido do ex-presidente e nos celulares de assessores e generais próximos.

A Polícia Federal tem imagens, áudios e mensagem que incriminam determinados generais e, supostamente, livram outros. O folclore brasileiro ganha mais um personagem: o General Legalista. Aquele que recebe o convite para participar de um golpe de estado e, ao invés de prender o interlocutor, leva a possibilidade para a alta cúpula das Forças Armadas decidir. Neste momento, documentado, aquilo que tinha cheiro de golpe, cara de golpe, rabo de golpe, pele de golpe e fivela, chapéu e coturno de golpe já pode ser chamado de golpe de Estado.

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Rafael Paredes


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