11/05/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

Com Bolsonaro inelegível, Lula segue exemplo de Anitta

O presidente petista mira carreira internacional

Publicado em 03/07/2023 10:53 - Rafael Paredes

Divulgação Reprodução

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Há pragmatismo nos sonhos do torneiro mecânico, do retirante nordestino que se tornou presidente. Há um plano para o único homem do mundo que se tornou presidente pela terceira vez por vias democráticas. O projeto de Lula era premiações e cargos internacionais na Organização das Nações Unidas(ONU), mas o governo Dilma e a operação Lava Jato adiaram esse projeto.

Ao terminar seu segundo mandato e eleger a primeira mulher presidente do Brasil em 2010, Lula e o PT começaram a se estruturar para projetos mais audaciosos. Se um pobre trabalhador se tornou presidente da República, por que um presidente da República do Brasil não poderia se tornar secretário-geral da ONU? O partido então contratou assessores e empresas para estruturarem esse projeto. Intelectuais, empresários e militantes também embarcaram na ideia. A imagem de Lula ganhou ainda mais peso, importância e tração internacional.

Os problemas da articulação política do governo Dilma Rousseff, as manifestações difusas de 2013, fizeram parte do Partido dos Trabalhadores repensar o plano internacional e colocar Lula para disputar seu terceiro mandato. Dilma bateu o pé, foi reeleita e logo após a operação Lava Jato fez o estrago que fez. O vice-presidente Michel Temer assume, transmite o cargo para o eleito em 2018, Jair Bolsonaro. E o resto da história do pior governo do país, já conhecemos.

O interessante é que a estrutura criada para consolidar a imagem de Lula internacionalmente não se desfez. Pelo contrário, enquanto Lula e o PT sofriam revezes eleitorais e enfrentavam a maior crise da história do partido no país. A narrativa de que Lula não tinha enfrentado um julgamento justo, que era vítima de perseguição e que Dilma havia sofrido um golpe era muito bem aceita pela imprensa e por líderes internacionais.

O PT, parte da esquerda e do mundo civilizado tiveram de lançar mão de Lula novamente para vencer as eleições. Mas em 2022, não eram apenas eleições partidárias, mas era uma disputa entre a democracia e a barbárie e apenas o petista, do alto de seus 76 anos poderia vencer o discurso de ódio, o derramamento de dinheiro para taxistas, caminhoneiros e mais pobres, as criminosas blitzs da Polícia Rodoviária Federal no Nordeste, o crédito consignado para beneficiários de programas sociais, as ameaças de golpe de Estado e todos os horrores que presenciamos de 2022 até 08 de janeiro de 2023.

Com o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível por abuso de poder político e econômico, com um vice-presidente experimentado, leal e palatável a classe média brasileira e com trânsito no agronegócio, com o ministro do STF, Alexandre de Moraes, segurando na unha a democracia brasileira, a primeira declaração de Lula no dia em que Bolsonaro foi condenado foi: “estou pronto para liderar um movimento internacional contra a desigualdade”.

Lula segue o exemplo da cantora Anitta e se concentra na sua carreira no exterior. Alexandre de Moraes, ex-secretário de segurança de São Paulo na gestão de Alckmin está cada vez mais poderoso. Nada pode surpreender e o Lula e o PT não são culpados por sonhar. Ambos ensinam que os sonhos apenas se realizam com uma dose de pragmatismo.

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Rafael Paredes


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