09/05/2024 - Edição 540

Eles em Nós

Bolsonaro e a milicada

Foi justamente o ‘minúsculo militarista’ quem mais desmoralizou e deixou no lixo as Forças Armadas

Publicado em 23/08/2023 12:46 - Idelber Avelar

Divulgação Arquivo/ Agência Brasil

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Essa é uma ironia óbvia que muita gente já percebeu, mas que não custa assinalar mais uma vez: justamente o político que mais falou em milico e tentou trazer milico para a política, mais representou os interesses corporativos dos milicos nas votações do Congresso, mais tagarelou sobre a “honra” e a “pátria” encarnadas no Exército foi o político que levou as Forças Armadas ao maior vexame de imagem de sua história.

Entre 1964 e 1979, pelo menos, e especialmente entre 1968 e 1975, eles torturaram, sequestraram e assassinaram, mas não é falso dizer que o fizeram com o beneplácito de boa parte da sociedade. O Brasil sempre cultivou a imagem (falsa) de que os milicos podem ser “excessivamente mão dura” ou assassinos, como se prefira chamar, mas são no fundo honrados, honestos, “não roubam”, não são como esses políticos da corrupção, enfim.

Essa corrupção sempre existiu nas Forças Armadas, claro, mas o que faz o bolsonarismo é transformar as figuras mais pilantras, os mais bandidinhos comuns, os mais batedores de carteira do bem público em porta-vozes e representantes da caserna. São eles que sobem, são eles que entram nos esquemas.

Como a lei para qualquer bando de ratos que está abandonando o navio que submerge é o “cada por si”, os cúmplices milicos vão sendo obrigados a se entregar, independente de se fazem delação premiada ou não. Na telenovela brasileira do momento, “quando e se Bolsonaro vai preso”, não é um capítulo menor essa ironia: foi justamente o minúsculo militarista quem mais desmoralizou e deixou no lixo a milicada.

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Idelber Avelar


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