26/04/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

Agências que assessoram a campanha de Bolsonaro não sabem o que fazer

Pesquisas internas apontam para a estabilidade dos candidatos à presidência da República com Lula na frente

Publicado em 03/08/2022 11:20 - Rafael Paredes

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“Devo falar a verdade?”, perguntou um publicitário para seus sócios antes de entrar para uma reunião com assessores do presidente Jair Bolsonaro. A verdade é que pouca coisa mudou nas pesquisas de intenção de voto e o ex-presidente Lula (PT) continua com chance de vitória no primeiro turno. Chances remotas, mas existe.

O projeto das agências era diminuir em 10% a reprovação do governo do presidente até julho e assim aproximar Bolsonaro do petista. Parte da reprovação diminuiu, mas os estrategistas não contavam com dois fatores: a falta de voto no mercado e a reprovação que já existia entre eleitores do próprio presidente. Falta voto e não basta diminuir a reprovação. Muitos dos que votam em Bolsonaro, o fazem por anti-petismo, com medo do fantasma do comunismo, dentre outras fakenews.

Muitos eleitores reprovam o governo, mas indicam voto em Bolsonaro. Desta forma, nada muda como nada vem mudando nas pesquisas. A tarefa é ainda mais difícil porque Bolsonaro tem que tirar voto de Lula, o eleitor tem que migrar de um para o outro. Muito complicado. Ainda mais quando 80% dos eleitores de Lula afirmam que não vão mudar seu voto de jeito nenhum. O mercado de votos outros com André Janones (Avante) 2%, Simone Tebet (MDB) 3% e Ciro Gomes 8% não muda a vida de ninguém. Só do Lula. Um Cirinho basta para fechar a conta em outubro.

Outra estratégia é a aposta na PEC eleitoral, que possibilitou benefícios, ilegais até então em ano de eleições, para tentar reeleger Bolsonaro. A PEC contempla o aumento do  Auxílio Brasil de R$ 400,00 para R$ 600,00, além dos vouchers para caminhoneiros, taxistas e motoristas de aplicativos. Outra aposta perigosa. O que foi criado até agora foi apenas expectativa. A expectativa tem dois caminhos: a euforia ou a frustração.

O novo valor no bolso dos brasileiros mais pobres pode fazer com que o indivíduo sinta um maior bem estar, comprar mais coisas e melhorar a vida. Isso sim é euforia. Porém, essa sensação pode estar mais ligada à memória do governo de Lula com crescimento econômico, crédito e emprego, que R$ 600,00 corroídos pela inflação de dois dígitos dos últimos 12 meses. Isso é frustração.

Outros fatores podem gerar ainda mais frustração: problemas cadastrais, tecnológicos, a fila de pessoas que buscam os benefícios, dentre outros. Esses programas do governo tem impacto restrito para mudar uma realidade política. A presidente Dilma Rousseff tentou um programa de benefícios para aplacar o desemprego vivido em seu governo. Conquistou um total de zero apoio popular.

O fato é que nessa semana as pesquisas não trazem boas notícias para o presidente Jair Bolsonaro. É importante ficar atento as pesquisas do mês que vem. Esses levantamentos podem demonstrar para onde correu a expectativa. Atualmente, as agências que auxiliam a campanha do presidente estão com medo de comunicar a verdade.

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Rafael Paredes


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