20/05/2024 - Edição 540

Ágora Digital

A banalidade do mal

Publicado em 16/06/2022 12:00 - Victor Barone

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A nudez ambiental brasileira perdeu todo o suspense e todo o mistério. A desproteção da Amazônia submete a floresta à mais despida das épocas. No caso Bruno-Dom, um dos assassinos confessou a participação no extermínio do indigenista brasileiro e do jornalista britânico. Pelado, como é conhecido o bandido, escancarou a indecorosidade nacional num roteiro de sangue e dor. Como é cruel o nu que ninguém pediu, que ninguém quer ver, mas que não surpreende ninguém.

A banalidade do mal

O Brasil que pulsa na confissão de Amarildo da Costa Oliveira, o nome que os pais do Pelado mandaram anotar na sua certidão de nascimento, é um país vocacionado para a tragédia. Nele, Bruno Pereia e Dom Phillips foram capturados, mortos, carbonizados e esquartejados num ritual macabro que faz lembrar o fenômeno que a filósofa alemã Hannah Arendt batizou de "banalidade do mal".

Pelado guiou os investigadores até os fundões da floresta, onde havia enterrado o que restara dos corpos, antes de afundar a lancha de suas vítimas. Houve grande alívio em Brasília. Antecipando-se à entrevista coletiva que havia sido convocada no Amazonas, o ministro bolsonarista da Justiça Anderson Torres correu às redes sociais para anunciar o achado que deixou a plateia perdida. Chamou de "remanescentes humanos" o indigenista e o jornalista, que estavam sumidos desde 5 de junho.

Remanescente é o que resta, o que sobra. Estes resíduos humanos não teriam sido encontrados no décimo dia de buscas sem o auxílio do criminoso confesso, admitiu o delegado Eduardo Alexandre Fontes, superintendente da Polícia Federal no Amazonas. Serão agora submetidos a exames de DNA. Confirmando-se o vínculo com Bruno e Dom, os despojos "serão entregues às famílias", anunciou o delegado, com frieza técnica.

O sorriso interior reprimido

Além do chefe local da Polícia Federal, reuniram-se na sala de entrevistas para prestar contas aos repórteres —três deles estrangeiros— representantes do Exército, da Marinha, da polícia civil, do corpo de bombeiros, da secretaria de segurança amazonense… Todos fizeram questão de manusear o microfone.

Dividiram-se entre as condolências aos familiares dos mortos e a exaltação das respectivas corporações. Pareciam estalar de orgulho. Mal conseguiam reprimir uma espécie de sorriso interior. Não evitaram o crime. Mas, que diabo, haviam acabado de encontrar os corpos —ou o que remanesceu deles.

"Todos os esforços foram empregados", disse o delegado da Polícia Civil Guilherme Torres. "Nossa missão precípua desde o início era encontrá-los com vida. Infelizmente trazemos essa triste notícia."

Em meio a relatos sobre o lado imundo de um pedaço do mapa onde o crime se organizou no vácuo da esculhambação do Estado, ouviu-se uma exaltação generalizada à capacidade do poder público de unir suas impotências numa força-tarefa. A demolição ambiental potencializada sob Bolsonaro produziu um fenômeno inusitado: a micromegalomania administrativa. O ex-Brasil grande deu lugar a um gigante que celebra a própria inépcia como um grande feito.

O pior executado da melhor maneira

Há um cheiro de Médici na penúltima tragédia amazônica. Idealizada para integrar o Norte ao resto do país, a Rodovia Transamazônica empurrou o que o Brasil tem de pior para dentro da floresta e dos territórios indígenas. Por mal dos pecados, o brasileiro já se habituou ao crime.

Defensores dos interesses ambientais vêm sendo passados nas armas antes e depois de Chico Mendes e Dorothy Stang. Mas surgiu algo novo e desconcertante. Sob Bolsonaro, o governo fez o pior da melhor maneira que pôde. O Ministério do Meio Ambiente é contra o ambiente. O presidente é o principal aliado dos criminosos.

Já em 2019, primeiro ano do seu mandato, após culpar as ONGs pelo aumento das queimadas, Bolsonaro especializou-se em desqualificar as reservas indígenas. "A Amazônia foi usada politicamente desde o [governo] Collor para cá", declarou o presidente, em reunião com os governadores da região amazônica. "Foi uma irresponsabilidade essa política adotada no passado, usando o índio ao inviabilizar esses estados".

Em matéria ambiental, Bolsonaro notabilizou-se pela previsibilidade. Estava no alvorecer de sua carreira política quando o então presidente Collor assinou, em maio de 1992, o decreto que homologou a reserva dos índios Yanomami. Num pronunciamento de novembro de 1995, o então deputado Bolsonaro declarou:

"Com a indústria da demarcação das terras indígenas, assim como Quebec quase se separou do Canadá, num curto espaço de tempo, os Yanomamis poderão, com o auxílio dos Estados Unidos, vir a se separar do Brasil".

A morte da soberania

Os Yanomamis não se apartaram do Brasil. Mas o Brasil se separou dos seus habitantes originários. Como prometera na campanha de 2018, Bolsonaro não demarcou um milímetro de terra indígena. E providenciou para que as fronteiras das reservas existentes fossem escancaradas para o pelotão da ilegalidade: matadores, desmatadores, mineradores, grileiros e a turma do ogronegócio. Parte dessa gente se presta a lavar dinheiro para traficantes de drogas e de armas.

Ao transferir para o Planalto as alianças e as obsessões que cultivou em 28 anos de baixo clero parlamentar, Bolsonaro fulminou o que restava da respeitabilidade ambiental do Brasil. Bruno Pereira e Dom Phillips não foram as únicas vítimas da nova tragédia amazônica. Junto com eles morreu a falácia segundo a qual Bolsonaro defende a soberania do Brasil sobre a Amazônia.

O capitão, na verdade, consolidou a terceirização da região ao crime. Preso junto com um irmão que ainda não confessou participação nos assassinatos de Bruno e Dom, Pelado é o elo mais frágil da corrente criminosa. Nenhuma investigação será bem-sucedida se não chegar aos mandantes e aos seus contatos políticos.

Há três décadas, o narcotráfico utilizava a Amazônia como rota de passagem. Hoje, o crime possui bases na região —na floresta, nos legislativos e nos palácios. Enquanto o crime prevalecer, toda nudez será premiada.

Por Josias de Souza

GRAVES DENÚNCIAS

O delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva fez graves denúncias sobre o envolvimento de políticos bolsonaristas com o que ele chamou de Bancada do Crime na Amazônia. Entre os citados estão os senadores Jorginho Mello (PL-SC) e Telmário Mota (Pros-RR), além da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). “Nós temos uma bancada do crime. Uma bancada, na minha opinião, de marginais”, disse Saraiva, em entrevista para a GloboNews. O policial prestou serviços por mais de uma década em investigações na floresta.

“Bandidos, até pela forma como se comportaram em um dia em que fui convidado para ir na audiência na Câmara dos Deputados, na Comissão de Legislação Participativa. Eu, que já fui em tantas audiências criminais, com advogados e criminosos sentados à minha frente, nunca fui tão desrespeitado pelos criminosos ali, na Câmara”, completou. Além dos parlamentares, Saraiva citou o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. “Vou dizer nomes: Zequinha Marinho, Telmário Mota, Mecias de Jesus, Jorginho Mello (de Santa Catarina) mandou ofício. Carla Zambelli foi lá também, defender madeireiro junto com Ricardo Salles”.

Em entrevista recente para o jornalista Marcos Uchôa, Saraiva apontou que existem saídas para os crimes na Amazônia, mas acusou a ausência de vontade política. “Sobre o ponto de vista operacional, não é difícil. Em seis meses é possível acabar com garimpo e retirada ilegal de madeira. Ultrapassar as limitações burocráticas e conseguir vontade política é outra história (…) Ver onde está o problema é fácil (…) O tráfico de madeira não é como cocaína, ela ocupa muito espaço. A falsidade documental é facilmente observada a partir do processo administrativo”.

As acusações de Saraiva aprofundam a indignação generalizada pelo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, na Amazônia. Ambos trabalhavam justamente para denunciar crimes na floresta.  Sobre o caso, Saraiva disse que Bruno ajudou em uma operação que destruiu 60 balsas de garimpeiros ilegais na Amazônia, quando trabalhava na Fundação Nacional do Índio (Funai). Logo após, foi afastado de suas funções pelo gabinete de Bolsonaro, após ordens do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, em coordenação com Salles.

Carla Zambelli pouco disse sobre o teor das acusações. A parlamentar se limitou a fazer acusações de que o delegado estaria manifestando o que chamou de “ódio dos comunistas” contra ela. A parlamentar ameaçou o delegado e disse que Saraiva “precisará de um bom advogado”. Porém, o policial foi veloz em responder à provocação. “Vindo de uma pessoa como ela, o processo será motivo de orgulho. Coisa para se mostrar para os netos. Esse povo acha que tenho medo de processo… Certo eu brigo até com Satanás… Errado eu não brigo com ninguém”, respondeu.

APOCALIPSE

Apesar de Bolsonaro tramar um Apocalipse para outubro, o mundo não terminará com a abertura das urnas. Ao discursar após ser confirmado como próximo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes sinalizou a disposição de transformar num inferno a vida do atual presidente, autoconvertido em arauto do caos. Moraes prometeu "eleições limpas, seguras e transparentes". E reiterou que será intolerante com "milícias pessoais ou digitais" que atentam contra a democracia. Ficou entendido que Moraes continua empunhando a borduna que exibiu em outubro do ano passado, quando o TSE livrou a chapa Bolsonaro-Mourão da cassação. "Irão para a cadeia", ele avisou aos que ousassem repetir em 2022 o truque das mentiras disseminadas por milícias eletrônicas.

Bolsonaro teve a chance de retirar a macumba golpista da encruzilhada de 2022 em setembro do ano passado, quando assinou a carta-sedativo que Michel Temer escreveu para que ele se desculpasse por ter chamado Moraes de "canalha" no Dia da Pátria. Hoje, Bolsonaro atribui suas diatribes à alegação de que Moraes descumpriu compromissos supostamente assumidos antes da assinatura da carta-recuo. Entre os acertos estariam o encerramento do inquérito sobre fake news, que desnudou os milicianos no Supremo Tribunal Federal.

A partir de agosto, Moraes acumulará a chefia da Justiça Eleitoral com a relatoria desse inquérito sobre notícias mentirosas. A menos de quatro meses da eleição, o circo do golpismo de Bolsonaro está pegando fogo. Moraes afagou as Forças Armadas em seu discurso. Foi como se tentasse demonstrar que não é ele o piromaníaco. Já proporcionou a parte da infantaria de palhaços do bolsonarismo uma temporada na cadeia.

Se Bolsonaro prevalecer, continuará sujeito à jurisdição de Moraes, um magistrado vitalício que comandará o TSE até junho de 2014. Se perder, o capitão descerá para o mármore quente da primeira instância do Judiciário sem as prerrogativas do mandato e sem a blindagem de Augusto Aras e a proteção do centrão de Arthur Lira. Nessa hora, Bolsonaro perceberá que, ao botar fogo no circo, queimou a si mesmo.

Por Josias de Souza

CONSTRANGIMENTO E VERGONHA

Foi dessa forma que o Itamaraty e alguns dos principais diplomatas brasileiros receberam os relatos de que o presidente Jair Bolsonaro teria solicitado ajuda de Joe Biden nas eleições em outubro. Mas a manobra também foi interpretada como uma jogada do brasileiro na busca por uma aliança que o salve de uma derrota. O gesto foi visto como uma "afronta" à soberania nacional e viola até mesmo os princípios de independência. O constrangimento foi ainda maior depois que a reação do governo americano foi, ao ouvir o pedido, de simplesmente mudar de assunto.

Uma das interpretações na chancelaria é de que Bolsonaro tentou se apresentar ao presidente americano, tal como era perante o ex-presidente Donald Trump, como a melhor escolha para os interesses norte-americanos na região. Isso inclui privatizações, assinatura de acordos de defesa como a parceria na Otan e compra de equipamentos militares, além de uma promessa de alinhamento. Isso, claro, desde que os americanos o apoiem.

Dentro do governo americano, há um reconhecimento de que Bolsonaro já provou ao governo Trump de que pode ser um aliado fiel em diferentes temas e organizações internacionais. Mas, para isso, precisa da chancela de Biden. Diante de um comportamento como o de Bolsonaro, os americanos ficam diante de um dilema: defender a democracia brasileira ou seus próprios interesses. Isso, porém, não retira o constrangimento da declaração pouco comum. Internamente, o Itamaraty já vinha criando um sistema pelo qual evitava marcar reuniões bilaterais entre Bolsonaro e líderes estrangeiros, às margens de eventos e cúpulas. A meta era a de implementar uma estratégia de "controle de danos", mantendo alguma credibilidade da política externa, construída ao longo de décadas.

Já nas primeiras semanas do governo Bolsonaro, os riscos dos encontros bilaterais já começaram a ficar evidentes dentro do Itamaraty. Ainda em janeiro de 2019, em Davos, o presidente chegou a fazer uma piada que beirou à indiscrição diante do então primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe. Depois de alguns segundos de silêncio, o líder asiático riu. E todos respiraram aliviados. Meses depois, num encontro num corredor da ONU [Organização das Nações Unidas], em Nova Iorque, Bolsonaro teria declarado seu apoio pelo então presidente americano, Trump.

O mais recente episódio que causou um constrangimento no governo foi quando, diante de Vladimir Putin, Bolsonaro disse que o Brasil se solidarizava com os russos. Dias antes da pior guerra em décadas começar, ele ainda insinuou que sua gestão teria levado Moscou a retirar parte das tropas. No dia seguinte, ele voltou a causar um mal-estar ao afirmar, ao lado do húngaro Viktor Orban, que seu governo era guiado pelo lema "Deus, pátria e família", um slogan fascista.

Por Jamil Chade

DEU NO NEW YORK TIMES

Em reportagem do seu correspondente no Brasil, Jack Nicas, o mais importante jornal do mundo, o The New York Times, publica com destaque em sua página inicial: “Novo aliado de Bolsonaro no questionamento das eleições: os militares”. Começa assim: “Faltando quatro meses para uma das votações mais importantes da América Latina em anos, um confronto de alto risco está se formando. De um lado, o presidente, alguns líderes militares e muitos eleitores de direita argumentam que a eleição está aberta à fraude. Do outro, políticos, juízes, diplomatas estrangeiros e jornalistas estão soando o alarme de que Bolsonaro prepara o cenário para tentativa de golpe.”

A reportagem registra ameaças recentes à democracia do comandante da Marinha e do general Ministro da Defesa, a última feita horas depois da reunião em que Bolsonaro pediu ao presidente Joe Biden ajuda americana para evitar a eleição de Lula. O Times dá voz ao ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral: “Esses problemas são criados artificialmente por aqueles que querem destruir a democracia brasileira. O que está em jogo no Brasil não é só uma urna eletrônica. O que está em jogo é manter a democracia.”

Por Ricardo Noblat

PRA BOLSONARISTA BABAR

A festa de formatura da turma de Direito da Universidade Federal do Sergipe (UFS), na noite do último dia 11 em Aracaju, foi embalada por uma canção inusitada: a reedição do jingle "Lula lá", que foi para a campanha de 1989 do petista e ganhou uma nova versão para a eleição de outubro. Em vídeo divulgado nas redes pelo diretório do PT de Sergipe, os alunos aparecem dançando, erguendo toalha com o rosto de Lula e são acompanhados pelos familiares que assistem à cerimônia.

MÚSICA E LULA

O forte tom político e as críticas contra Jair Bolsonaro (PL) deram o tom no Festival João Rock, que aconteceu no último dia 11 em Ribeirão Preto, no interior paulista. Assim como aconteceu no Lolapalooza – e vem se repetindo em apresentações artísticas em todo o país – os músicos fizeram críticas ácidas e entoaram coro contra o presidente e a plateia se manifestou a favor de Lula (PT), com a toalha com o rosto do presidente fazendo sucesso mais uma vez.

ATAQUE COM DRONES

O ex-presidente Lula (PT) condenou o ataque escatológico promovido por bolsonaristas contra apoiadores do ex-mandatário que aguardavam o início do ato político realizado em Uberlândia (MG) com Alexandre Kalil (PSD), ex-prefeito de Belo Horizonte e pré-candidato do governo de Minas Gerais. Antes do evento começar, por volta de 15h, um drone bolsonarista sobrevoou o evento pulverizando um líquido fétido que, segundo o público presente, parecia urina e fezes. Três homens foram detidos durante o episódio. À Polícia Militar eles alegaram que foi pulverizado um líquido usado em lavouras que atrai moscas. "Não pode ser um ser humano normal um canalha que joga sujeira em cima de homens, mulheres e crianças. Não é um ser humano normal", reagiu o ex-presidente. "A pessoa que tem coragem de colocar um drone para jogar sujeira… Que talvez seja agrotóxico… É importante ficar atento todo mundo que foi atingido. Nós não vamos deixar barato", completou Lula. 

SINCERICÍDIO

Bolsonaro encontrou uma maneira inusitada de se aproximar da maioria do eleitorado. Dando razão aos 54% dos eleitores que, segundo o Datafolha, declaram que jamais votariam nele, Bolsonaro declarou que não leva jeito para ser presidente. "Não tinha nada para estar aqui", ele declarou. "Nasci pra ser militar, fiquei por 15 anos no Exército brasileiro, entrei na política meio por acaso. Passei 28 anos dentro da Câmara."

Bolsonaro puxou cadeia no quartel e foi expurgado do Exército a contragosto. Em quase três décadas de Câmara, não produziu nada além de rachadinhas, elogios à ditadura e seus torturados, polêmicas e agressões. No Planalto, instalou uma usina de crises que é o único empreendimento que prosperou durante todo o mandato. Diante de uma biografia assim, o Bolsonaro soou modesto no discurso que fez a empresários reunidos num fórum de investimentos. Na verdade, ele não leva jeito para ser militar, parlamentar ou presidente.

A julgar pelo teor do discurso que serviu aos empresários, o presidente está vocacionado para a indústria da demolição. Depois de demolir o que restava de políticas públicas em áreas estratégicas como educação, na saúde e no meio ambiente, depois de demolir o muro que separava os quarteis da política, após implodir a agenda liberal de Paulo Guedes… depois de tudo isso, Bolsonaro dedica-se a demolir as instituições.

Ao afirmar que não leva jeito para presidente, o capitão se comporta como uma mocinha que se inscreve num concurso de miss, anexando ao pedido inscrição as fotos de suas estrias. É como se Bolsonaro informasse aos eleitores que não dispõe mesmo de encantos para ser reeleito.

Por Josias de Souza

EM NOME DE JESUS

Na véspera do Dia de Corpus Christi, uma das principais datas de celebração religiosa, Jair Bolsonaro (PF) voltou a exaltar as armas como forma de proteção, em contato com religiosos, na quarta (15), no Palácio da Alvorada, em Brasília. Em meio à conversa, o presidente soltou mais uma de suas bizarrices: “Jesus não comprou uma pistola porque não tinha naquela época”, disse, arrancando risos dos presentes.

FRASES DA SEMANA

“Esse inglês era mal visto, fazia muita matéria contra garimpeiros, questão ambiental, então, naquela região que é bastante isolada, muita gente não gostava dele. Ele tinha que ter mais que redobrada atenção para consigo próprio e resolveu fazer uma excursão.”  (Bolsonaro)

“[Eu] não tinha nada pra estar aqui [na Presidência]. Nem levo jeito. Nasci pra ser militar. Passei 15 anos no Exército. Entrei na política meio por acaso. Eu acredito, por favor, podem discordar, que Deus botou a mão sobre o Brasil”. (Bolsonaro, em campanha para se reeleger)

“Queremos que a Amazônia seja um lugar aonde jornalistas possam ir e reportar a verdade. E no momento há muita gente que não quer que essa verdade venha à tona”. (Sian Phillips, irmã do jornalista Dom Phillips, desaparecido na Amazônia junto com o indigenista Bruno Pereira)

“É humilhante para o Brasil ter um presidente que pede ajuda aos EUA para ganhar eleições. Pediu um golpe! Despreza a soberania popular. O que está negociando o vadio do Bolsonaro em troca desse apoio?! É caso de impeachment”. (Gleisi Hoffmann, presidente do PT)

“Eles, quando partiram, a informação que temos é que não foi acertado com a Funai. As pessoas abusam e as coisas acontecem. Peço a Deus que sejam encontrados vivos.” (Bolsonaro, culpando o jornalista inglês Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo pelo que aconteceu com eles)

“A gente vai ter tempos melhores aí vindo pela frente, tenho certeza disso, com o presidente tendo mais um mandato para a gente reformular a constituição de tribunais”. (Tarcísio de Freitas, ex-ministro do governo Bolsonaro, candidato ao governo de São Paulo onde nunca morou)

“Bolsonaro não confia no voto popular porque sabe que não tem merecimento, não merece o segundo mandato pelo desastre que levou o Brasil”. O Brasil precisa do Lula para salvar a democracia, voltar a crescer. No último ano do presidente Lula, o País cresceu 7,5”. (Geraldo Alckmin)

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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