18/05/2024 - Edição 540

Poder

Bolsonaro atira de novo no próprio pé ao falar sobre minuta de golpe

Pensando em si mesmo, ex-presidente pede anistia aos condenados por golpismo

Publicado em 26/02/2024 9:59 - Ricardo Noblat (Metrópoles), Leonardo Sakamoto (UOL) – Edição Semana On

Divulgação Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

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Foi Bolsonaro quem se definiu assim na reunião ministerial de 5 de julho de 2022, a três meses da eleição que perderia: “Como é que eu ganho uma eleição? Um fodido como eu, fodido como eu. Deputado de baixo clero. Escrotizado dentro da Câmara, sacaneado, gozado. Uma porra de um deputado”.

Nada a discordar. Bolsonaro poderia ter acrescentado que é burro, mas o que ele pretendia naquela ocasião era se vitimar, apresentar-se como um perseguido e despertar compaixão.

No comício de ontem na Avenida Paulista, voltou a dizer que é um perseguido, que foi perseguido durante os quatro anos que governou o país – ou melhor: que desgovernou.

E aí, mais uma vez, revelou que é burro. Ao negar que tenha conspirado para derrubar a democracia e manter-se no poder, reforçou a acusação de que tramou para dar um golpe. Disse: “O que é golpe? É tanque na rua, é arma, conspiração. Nada disso foi feito no Brasil. Agora o golpe é porque tem uma minuta do decreto de Estado de Defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha paciência”.

Tenha paciência. Golpe com tanque na rua, arma, é coisa do passado, ou de países atrasados. Hoje, dá-se golpe “dentro das quatro linhas”, fingindo respeitar a Constituição.

Um golpe razoavelmente organizado exige minuta, roteiro e justificação. O de março de 1964 teve, mas o general Olímpio Mourão Filho desconheceu a minuta e precipitou o golpe.

Mourão Filho esperava ocupar um cargo elevado na nova ordem constituída, mas os demais golpistas não lhe deram. Anos depois, referiu-se a si mesmo como “vaca fardada”.

Uma cópia da minuta do golpe que Bolsonaro não deu porque lhe faltou apoio foi encontrada com Anderson Torres, seu ex-ministro da Justiça, que começou a falar à Polícia Federal.

Outra cópia estava na memória do celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordem de Bolsonaro. Havia uma terceira no gabinete de Bolsonaro, na sede do PL.

Bolsonaro disse que a cópia que guardava lhe foi dada não sabe por quem. E que mandou imprimi-la porque tem dificuldades de ler mensagens com letras miúdas.

Para agentes da Polícia Federal, o ex-presidente não só participou da elaboração como fez alterações em uma minuta para legitimar um golpe de Estado. Eles têm provas disso.

O comício da Avenida Paulista mostrou que Bolsonaro é um homem emparedado, que está convencido de que será preso. Terceirizou ao pastor Silas Malafaia o que queria dizer.

Queria uma foto com uma multidão para parecer mais forte, e a obteve. Mas sua situação na Justiça em nada mudou. De resto, foi uma manifestação fria do começo ao fim.

Um advogado de Bolsonaro disse que o ato reuniu um milhão de pessoas. O governo bolsonarista de São Paulo, 750 mil. E pesquisa da Universidade de São Paulo, 185 mil.

Vida que segue – a de Bolsonaro cada vez pior. Ele fugiu do país para não dar posse a Lula. Nem fugir pode mais porque aprenderam seu passaporte.

Uma porra de um ex-presidente, gozado, sacaneado.

Pensando em si mesmo, Bolsonaro pede anistia aos condenados por golpismo

O ponto alto do recuado discurso de Jair Bolsonaro, no ato convocado para defendê-lo e passar pano sobre o seu golpismo, foi o pedido para que o Congresso Nacional aprove uma anistia para os “pobres coitados do 8 de janeiro”. Ou seja, os bolsonaristas processados e condenados pelo Supremo Tribunal Federal por participar dos atos golpistas.

Usando a solidariedade aos seus seguidores como justificativa, Bolsonaro defendeu, na prática, um projeto de lei que pode beneficiá-lo. Hoje, ele é investigado por uma tentativa de golpe de Estado que teve no 8 de janeiro uma de suas peças. E é provável que venha a ser condenado e preso como idealizador e principal beneficiário.

“Uma anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília. Não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos. A conciliação!”, pediu o ex-presidente, o último a discursas em cima do trio elétrico para uma multidão de seguidores.

“Já anistiamos no passado quem fez barbaridade no Brasil”, afirmou, referindo-se à Lei da Anistia, que beneficiou militares e civis ligados aos governos militares e opositores.

Organizações da sociedade civil vêm demandando uma revisão da legislação que, hoje, é usada para proteger torturadores e assassinos que cometeram crimes contra a humanidade na ditadura. A Corte Interamericana dos Direitos Humanos já condenou Brasil por conta da Lei da Anistia, declarando que ela deveria ser invalidada, o que o Supremo Tribunal Federal não acatou.

Jair defendeu a prisão apenas para “quem depredou patrimônio público”, como se atentar contra a democracia não fosse muito mais custoso para uma nação.

Sob o claro medo de ser acusado de incitar a população contra as instituições (o que poderia mandá-lo para a cadeia antes do final de um processo), Bolsonaro fez uma fala que, nem de longe, lembrou aquela de 7 de setembro de 2021, quando chamou o ministro Alexandre de Moraes, hoje relator dos atos golpistas no STF, de “canalha” em plena avenida Paulista.

Ele pediu para que os deputados bolsonaristas presentes no ato, como Gustavo Gayer, Marco Feliciano e Nikolas Ferreira, tocassem a proposta no parlamento, demostrando o medo que ele está de ir para o xilindró.

Sob a justificativa de “pacificar” o país, ele tenta convencer a turma que faltou às aulas de História que o melhor é um arranjo para não puni-lo pelos crimes que cometeu.

Porém, o apelo para que pague por tudo o que deve não é vingança, nem revanchismo. Tampouco é parecido com o projeto de sociedade miliciana defendido pelo bolsonarismo, onde a Justiça é trocada pelo justiçamento. Na qual a mediação dos conflitos pelas instituições é substituída pela possibilidade de cada um resolver seus problemas na base da força.

Pelo contrário, o cidadão Jair Bolsonaro precisa ser denunciado, processado, julgado e punido, com todo o direito à defesa. Se ele quiser realmente fortalecer o Estado Democrático de Direito, mote cínico da manifestação de hoje, não deveria tentar impedir o curso da Justiça. De novo.

Sem anistia

“Tem gente que sabe o que eu falaria, mas o que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado. É uma anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília. Não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos.”

Ao sugerir uma anistia para os presos do golpe de 8 de janeiro, Bolsonaro pede para também ser anistiado. Se o que moveu os presos foi a derrubada de Lula, Bolsonaro tentou a mesma coisa, só que antes de deixar o cargo. Uma anistia ampla, geral e irrestrita.

O presidente Juscelino Kubistchek anistiou por duas vezes militares que quiseram tirá-lo do poder. Adiantou? Os militares deixaram de ser golpistas? A anistia concedida pelo general-presidente João Figueiredo em 1979 beneficiou mais os militares do que os civis.

Não sararam até hoje as feridas abertas pela tortura, a morte e o desaparecimento de presos políticos durante a ditadura de 64. Mas quem torturou e matou foi anistiado. Bolsonaro não para de exaltar a memória do coronel torturador Brilhante Ulstra.

Órfãos de pais vivos, diz Bolsonaro. Lembrou-me o que disse em 1977 Alencar Furtado, deputado federal pelo MDB do Paraná, e líder do partido na Câmara: “Para que não haja no Brasil lares em pranto; para que as mulheres não enviúvem de maridos vivos, quem sabe, ou mortos, talvez – viúvas do quem sabe e do talvez; para que não tenhamos filhos de pais vivos ou mortos, órfãos do quem sabe e do talvez”.

O general-presidente Ernesto Geisel cassou o mandato de Furtado. Foi a última cassação de mandato com base no Ato Institucional nº 5, o mais violento ato da ditadura militar de 64. Geisel foi a favor da tortura e da execução de adversários do regime.

Disse mais Bolsonaro na Avenida Paulista: “Sabemos o que deve ser feito no futuro para que o Brasil tenha um presidente com Deus no coração, que ame a sua bandeira, que se emocione quando canta o hino nacional e que ame o seu povo. […] Não podemos concordar que um poder tire do palco político quem quer que seja, a não ser por um motivo justo. Não podemos pensar em ganhar as eleições afastando os opositores do cenário político.”

Quer dizer: se o presidente do futuro não for ele, que tenha seu apoio. Quanto à retirada de um político do cenário por “um poder”, Bolsonaro referiu-se à Justiça que poderá condená-lo e prendê-lo. Cabe à Justiça decidir se terá boas razões para isso.

Moraes vê a anistia sugerida por Bolsonaro como flerte com Hitler

Embriagado de si mesmo, Bolsonaro discursou na Avenida Paulista num timbre de ex-Bolsonaro. Defendeu a “pacificação”. Deseja “passar uma borracha no passado”. Pediu que o Congresso aprove uma “anistia para os pobres coitados” condenados pelo 8 de janeiro. O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes enxerga a bandeira branca içada por Bolsonaro como um flerte com o apaziguamento que deu asas ao regime nazista de Adolf Hitler.

Moraes expôs seu ponto de vista pela primeira vez no despacho em que determinou o afastamento de Ibaneis Rocha do governo do Distrito Federal por 90 dias, em 9 de janeiro de 2023, um dia depois do quebra-quebras nas sedes dos Três Poderes. Ele anotou: “A democracia brasileira não irá mais suportar a ignóbil política de apaziguamento, cujo fracasso foi amplamente demonstrado na tentativa de acordo do então primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain com Adolf Hitler”.

A referência histórica escolhida pelo algoz de Bolsonaro no Supremo encostou a tentativa de golpe no Brasil na Conferência de Munique, um tratado firmado em 1938 pela Alemanha nazista com os líderes da Inglaterra e da Itália. Citado por Moraes, Chamberlain defendia a tese do “apaziguamento” com Hitler. No tratado de Munique, concordou em entregar parte da Tchecoslováquia aos alemães. No ano seguinte, Hitler tomou o resto.

Para reforçar sua posição, Moraes evocou o primeiro-ministro inglês Winston Churchill, que sucedeu Chamberlain e tornou-se um dos principais responsáveis pela vitória aliada contra o terror nazista na Segunda Guerra. Ao assegurar que “absolutamente todos serão responsabilizados civil, política e criminalmente pelos atos atentatórios à Democracia, ao Estado de Direito e às instituições”, evocou uma das célebres frases de Churchill: “Um apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser devorado.”

Em 8 de janeiro de 2024, discursando na solenidade que marcou o aniversário de um ano da intentona bolsonarista, Moraes repetiu: “O fortalecimento da democracia não permite confundirmos paz e união com impunidade, apaziguamento ou esquecimento. Impunidade não representa paz ou união. Todos, absolutamente todos aqueles que pactuaram covardemente com a quebra da democracia e a tentativa de instalação de um Estado de exceção serão devidamente investigados, processados e responsabilizados nas medidas de suas culpabilidades.”

O ministro voltou à carga dias depois. Ao ordenar a batida de busca e apreensão nos endereços do deputado bolsonarista Carlos Jordy, citou novamente o nome Hitler. E reiterou que “a democracia brasileira” não será submetida à “ignóbil política de apaziguamento” à moda de Chamberlain. Ou seja: se depender de Xandão, como o bolsonarismo costuma chamar o relator dos processos estrelados pelo capitão e seus cúmplices, o desejo de Bolsonaro de “passar uma borracha no passado” será tratado como uma tese natimorta.

Ao defender a “anistia”, Bolsonaro não está interessado no perdão dos “pobres coitados” que invadiram as sedes do Congresso, do Supremo e do Planalto. Seu objetivo é a obtenção da sua própria impunidade. As segundas intenções do orador tornaram-se explícitas num trecho do discurso que despejou sobre os milhares de devotos que comparecem à Avenida para escutá-lo. A alturas tantas, Bolsonaro declarou:

“Nós não podemos concordar que um poder tire do palco político quem quer que seja, a não ser por um motivo justo, nós não podemos pensar em ganhar as eleições afastando os opositores do cenário político.”

Sob a presidência de Moraes, o Tribunal Superior Eleitoral declarou Bolsonaro inelegível por oito anos. Confirmando-se a expectativa de que o Supremo o condene pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, Bolsonaro pode amargar uma pena de até 23 anos de cadeia. Nessa hipótese, seria banido das urnas por mais de 30 anos.

O castigo cairia sobre a biografia do mito como uma lápide. Daí o apreço momentâneo de Bolsonaro pela “pacificação” e o desejo incontido de manusear uma “borracha” capaz de apagar o passado criminoso.

Bolsonarismo trava batalha nas redes para inflar tamanho de ato na Paulista

Bolsonaro, como esperado, juntou uma multidão de seguidores na avenida Paulista e conseguiu sua desejada fotografia para usar na batalha que trava contra a punição por sua tentativa de golpe de Estado. Mas enquanto o ato acontecia, bolsonaristas travavam outra batalha, nas redes, para vendê-lo como ainda maior do que realmente foi.

Antes, vale deixar claro, que o ato foi grande. Mas Bolsonaro precisava de algo histórico para vender a ideia de que toda a população brasileira está com ele e contra as instituições que o investigam – o que não é, nem de perto, verdade.

Um dos objetivos de Jair para o ato em defesa de si mesmo foi o de produzir imagens a fim de serem usadas nas redes sociais e aplicativos de mensagens. Ele deixou claro isso antes, nas convocações, e durante o seu discurso, quando afirmou que “a minha vinda aqui era para termos uma fotografia para o mundo”.

A estratégia, reciclada há tempos, parte de um fato concreto (o ex-presidente é uma pessoa popular capaz de atrair multidões) para vender uma extrapolação falsa (essas multidões demonstram que a maioria dos brasileiros está com ele). O bolsonarismo-raiz, alinhado perfeitamente a ele, gira entre 15% e 20% da população, o que, repito, não é pouca gente – dá entre 30 e 40 milhões. Mas não é maioria.

A única estimativa com metodologia que veio a público até agora é a do Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo, coordenado pelos professores Pablo Ortellado e Márcio Moretto, que produz há anos dados e análises sobre público de eventos políticos no país. Ela apontou 185 mil pessoas na manifestação às 15h, seu horário de pico.

A contagem de cabeças foi baseada em fotos aéreas de alta resolução que cobriram a extensão da avenida, tiradas entre 15h e 17h, e processadas com a ajuda de um software especial para esse fim. Ou seja, veio de ciência, não de achismo, de vozes da cabeça ou da necessidade política dos organizadores.

Para ajudar Bolsonaro, governo de SP divulgou 750 mil sem embasamento

O bolsonarista Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo, ao que tudo indica, deu um empurrãozinho fundamental a seu líder, operando o milagre da multiplicação do público.

O que é preocupante. Pois a pasta que faz a contabilidade das vítimas de ações policiais em São Paulo deveria ter mais cuidado com números.

Derrite, em sua conta no X/Twitter: “Não tivemos ocorrências relevantes, mesmo com um público de 750 mil pessoas na avenida e em todo o entorno”.

Mas, questionada pela imprensa, a Secretaria de Segurança Pública não informou qual a metodologia ou os critérios adotados para tal cálculo. Esse comportamento tem o mesmo DNA da contagem aloprada de 13 de março de 2016, naquele que foi o maior ato político da história da avenida Paulista, uma manifestação pelo impeachment de Dilma Rousseff.

Naquele momento, a Secretaria de Segurança Pública estimou em 1,4 milhão quase o dobro do que estimou agora, número coincidentemente abraçado pelos organizadores. Quem cobriu o ato de 2016, viu a corporação divulgar atualizações sem critério algum, o que só não chocou mais porque parte da própria imprensa comprou isso de forma acrítica.

Já o Datafolha estimou o ato em 500 mil pessoas e divulgou a metodologia por trás da contagem. Naquele dia, ao contrário deste domingo, a totalidade da avenida estava tomada, bem como a alameda Santos e parte da rua da Consolação.

Mesmo assim, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro tentam vender este ato como um recorde de público. “Pelo que me chega nesse momento, hoje tivemos o maior ato político da história da Avenida Paulista. Mais de milhão de brasileiros”, postou Fabio Wajngarten, um dos advogados de Bolsonaro.

Já o levantamento científico foi criticado junto com a urna eletrônica

A contagem realizada pelo grupo de pesquisa da USP, por não contribuir com a estratégia bolsonarista, vem sendo alvo de ataques.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro postou: “A USP sabe contar tão bem quantas pessoas tem na rua, quanto a maquininha conta voto”. Aproveitou, dessa forma, para estocar as urnas eletrônicas, que foram alvo preferencial de seu pai na tentativa de descredibilizar as eleições.

A postagem foi o sinal para uma enxurrada de ataques ao levantamento, à instituição e aos pesquisadores.

Não é a primeira vez que o bolsonarismo ataca quem contesta os seus números de público.

Em 7 de setembro de 2022, quando as celebrações do Bicentenário da Independência foram sequestradas pelas necessidades eleitorais de Bolsonaro (quem diz isso é o próprio TSE que condenou o ex-presidente e seu vice, general Braga Netto), o Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP também foi atacado ao divulgar que os atos reuniram 64,6 mil pessoas na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, e 32,7 mil, na avenida Paulista, em São Paulo, em suas máximas ocupações.

Naquele momento, como agora, Bolsonaro estava atrás de uma fotografia. E precisava ser incontestamente grande para mostrar que a maioria do povo estava a seu lado na eleição.

Vale lembrar que o bolsonarismo sempre atacou os institutos que medem a intenção de voto se aproveitando da falta de conhecimento de matemática por parte da população. Afirmam que enquetes realizadas dentro de grupos bolsonaristas, que não são representativas da população, têm mais valor que pesquisas feitas com o rigor científico.

Outro exemplo desse trabalho de inflar o apoio são as motociatas realizadas por Bolsonaro ao longo dos últimos anos, que ocupam um espaço muito grande de rodovia de forma rápida e com menos gente que seria necessário para preencher uma passeata ou um comício.

Em junho de 2021, o bolsonarismo, já em plena campanha pela reeleição, afirmou que 1,3 milhão de motos participaram de um ato com Bolsonaro no interior de São Paulo. Porém, as praças de pedágio da Rodovia dos Bandeirantes mostraram a passagem de 6.661 motos.

Ao final do dia, a manifestação serviu para reforçar algo que já era conhecido: que o Brasil tem uma extrema direita numerosa, apesar de Bolsonaro não poder dizer que ela é a maioria do país, como gostaria.

Por mais que as imagens e números estejam, inundando redes e aplicativos de mensagens, elas não são o bastante para chocar o Supremo Tribunal Federal, a atual gestão da Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal. Tampouco fortes o suficiente para fazer o Congresso Nacional aprovar uma anistia de golpistas que beneficie o próprio Jair, razão pelo qual ele pediu um projeto de lei nesse sentido para “aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília”.


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