18/05/2024 - Edição 540

Poder

24ª fase da Operação Lesa Pátria: saiba quem foram os alvos da PF

CGU termina investigação e diz que registro de vacina de Bolsonaro é falso

Publicado em 19/01/2024 10:54 - Pedro Sales (Congresso em Foco), Congresso em Foco – Edição Semana On

Divulgação . Foto: Marcelo Camargo/ABr

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A Polícia Federal (PF) deflagrou ontem (18) a 24ª fase da Operação Lesa Pátria, focada em identificar os mentores intelectuais e os responsáveis por financiar, planejar e incitar os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O gabinete e a residência do deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) foram alvos de busca e apreensão da PF, o que o parlamentar apontou como “perseguição”.

Além de Carlos Jordy, a Polícia Federal investiga mais nove pessoas. Os nomes foram divulgados na manhã desta quinta-feira, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirou o sigilo da decisão judicial em virtude do cumprimento dos mandados.

O vereador suplente de Campos dos Goytacazes (RJ) e servidor da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, Carlos Victor de Carvalho, conhecido como CVC, apesar de não ser um dos alvos da operação, é amplamente citado. De acordo com as investigações, ele é apontado como uma “liderança dos movimentos de extrema direita em Campos” e responsável pelo bloqueio de rodovias.

CVC esteve presente nos atos de 8 de janeiro e foi apontado como um dos financiadores dos ônibus que levaram os golpistas à Praça dos Três Poderes. O suplente esteve foragido até 19 de janeiro de 2023, quando foi preso pela PF no Espírito Santo.

Outro fator que a investigação apresenta são as “fortes ligações” de Carlos Victor com Jordy, as quais” transpassam o vínculo político”. Em 1º de novembro de 2022, o vereador conversou com o deputado, chamando-o de “meu líder” e pedindo direcionamento quanto a “parar tudo”, em referência ao bloqueio de rodovias.  Os dois também tiveram contato telefônico em 17 de janeiro de 2023, quando CVC estava foragido.

Charles Adriano, conhecido como “Charles Piu Piu”, é um bombeiro militar preso na primeira fase da Operação Lesa Pátria, esteve nos atos de 8 de janeiro e divulgou nas redes sociais ter arrecadado valores com companheiros da corporação para despesas em Brasília. Além disso, ele disse em depoimento que fez vídeos em suas redes sociais com convocação para bloqueio de rodovias.

José Maria Mattar, de acordo com o documento, divulgou em seu canal no YouTube notícias falsas para “propagar relatos falsos ou para incitar publicamente a prática de crimes, especificamente os ocorridos no dia oito de janeiro e os atentados contra policiais federais realizados pelo ex-deputado federal Roberto Jeferson”.

Juliana Machado, por sua vez, teve a participação identificada por conversa com CVC.

Lúcia Maria, também chamada de “Lúcia Banerj” nas redes sociais, é acusada de ter participado dos atos de 8 de janeiro. Nas redes, ela citou que participou ativamente nos acampamentos em frente ao quartel do exército, assim como cita que iria participar dos acampamentos. “Com certeza, meu filho, com certeza. E eu vou presa a qualquer momento (risos). porque eu tô no meio do pessoal organizando”, disse em áudio que a PF teve acesso.

Luiz Eduardo Campos é investigado por fazer convocação para o fechamento de rodovias no período pós eleitoral em um grupo chamado “Direita Campos Oficial 2”.

Raquel Nunes, a “Quelzinha”, foi identificada pela investigação como organizadora de ônibus para participação nos atos antidemocráticos em Brasília. A investigada também discutiu sobre provisões e alimentos para manifestantes acampados no QG de Campos com Daniel Pessanha, alvo da primeira fase da Operação Lesa Pátria, além de ter tomado a liderança dos grupos acampantes.

André Luis Santos, Leonardo Loureiro e Neide Mara não constam destacados na decisão de Alexandre de Moraes, apesar disso, o magistrado conclui que assim como os outros “suas condutas ocorreram no contexto dos atos golpistas ocorridos na Esplanada dos Ministérios em 8/1/2023, com destruição dos prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e, com muito mais raiva e ódio, do Supremo Tribunal Federal.

Alvos da 24ª fase da Operação Lesa Pátria:

  • André Luis Santos Carneiro;
  • Carlos Roberto Coelho de Mattos Júnior (Carlos Jordy);
  • Charles Adriano Siqueira de Souza;
  • José Maria Mattar;
  • Juliana Machado da Silva Ribeiro;
  • Leonardo Loureiro Ferraz;
  • Lucia Maria Caxias dos Santos;
  • Luiz Eduardo Campos de Oliveira;
  • Neide Mara Gomes Palmeira;
  • Raquel Nunes Barboza.

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

CGU termina investigação e diz que registro de vacina de Bolsonaro é falso

A Controladoria-Geral da União (CGU) divulgou nesta quinta-feira (18) que o registro de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra a covid-19 é falso. O órgão finalizou a investigação sobre o caso depois de um pedido de informação por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

“A Controladoria-Geral da União concluiu que é falso o registro de imunização contra o coronavírus que consta atualmente do cartão de vacinação do ex-Presidente da República, o Sr. Jair Messias Bolsonaro”, diz nota da CGU.

Segundo o registro de imunização, Bolsonaro teria sido vacinado contra a covid em 19 de julho de 2022 no Parque Peruche, em São Paulo. O órgão ouviu depoimentos das pessoas que trabalhavam na Unidade Básica de Saúde do bairro, mas nenhum funcionário afirmou ter visto Bolsonaro.

Segundo informações coletadas com a Força Aérea Brasileira, a CGU afirma que o então presidente nem mesmo estava no estado de São Paulo na data da suposta vacinação. Bolsonaro estava em Brasília e não fez voos até três dias depois da suposta imunização.

Além disso, a enfermeira que teria aplicado a vacina e que aparece no registro não trabalhava mais na unidade de saúde.

“Os auditores tomaram, inclusive, o depoimento da enfermeira indicada no cartão de vacinação como aplicadora do imunizante, mas essa negou que tenha feito tal procedimento. E ainda, afirmou que não trabalhava mais na Unidade naquela data, o que foi confirmado por documentos”, diz a CGU.

De acordo com o órgão, os funcionário da unidade de saúde também negaram terem recebido pedidos para registrar a imunização do então presidente da República. A suposta vacinação de Bolsonaro também não constava nos documentos internos da unidade.

Apesar de afirmar que a vacinação de Bolsonaro foi falsa, a CGU não cita culpados pela falsificação do cartão de vacina. Sobre a participação de um servidor federal no caso, o órgão diz que “nada foi localizado nesse sentido”.

Cartão de vacina de Bolsonaro

O Cartão Nacional de Vacinação de Bolsonaro contava com três registros de vacinação. A imunização que teria sifdo realizada em São Paulo e que a CGU concluiu ser falso e mais dois, no Rio de Janeiro. Esses outros dois registros, no entanto, foram cancelados por agentes municipais antes de qualquer investigação da Controladoria.

Os registros no Rio de Janeiro foram os que levaram à prisão do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. Durante sua detenção, Cid assinou um acordo de delação premiada.


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