04/05/2024 - Edição 540

Ecologia

Está com calor? Calma que vai piorar com a Amazônia seca e mais inflamável

Onda de calor em MS exige não só cuidados com a saúde, mas também uso consciente da água

Publicado em 13/11/2023 1:17 - Leonardo Sakamoto (UOL), Semana On – Edição Semana On

Divulgação Divulgação/Metsul

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Você está passando mal com a onda recorde de calor que atinge boa parte do país? Pois isso não é nem de perto o que o futuro nos aguarda com a mudança do clima na Amazônia somada a anos de destruição. Dados recentes comprovam que a floresta está ficando mais inflamável e pode causar uma catástrofe não apenas aos 28 milhões de habitantes da região, mas ao resto do país. E do mundo.

Esqueçam o terraplanismo de Bolsonaro, que repetia à exaustão que “a Amazônia, por ser uma floresta úmida, não pega fogo”. Criminosos com latas de óleo diesel transformam regularmente a mata em pó no tempo seco. Como no Dia do Fogo, em 10 de agosto de 2019, quando produtores rurais articularam um incêndio simultâneo em vários pontos da Amazônia com a anuência de Jair.

Por mais que a gestão de Marina Silva tenha conseguido reduzir em 22,3% o desmatamento na Amazônia em um ano, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o fogo, protagonista da gestão anterior, continua. E, com isso, cidades como Manaus estão sob neblina espessa.

Contribui para isso uma estrutura de combate ao fogo também não tem se mostrado suficiente e a oposição dos ruralistas no Congresso Nacional a medidas mais duras que poderiam aumentar o controle sobre a ocupação agropecuária da Amazônia.

Sim, é o puro suco do cinismo: o bolsonarismo usa a fumaça de hoje na capital do Amazonas, tentando vender a ideia estapafúrdia de que isso prova que Bolsonaro nada podia fazer. O que é patético, uma vez que Jair ajudou a plantar o descontrole que vivemos hoje e que não se freia de uma hora para outra.

Mas, para piorar tudo isso, dados consolidados do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), do INPE, mostram que dobrou a responsabilidade de incêndios florestais no total de queimadas na Amazônia.

O secretário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente, André Lima, apontou que a seca tornou a floresta mais vulnerável a incêndios de grandes proporções. E lembrou que queimadas degradam florestas tornando-as mais vulneráveis a incêndios nos anos seguintes.

As mudanças no clima, seja a conjuntural ou a estrutural, somadas às queimadas de anos anteriores fazem com que as árvores fiquem mais inflamáveis.

A Amazônia está vivendo uma das piores secas de sua história, com rios intrafegáveis e falta de água potável. O El Niño, o fenômeno de aumento anormal da temperatura do Pacífico, veio forte, provocando falta de chuvas no Norte e inundações no Sul do Brasil. Isso também é efeito de uma nova realidade climática.

Antes, a floresta contava com defesas naturais diante do fogo, então mesmos os escapes de queimadas não prosperariam com tanta frequência. Contudo, ela está tão seca que o fogo se alastra com mais força.

Quando se fala de adaptação e mitigação diante de eventos extremos, o Brasil discute contenção de encostas para evitar deslizamentos de terra ou criação de reservatórios para garantir água para as cidades. Mas o país não está preparado para massivos incêndios florestais na Amazônia, como ocorre nas florestas temperadas da Califórnia, do Canadá e de Portugal.

As extensas colunas de fogo de origem criminosa que hoje são registradas na Amazônia, e geram fotos que chocam o mundo, são apenas aperitivo do que pode vir a acontecer com a região ficando mais inflamável com a mudança do clima dado o gigantismo da floresta.

Estamos chegando ao momento em que os cenários catastróficos, que apareciam apenas em relatórios de cientistas e bons livros de ficção científica, estão se tornando realidade. E a desgraça climática vai se tornar parte do cotidiano.

Parte da umidade que garante a agropecuária e a vida em locais como São Paulo vem da Amazônia pela atmosfera. Sem as árvores por lá para bombear a água do solo e transpirar para o ar, a vida aqui vai se tornar um deserto insustentável.

Está quente hoje? Como bem analisou o Observatório do Clima, calma que vai piorar.

Onda de calor em MS exige não só cuidados com a saúde, mas também uso consciente da água

O forte calor estacionado sobre o Mato Grosso do Sul colocou a população em alerta e levantou preocupação quanto aos cuidados do período. O Governo do Estado faz inúmeras orientações para enfrentar o período diante dos riscos que as altas temperaturas trazem à saúde pública. Contudo, a onda de calor vai além e exige atenção extra em outras áreas.

Uma delas é sobre o uso da água, o recursos naturais mais procurados nesse momento para atenuar os efeitos da temperatura elevada, com previsão de alcançar a marca de 45°C até o dia 20 deste mês – período estimado pelo Cemtec de duração da atual onda de calor.

Para encarar o aumento abrupto do consumo de água nas residências dos 68 municípios abastecidos pela Sanesul (Empresa de Saneamento do Estado de Mato Grosso do Sul) no Estado, a empresa lista orientações e dicas sobre o uso consciente do recurso.

Hábitos como o uso de mangueiras para umidificar ambientes, molhando paredes, ruas e calçadas, sejam evitados, já que além de não resolver o problema do forte calor e atenuá-lo de forma pouco eficaz, acabam incidindo em grande desperdício de água tratada.

Isso pode prejudicar o abastecimento de água, provocando pressões nas redes e criando pontos de intermitência, principalmente nas regiões mais elevadas – ou seja, esses locais ficam desabastecidos, sem que a água chegue ali por chegarem a outros antes.

Outras práticas reprovadas pelos técnicos da Sanesul é a permanência de torneiras ligadas em atividades corriqueiras, como escovar os dentes, fazer a barba e lavar louças e outros objetos. Se cada um fechar a torneio nos momentos em que a água não está sendo utilizada, no final a redução de consumo coletivo é enorme e evita problemas na rede.

O mesmo vale para o momento da limpeza das casas, onde existe o hábito de permanecer com mangueiras ligadas por longo período – inclusive para arrastar a sujeira de casas, garagens, quintais, calçadas e até da rua, próximo ao meio-fio.

Então, qual a solução?

A recomendação para evitar tais desperdício é o fechamento das torneiras ao lavar louças e escovar dentes, adoção de baldes para realizar as limpezas gerais das casas, carros e imóveis, e evitar o uso de mangueiras, as trocando por vassouras nas limpezas. O uso de regadores para molhar as plantas é outro hábito a ser cultivado, aponta a Sanesul.

Outras dicas apontam para o reaproveitamento a água da máquina de lavar para limpeza em geral, se assim for possível, redução do tempo de banho e evitar permanecer com o chuveiro ligado ao se ensaboar. Tais orientações também auxiliam, fora das ondas de calor, na ecoconservação.

Outro ponto que a Sanesul também reforça é a importância de ter uma caixa d’água no imóvel, pois ela garante o abastecimento contínuo em caso de interrupção temporária por razão de reparos emergenciais ou manutenção na rede de distribuição.

Atendimento

A Sanesul é a fornecedora de água potável para a maior parte de Mato Grosso do Sul, somando 68 dos 79 municípios do Estado. Vinculada ao Governo do Estado, ela disponibiliza um serviço de atendimento ao consumidor 24 horas por dia, pelo telefone 0800 067 6010.


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