12/05/2024 - Edição 540

Ogroteca

Os defensores de Tóquio voltaram!

Lançado como brincadeira, 3d&t é um RPG imortal que renasce mais uma vez

Publicado em 18/08/2023 11:50 - Fernando Fenero

Divulgação

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Em 1995 o Brasil já era tetracampeão, Rubens Barrichello era nossa esperança na Formula 1, e o Campeonato Brasileiro era vencido pelo arrasador Botafogo de Túlio Maravilha (ainda que a fórmula tenha prejudicado o Palmeiras).

Na televisão, o fenômeno Cavaleiros do Zodíaco explodia na Manchete, era a cereja do bolo de anos recebendo conteúdo infantil japonês. Séries de tokusatsu como Jaspion, Changeman e Jiraya prepararam o terreno para uma invasão de animes que vieram na onda de Cavaleiros do Zodíaco.

Ao mesmo tempo que o RPG criado lá na década de 70 nos Estados Unidos, agora desembarcava no Brasil com aporte de grandes empresas, ainda que fosse de difícil acesso, caro e em tiragens baixas, e essa falta de produto no mercado fez a revista Dragão Brasil acontecer, já que ampliava os jogos com material todos os meses.

E no trio original da Dragão Brasil, a criativa mente de Marcelo Cassaro fervilhava nas adaptações de filmes, séries e animes para Dungeons & Dragons, e o cara era o nome certo para isso já que já tinha um passado em revistas de videogame e adaptando de tudo nas revistinhas de quadrinhos como o Didi dos Trapalhões como Robocop.

Desse caldeirão, nasce o Defensores de Tóquio. Uma revista lançada nas bancas de jornal, com forte apelo cômico, e que adaptava as séries japonesas que estavam em evidência com muita competência. Golpe Final, Grito Ridículo, discursos antes das batalhas, tudo estava lá, em um sistema simples. Cinco atributos (Força, Habilidade, Resistência, Armadura e Poder de Fogo) mais Pontos de Vida, Vantagens, Desvantagens e pronto, seu personagem estava pronto para salvar o Japão de uma nova ameaça.

A revista sumiu das bancas, e com isso houve a necessidade de uma nova edição, quando nasceu o Advanced Defensores de Tóquio, uma piada com o RPG mais jogado da época, o Advanced Dungeons & Dragons ou Ad&d. Mais uma vez a piada saiu de controle, e logo saíram algumas adaptações levando a sério o jogo.

Em 1998 a terceira edição chegaria reformada, o 3d&t agora era genérico e começou a ser vendido com revistas adaptando clássicos dos videogames como Mortal Kombat, Street Fighter e Mega Man. Tormenta tomava corpo, então o conteúdo do cenário brasileiro também era adaptado ao antigo jogo de sátira, que agora era considerado um bom RPG genérico apesar do preconceito do pessoal mais radical.

Apesar do sucesso, e de sempre ter gente jogando, o 3d&t nunca foi levado muito a sério, e deveria, já que é porta de entrada para muito jogador de RPG que depois de um tempo vai consumir outros jogos, e é isso que mantém o hobby vivo. Eu mesmo comecei no RPG com Defensores de Toquio, sem revista nem nada, já que meus primos lembraram as regras de cabeça, e fizeram um resumo em um caderno velho, e somado a um dado de seis lados feito de um toco de vela, jogamos pra caramba naquelas férias de fim de ano.

E como eu disse anteriormente, foi a porta de entrada para o mundo do RPG, e 30 anos depois eu não parei de jogar, produzir material e narrar. E é com carinho que vejo esse renascimento do 3d&t em sua versão Victory, o que seria sua sexta versão e está em financiamento coletivo no Catarse.

3d&t Victory: o que muda?

Aqui vamos ver a maior mudança no jogo desde 1998, a principal delas é que agora os atributos são apenas três: Poder, Habilidade e Resistência, um resumo que acaba com a apelação de ter Habilidade alta no jogo.

O Fastplay foi disponibilizado dia 17 de Agosto, em sessenta páginas feitas com todo cuidado para tornar a leitura na tela de um celular uma tarefa fácil, e que resume as regras mostrando atributos, testes, vantagens e desvantagens, uma amostra grátis do jogo mas que permite que se jogue sem qualquer problema, o que é ótimo para quem quer começar a jogar e esbarra na dificuldade em conseguir o material.

O projeto do Victory me decepcionou um pouco, o livro trás não só as regras revisadas (que são o ponto alto do projeto) como oferece o cenário Era das Arcas, baseado na nova série de romances de Marcelo Cassaro e que foi lançado no Diversão Offline 2023, mas que confesso não ter dado a atenção o suficiente, mas tudo indica que o cenário oferece sabores diferentes para que o jogador possa curtir o jogo independente do estilo que quiser jogar.

São quatro sub-cenários: Guerra da Galáxia (ficção científica baseado na HQ UFO Team, Capitão Ninja e Espada da Galáxia), UniPotência (uma escola de heróis onde Victória, a maior heroína do mundo é a reitora), Operação ARSENAL (onde ARSENAL se torna um Bison de um mundo no estilo jogos de luta) e Tormenta Alpha (que é Tormenta, mas aqui é como se o cenário fosse um MMORPG).

Como se não bastasse, no site da Jambô pipocaram várias adaptações para o novo jogo: Barbie, Naruto, Jovens Titãs, Jojo’s Bizarre Adventure e One Piece, deixando claro como o sistema é adaptável, simples e rápido.

Faltando 18 dias para o fim do financiamento, o jogo já está em 254% do valor arrecadado, conseguindo somar 450 mil reais, liberando metas como música tema, arquétipos e regras avançadas, e isso é um dos meus incômodos, eu realmente esperava mais das metas estendidas e me incomoda ver conteúdo que deveria vir originalmente lançado no livro estar preso a quantidade de dinheiro arrecadado. É tipo comprar um jogo com DLC a parte já no lançamento.

O pacote mais barato do financiamento coletivo custa R$69 reais, sendo essa uma versão econômica (brochura, miolo em preto e branco) e que acompanha o formato digital em PDF, e o livro padrão está por R$149 reais (capa dura, miolo colorido), acompanhando também alguns brindes e formato digital.

Senti falta da opção do livro digital, com precinho maneiro, algo como R$20 reais, e digo isso porque insisto na qualidade que o jogo tem em ensinar quem quer aprender a jogar RPG, então espero que depois do lançamento do jogo, algo seja feito nesse sentido.

Com artes exclusivas, o livro está prometido para Março de 2024, mas eu não espero receber nada antes de Dezembro de 2024, e se acostume com isso se quer entrar no mundo dos financiamentos coletivos de RPG no Brasil.

Para apoiar, entre no link: https://www.catarse.me/3det

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Fernando Fenero


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