12/05/2024 - Edição 540

Ogroteca

O Twitter morreu, mas passa bem

A rede social vive um momento turbulento e respira por aparelhos

Publicado em 18/11/2022 1:54 - Fernando Fenero

Divulgação Reprodução

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Na Genesis das Redes Sociais na internet em 2006, quatro caras pensaram na seguinte proposta: e se pudéssemos unir as mensagens de celular em um só lugar? 140 caracteres dos SMS\Torpedos tão populares nos Estados Unidos enviados para uma plataforma, permitindo não só falar com amigos, mas também com famosos e desconhecidos.

Virou febre em pouco tempo, era simples, rápido, ótimo para se informar, saber as notícias, combinar os rolês e tudo mais que a imaginação do jovem millenium permitia. Famosos logo lotaram a rede, e milhares de anônimos vieram em seguida com perfis longe do real, mas isso era parte da graça da plataforma.

O Twitter nasceu, cresceu, virou um ninho da extrema direita delirante (não é como se houvesse outro tipo de extrema direita) e começou a tomar paulada e pedrada por todo mundo. Sistemas judiciários de países preocupados com o fenômeno Trump começaram a cobrar a empresa sobre alguns comportamentos, e infelizmente isso aconteceu depois de 2018 e com um Xandão bem inspirado talvez tivéssemos evitado o fenômeno Bolsonaro no Brasil.

E como chutar cachorro semi-morto é coisa de bilionário, foi lá Elon Musk (herdeiro de minas de esmeraldas tocadas a trabalho escravo e candidato a Lex Luthor) chafurdar na desgraça da rede que estava tendo dificuldades de fazer dinheiro e se manter.

Tal qual um Midas reverso, Musk colocou suas mãos sobre o passarinho azul e logo transformou tudo em merda, isso sem nem ao menos comprar a companhia. Só de ameaçar a compra já criou um reboliço no mercado, variação das ações, e depois de algum tempo ameaçando a conclusão como a antiga batida de penalidade do adulto Neymar ele decidiu por não adquirir.

Para logo depois voltar atrás e evitar um processo.

Então o ex-calvo Elon Musk, abandonado por mulheres que não suportam seu estilo bilionário excêntrico babaca, colocou sua magia meritocrata para funcionar, com duas decisões dignas do primeiro escalão do governo brasileiros indicado pelo agora sumido Olavo de Carvalho.

A primeira foi começar um cabo de guerra com seus novos funcionários. Boa parte deles trabalhava com formas de moderar o conteúdo, o que foi diretamente oposto a proposta genial de formar um lugar com direito de se expressar, o que significa defender criação de partido nazista como o apresentador de podcast com nome de bicicleta queria.

Talvez a galera da moderação do Twitter ficasse de boa, mas o menino Musk cansou de brincar com seus outros brinquedos, e tendo esse novo na mão decidiu também encher o saco de quem trampava remotamente ou fora do esquema que ele acha certo.

Outra brilhante decisão do potencial inimigo do Superman foi cobrar por um selo de verificado.

Essa genial decisão criou situações como a de um fake de uma corporação farmacêutica que com um verificado falso informou que tornaria a insulina gratuita, e o que poderia ser uma ótima fake News e causar alegria em milhões de diabéticos no mundo, acabou se transformando em um desastre financeiro com a empresa real tomando um prejuízo colossal.

O Mercado não é bonzinho, e não tem bom humor.

Mas essa semana Elon Musk bateu mais um record em sua tentativa de destruir o Twitter intencionalmente ou não, já que o cabo de guerra que estava tendo com os funcionários foi vencido por ele, que agora está sozinho dentro do prédio da empresa em São Francisco enfrentando um desligamento em massa, quem não foi demitido está se demitindo, e como uma das coisas engraçadas da vida, estão fazendo isso pelo próprio Twitter.

Especialistas, assim como este colunista que vos escreve, acreditam que isso pode destruir a plataforma a médio prazo. Primeiro porque quem estava preparado para anunciar na Black Friday e começar a fazer as campanhas de Natal agora vai focar no Facebook do reptiliano Zuckerberg que gosta e precisa fazer uma grana, e no sempre retorno garantido do Youtube, e imagino que os chineses do TikTok estão com uma coceirinha nas mãos avisando da chegada de um bom dinheiro.

Segundo que mesmo levando os funcionários da Tesla para tampar o sol com uma peneira, os caras só vão conseguir implementar a melhor filosofia de trabalho do mundo: Extreme Go Horse, que é complexa e linda e se baseia em botar pra funcionar a qualquer custo e dane-se as consequências.

Gastando recurso com isso, voltando a permitir malucos proibidos pelas justiças mundo a fora de espalhar sandices e afastando as empresas que vão guardar seu rico dinheirinho para outras redes, o Twitter está em rota direta para a estação Desgraça, e pelos danos causados pelo passarinho azul eu fico até ansioso de ver acontecer.

PS: procurado por esta coluna, Olavo de Carvalho não se manifestou.

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Fernando Fenero


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