12/05/2024 - Edição 540

Ogroteca

O maldito spoiler

E o Choque de Gerações

Publicado em 08/09/2022 12:32 - Fernando Fenero

Divulgação

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O maldito spoiler.

Além de nomear o não tão famoso acessório automotivo, o termo define também a informação sobre qualquer conteúdo que chega ao expectador antes que o mesmo assista ou jogue de fato. Para criar um exemplo bastante raso e simples, seria alguém contar que Jesus morre para quem está lendo o livro de Êxodo, do Velho Testamento.

Apesar da maioria das pessoas realmente não gostar de spoiler, existe uma ambiguidade nesse sentimento e é algo que extrapola completamente o mundo da cultura pop, e isso é mais facilmente observado quando separamos em gerações.

A geração X comprava a revista Contigo para saber tudo sobre o que aconteceria na novela durante a semana, existia uma máfia para entregar quais seriam os finais dos folhetins e era comum essa simbiose de ator e jornalista para trocar informações e favores. Isso não muda muito com a geração Y, que continuava comprando a Contigo, mas para a molecada nerd havia a revista Herói, Ultrajovem, Gamepower, Videogame e várias outras.

Sejamos sinceros, quem cresceu comprando revista com detonado de jogo e adiantando as sagas de Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco que ainda não haviam chegado no Brasil, não vai ser tão sensível a um meme de rede social sobre algo que aconteceu em House of Dragon.

E aqui eu separo o spoiler em dois níveis diferentes, o que diz o que acontece, e o que diz o que e como acontece. Parece ser a mesma coisa? Mas não é não, o ponto é que uma coisa é dizer que o personagem vai morrer, a outra é dizer quem e como vai morrer, tanto que o marketing muitas vezes é feito usando esse recurso, e existe um mercado enorme de consumo e geração de conteúdo voltado a isso. Pessoas que analisam trailers e posteres para decifrar o que vai acontecer.

Curiosamente a gente vê nas manifestações públicas da Geração Z que nem isso é aceito, o spoiler independentemente de como chegue é uma ofensa e amizades são estremecidas por causa disso, e é engraçado pensar que é justamente a geração que mais se comunicou com memes e nasceu com as redes sociais se solidificando, justamente os instrumentos mais problemáticos para quem quer evitar spoiler.

E hoje onde você ou pega a Netflix entregando TUDO de uma vez só em suas séries criando uma chuva de meteoros para quem assiste em outro ritmo que não seja alucinante como os expectadores mais radicais, ou você sofre igual com o conteúdo semanal da Amazon Prime ou HBO Max em que o episódio da semana é debatido sem piedade de quem não assistiu horas depois do lançamento.

Tem como evitar o aborrecimento? Só se escondendo da internet quase que completamente, porque a pancada pode vir de qualquer portal, ou de um story do Instagram, ou num meme figurinha do Whatsapp. Ou talvez voltarmos a idade da pedra e marcar na agenda o lançamento do episódio para assistir antes de todo mundo.

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