12/05/2024 - Edição 540

Ogroteca

Meu precioso universo tolkieniano

Fechado o ciclo da série baseada na obra de Tolkien, é chegada a hora de fazer um balanço do que foi apresentado e passar a régua

Publicado em 14/10/2022 3:04 - Fernando Fenero

Divulgação

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Jeff Bezos via o poder de Game of Thrones na HBO e decidiu fazer sua própria série de fantasia no seu serviço de streaming. Abriu a carteira, e comprou um monte de propriedades intelectuais, e com tanta coisa nesse cesto, o filé certamente era o direito da adaptação da obra do professor inglês.

E daí o bilionário mexeu num vespeiro, o fã de Senhor dos Anéis é exigente, digeriu a complexa obra por décadas e recebeu uma obra prima de Peter Jackson (antes do Hobbit decepcionar tanta gente, e a principal questão era: como adaptar algo tão grandioso para TV? A Amazon respondeu com um orçamento brutal de 1 US$ bilhão de dólares, mais de 100 milhões de dólares por episódio dava a confiança de ver a mesma qualidade da trilogia que ganhou um caminhão de prêmios da academia de cinema.

Então veio o elenco, e a Amazon foi corajosa e decidiu adaptar com inclusão racial. Matou no peito a polêmica e escalou atores negros para viver elfos e anões (aqui apontado como raça fantástica) e isso gerou muito burburinho. Os mais radicais diziam que isso não era correto uma vez que distanciava da obra original, apesar de parte da fanbase apontar que a questão racial não era importante, e que havia dubiedade na afirmação dos traços raciais.

Certo é que a questão não foi superada, e é sempre usada como munição de quem quer retribuir seu racismo e ódio, mas qualquer pessoa razoável sabe e entende que a cor do personagem não é relevante para a história, e que o incomodo com isso é só o mais estúpido racismo.

Então quando Anéis do Podes estreia, temos esse cenário: muito dinheiro investido e a polêmica sobre o elenco multi racial, agora era só adaptar bem a história que pelo nome deveria retratar os Anéis do Poder, artifício usado por Sauron para controlar os povos da Terra Média.

E logo no primeiro par de episódios lançados no mesmo dia, vimos que não seria bem assim. A história adapta alguns momentos do Silmarillion, mas com pé no freio, demorando muito para apresentar o cenário e as personagens.

Se o que se via em tela era realmente bonito, com ótimos cenários, bom gráficos e ótimo figurino, mas roteiro bagunçado, mal feito e com atuações que tornaram a comparação com novela bíblica justa. Particularmente a fotografia foi o que mais me desagradou, mas a mudança repentina de opinião e comportamento dos personagens desafia a suspenção de descrença, não vou nem quero exemplificar porque seria impossível fazer isso sem dar spoilers.

É o suficiente para estragar a experiência? Não acho que seja, assim como a novela da Record, podemos esquecer a parte ruim e continuar se divertindo, mesmo que com aquele sabor de “podia ser muito melhor”.

Terminada a primeira temporada, é certo que a a Amazon faça bem sua pesquisa e ofereça na segunda temporada algumas mudanças, ainda que eu não acredite em um mesmo orçamento no ano que Anéis de Poder brigaria sozinha já que “Casa do Dragão” vai passar por um hiato.

E que em 2023 eles voltem com outro ânimo.

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Fernando Fenero


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