12/05/2024 - Edição 540

Ogroteca

Inteligência Artificial vai demitir os ilustradores?

IA’s que ilustram começaram a invadir a internet e se tornaram populares

Publicado em 08/12/2022 10:46 - Fernando Fenero

Divulgação

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Não é exatamente uma novidade, a Inteligência Artificial está sendo tratada e desenvolvida desde a Segunda Guerra Mundial, tal qual a Internet e desde lá evoluiu um bocado fazendo um monte de coisas que você não parou pra pensar que era serviço “delas”.  Semáforos, elevadores, estacionamentos, sistemas de segurança… muita coisa hoje é cuidada por IA’s, e na média melhora o serviço e deixa tudo mais prático.

Mas, recentemente, as IA’s que ilustram começaram a invadir a internet e se tornaram populares. Desde fotos com filtros até ilustrações orientadas, teve gente que montou um grafic novel completa só com imagens geradas pela máquina e o resultado ficou muito bom.

Então artistas começaram a se rebelar.

Ameaçados pelas máquinas, lançaram um movimento e selo de “Feito por Humanos” e acusam máquinas e seus desenvolvedores de roubarem sua arte.

E destrinchando esse argumento, as máquinas roubam a arte? Sim e não, depende do ponto de vista. As IA’s copiam estilos de artes de vários artistas estudando os padrões de traço e cores e depois aplicam sobre outras imagens ou conforme instrução de um operador.

A máquina não faz nada sozinha, precisa ser primeiro desenvolvida e programada para tal, e depois precisa ser provocada pelo usuário para que possa gerar qualquer resultado, então pode esquecer da possibilidade do seu CPU Snapdragon sair do seu celular para divulgar um projeto de histórias em quadrinhos no Catarse.

Mas o buraco é mais embaixo.

As IA’s vão mexer no mercado de arte e ilustração, isso é óbvio e não sou Mãe Dinah participando do Domingão do Faustão para adivinhar primeiro o que vai acontecer com essa galera e o que metade dos brasileiros que não estavam vendo o programa dominical estavam fazendo.

Mas sendo bastante sincero e pessimista, o problema no futuro é ainda maior.  A automação de funções em conjunto com inteligências artificiais vai pulverizar completamente cargos e postos de trabalho. Parece exagero da minha parte? Não é.

Funções como telemarketing hoje são feitas em boa parte por máquinas, só aquilo que for muito específico vai entrar na fila de um atendente humano, o que tira vaga de 19 pessoas e deixa uma solitária na baia de atendimento.

E limpeza? Robô aspira pó e passa pano, entende o padrão da sujeita e trabalha nos melhores horários. E não, não é ficção científica… na Ásia alguns restaurantes já tem atendimento com robôs totem que somado ao uso do smartphone fazem a experiência ficar muito diferente.

Mas você deve estar pensando que vai demorar pra chegar no Brasil, certo?

Errado.

Sabe aquele mercado de bairro que tinha açougueiro, padeiro, auxiliares de limpeza, estoquista, a funcionária do caixa e o gerente? Uma rede gringa de supermercados já tem unidades em São Paulo de auto atendimento.

Igual ao que a gente já em aqui em Campo Grande onde você passa as compras? Não, muito mais avançado e cortando o trampo das pessoas na raiz.

O mercado tem um carrinho que grava tudo que você coloca dentro, depois você passa no caixa, paga no cartão e vai embora. Limpeza? Uma empresa terceirizada faz a cada X horas, Açougueiro e Padeiro? Tudo já vai para a loja de forma fracionada em bandejas. O Caixa é automatizado, o estoquista tem relatório gerado por uma Inteligência Artificial que avisa quando precisa ir até o local repor uma mercadoria evitando produtos vencidos ou desperdício no estoque.

Na prática, você dissolve cem empregos em menos de cinco.

Então corremos o risco de termos uma boa parte da população ociosa em alguns anos, e é claro que isso não vai afetar todo mundo, máquinas ainda precisam de manutenção e desenvolvimento e algumas funções são bem complicadas de automatizar, como um salão de beleza, ao mesmo tempo que as IA’s já analisam milhares de páginas de contrato em serviços jurídicos e oferecem hipóteses de tratamento em hospitais, a força de trabalho humana tende a ser menos necessária.

E me repetindo, é preciso pensar se a sociedade prefere se tornar algo como em Blade Runner ou se preferimos um futuro no estilo Star Trek, em ambos os casos a ciência evoluiu para o patamar que estamos hoje, e daí em diante as coisas mudaram muito.

É algo para se pensar.

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Fernando Fenero


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