Brasil
Publicado em 04/01/2016 12:00 -
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Se o cenário político agravou a crise econômica brasileira e tornou 2015 um ano difícil para investidores, a perspectiva é de um quadro ainda mais desafiador em 2016.
Os últimos meses do ano foram marcados pela alta volatilidade no mercado financeiro. Bolsa e dólar tiveram fortes oscilações a cada sinal de avanço do impeachment da presidente Dilma Rousseff ou retrocesso no ajuste fiscal.
E a imprevisibilidade deve continuar. Antes do recesso do Congresso, o governo conseguiu aprovar algumas medidas do ajuste, mas pontos importantes, como a volta da CPMF e novas reduções de incentivos fiscais, ainda estão travados no Legislativo.
Além das incertezas sobre o ajuste, há o risco de a presidente Dilma Rousseff não encerrar o mandato –a previsão é que a abertura do processo de impeachment seja votada em março.
Com este cenário, fica ainda mais difícil prever o desempenho das aplicações financeiras e, assim, escolher o melhor investimento para o ano. Uma coisa, no entanto, é certa, segundo analistas e economistas: os juros continuarão subindo, tornando a renda fixa ainda mais atraente.
No mercado de ações, a tendência da Bolsa brasileira ainda está indefinida. Depois de acumular quedas nos últimos três anos, ela continua sujeita ao desenrolar da crise. E, em um cenário de juros em alta, precisaria ter desempenho positivo de ao menos 20% no ano para compensar o risco e atrair quem está apostando na renda fixa, dizem analistas.
Eles apontam, no entanto, que ainda há boas oportunidades na Bolsa brasileira, desde que o investidor esteja disposto a garimpar ações de empresas em boas condições. "A nossa recomendação é para algumas empresas, não para a Bolsa", afirmou Andrew Campbell, estrategista-chefe da corretora do Credit Suisse, em almoço com jornalistas.
Entre as opções que podem render retorno positivo, citou os papéis de BB Seguridade e Cielo, além de companhias que se beneficiaram da exposição ao dólar em 2015, como JBS, Minerva e Marfrig.
Câmbio
A atenção com a taxa de câmbio também deve continuar neste ano. Depois de subir 49% em 2015, o dólar continua com tendência de alta. Economistas ouvidos pelo boletim Focus, do Banco Central, projetam cotação de R$ 4,20 para a moeda em dezembro.
Para ajudar os investidores a saberem o que esperar de 2016, reunimos as projeções de analistas do mercado financeiro e economistas sobre o que aconteceria com Bolsa, dólar e juros em quatro cenários: com Dilma Rousseff ou o vice Michel Temer na Presidência, e com ou sem avanço do ajuste fiscal.
COM AJUSTE FISCAL
Dilma se mantém no cargo
Conseguir se manter no cargo não garante o fim das dificuldades para a presidente. Para se livrar do impeachment, ela precisa de pouco mais de um terço de apoio na Câmara. Mas, se quiser aprovar medidas de ajuste fiscal precisará de maioria. Dificilmente a presidente terá força para encampar reformas de maior envergadura, como a da Previdência, que demanda maioria qualificada
Bolsa: entre 44 mil e 48 mil pontos, praticamente na mesma faixa em que oscilou neste ano
Dólar: na casa dos R$ 3,90, pressionado pelo cenário político, que agrava a aversão ao risco
Juros: podem ceder um pouco no fim de 2016, a depender do comportamento da inflação
Temer assume a presidência
O cenário que mais entusiasma os analistas, que acreditam que o vice-presidente começaria o mandato com força política capaz de aprovar reformas de maior impacto no ajuste das contas públicas, como a da Previdência
Bolsa: entre 50 mil e 55 mil pontos, após momento de euforia
Dólar: pode oscilar entre R$ 3,50 e R$ 3,80, abaixo do nível atual
Juros: caem com a diminuição do risco de descontrole dos gastos do governo
SEM AJUSTE FISCAL
Dilma se mantém no cargo
Para os analistas, este seria o pior cenário. Nele, a paralisia do governo se mantém mesmo após a presidente ter conseguido se manter no cargo. O endividamento do governo cresce e a recessão se aprofunda
Bolsa: em 40 mil pontos, com a saída de estrangeiros e a ausência de investidores pessoa física
Dólar: a tendência é de alta; no cenário mais extremo, passaria de R$ 5, obrigando o Banco Central a utilizar as reservas internacionais para conter a elevação
Juros: se o dólar disparar, podem chegar à casa dos 20%, com a inflação ainda mais alta do que os 10,5% projetados para este ano
Temer assume a presidência
Inicialmente, a reação do mercado seria positiva, dizem analistas. No médio prazo, no entanto, a continuidade dos problemas de governabilidade, agora enfrentados pelo novo presidente, prejudica a economia. O endividamento do governo cresce e a recessão se aprofunda
Bolsa: com a mudança de comando, sobe para 50 mil pontos; a alta inicial, porém, não se sustentaria
Dólar: na casa de R$ 3,80 a R$ 3,90, influenciado pela incerteza sobre a recuperação da economia
Juros: estáveis e em patamar elevado para conter a inflação e tentar atrair recursos estrangeiros
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