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Publicado em 08/06/2018 12:00 -
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Sete potências econômicas mundiais irão se reunir a partir desta sexta-feira (8). Ou melhor, "seis mais uma" —como foi apelidada a cúpula do G7 deste ano, tamanho é o abismo entre os EUA de Donald Trump e os outros integrantes do grupo (França, Reino Unido, Alemanha, Canadá, Japão e Itália).
O encontro coincide com o ápice da controvérsia em relação às tarifas contra o aço e o alumínio importados pelos EUA, que desencadearam retaliações no mundo todo e enfureceram particularmente os líderes da União Europeia e do Canadá, dois dos principais parceiros comerciais e aliados dos americanos.
"São medidas contraproducentes, até para sua própria economia", declarou o francês Emmanuel Macron na quinta (7). "É uma ação inaceitável", exclamou o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, cujo país é um dos maiores exportadores de aço para os Estados Unidos e será sede do encontro de líderes.
Mas não se trata do único pomo da discórdia no grupo, que também deve debater o acordo nuclear com o Irã (do qual Trump se retirou), o aquecimento global (ironizado pelo americano) e a igualdade de gênero.
Recebido por Trump na Casa Branca com afagos e juras de amizade semanas atrás, o presidente da França declarou que o americano está isolado e disse que não vai se importar em assinar uma declaração final que não inclua os EUA.
"Esses seis países representam valores e um mercado econômico sustentado pelo peso da história, e que é uma verdadeira potência", afirmou Macron, que se queixou das críticas que recebe pela docilidade com o americano.
"Tento convencê-lo, mas não posso tomar decisões por ele, nem ser responsabilizado por aquilo que ele faz."
O francês fez um pronunciamento em favor do multilateralismo e assinou um compromisso com o premiê canadense, Justin Trudeau, em prol de um "sistema de livre-comércio, aberto e baseado em regras internacionais".
"Os negócios crescem quando se abrem para novos mercados; isso ajuda a colocar comida nas mesas das famílias, a gerar crescimento para todos", afirmou Trudeau.
O posicionamento se alinha ao de outros líderes, como a primeira-ministra britânica Theresa May, que afirmou que as tarifas americanas são injustificadas e que vai pressionar Trump a revê-las.
O republicano não deixou por menos. Ao final do dia, depois de a imprensa relatar que ele estava descontente com a viagem ao Canadá e queria mesmo era centrar esforços no encontro com o norte-coreano Kim Jong-un, na semana que vem, o americano "desabafou" nas redes sociais.
"Por favor, avisem Trudeau e Macron que eles atacam as tarifas, mas criam barreiras não monetárias", disparou, mencionando o superávit da União Europeia com os EUA e o desinteresse do Canadá pelos produtos agrícolas americanos.
Principal assessor econômico da Casa Branca, o economista Larry Kudlow disse que rusgas são normais, como numa "briga de família", mas que acreditava que os países poderiam trabalhar em torno de interesses comuns.
Foi o que afirmaram também os líderes da França e do Canadá. "Temos que conversar tanto sobre pontos em que concordamos quanto sobre aqueles em que não concordamos. É para isso que serve o G7", declarou Macron.
A animosidade chegou a tal ponto que se especulava sobre a possibilidade de Trump não viajar a Québec. "Segundo os últimos tuítes, ele vem", brincou o canadense Trudeau.
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