08/05/2024 - Edição 540

Palavra do Editor

A aposta errada de Temer

Publicado em 27/05/2016 12:00 -

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Com menos de três semanas de Governo, Michel Temer perdeu o segundo ministro. Fabiano Augusto Martins Silveira, que ocupava o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle, pediu para sair após a divulgação da gravação em que ele critica a Operação Lava Jato. A primeira defecção do governo interino ocorreu no Ministério do Planejamento, com a queda do braço direito de Temer, Romero Jucá, que havia sugerido um acordo para dar um basta nas investigações sobre desvios na Petrobras.

A gravação que levou Fabiano a pedir demissão foi feita pelo delator e ex-presidente da Transpetro Sergio Machado durante uma reunião na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros, na presença de Jucá e José Sarney. Na oportunidade, o ex-ministro – que então ocupava o Conselho Nacional de Justiça – diz que “os procuradores da República estavam perdidos na Lava Jato”. Jucá também caiu devido a gravação de Machado.

Na busca pela estabilidade do poder, o presidente aliou-se a um Legislativo reconhecidamente corrupto e desdenhou das ruas, cuja pauta principal desde 2013 é a ética. Uma aposta muito alta para um governo interino e impopular.

Temer não tem muito tempo para organizar a desordem que estabeleceu no Governo ao trazer para o seu lado vários protagonistas de escândalos e suspeitos em investigação. Os próximos da lista podem ser os titulares do Turismo, Henrique Alves, e dos Transportes, Maurício Quintela.

O primeiro enfrenta dois pedidos de inquérito relacionados com a Lava Jato, que ainda não foram confirmados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O segundo é suspeito de integrar a “máfia da merenda”, um esquema de desvio das verbas destinadas aos lanches escolares em Alagoas. Outro na mira é o ministro da Secretaria do Governo, Geddel Vieira de Lima, citado em várias denúncias.

Temer está pagando pela decisão de escalar um time político, de reputação duvidosa, com o propósito de ter controle sobre o Congresso, perdido por Dilma Rousseff. Além da urgência em aprovar uma pauta econômica controversa, precisa, afinal, confirmar o impeachment de Dilma para confirmar-se como presidente de fato.

Na busca pela estabilidade no poder, o presidente aliou-se a um Legislativo reconhecidamente corrupto e desdenhou das ruas, cuja pauta principal desde 2013 é a ética. Uma aposta muito alta para um governo interino e impopular.


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