10/09/2024 - Edição 550

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França: extrema direita vence, mas sem maioria para governar, diz pesquisa

Quem é o novo primeiro-ministro trabalhista do Reino Unido

Publicado em 05/07/2024 3:15 - Jamil Chade (UOL), DW – Edição Semana On

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A última pesquisa de intenções de votos antes da eleição na França, neste domingo, confirma que a extrema direita pode vencer o pleito. Porém, sem garantir um número suficiente de assentos na Assembleia Nacional para ter maioria e, assim, nomear um primeiro-ministro.

Veja o que aponta a pesquisa Ipsos-Talan realizada nos dias 3 e 4 de julho com 10 mil eleitores:

– Reunião Nacional: entre 170 e 205 assentos no Legislativo;

– Nova Frente Popular: entre 145 e 175 assentos;

– Coalizão Presidencial: entre 118 e 148 assentos.

O resultado, se confirmado, mostraria um salto inédito para a extrema direita, que dobraria de tamanho dentro do Legislativo e passaria a ser a maior força política. Contudo, distante ainda dos 289 assentos que precisaria para alcançar a maioria absoluta.

Marine Le Pen, chefe da extrema direita, afirmou nesta manhã à imprensa que ainda acredita na possibilidade de seu movimento político atingir um resultado que garanta a formação de um governo, algo que seria inédito na França desde a Segunda Guerra Mundial.

A previsão, portanto, é de uma Assembleia fragmentada e um período de difícil governabilidade. Mas a projeção também revela que o pacto fechado pelas diferentes forças políticas francesas para impedir a formação de um governo de extrema direita poderia funcionar.

Faltando poucos dias para a votação, a intenção de voto continua extremamente alta, entre 66% e 70%, em comparação com os 66,7% de comparecimento no primeiro turno. O segundo turno da eleição ocorre sob clima de tensão, com mais de 50 casos de ataques contra candidatos.

O presidente francês Emmanuel Macron convocou as eleições após ver a extrema direita vencer o pleito para o Parlamento Europeu, no mês passado. Sua aposta seria de que os franceses não repetiriam em âmbito nacional o mesmo padrão de votos que na eleição europeia.

No primeiro turno realizado no final de semana passado, porém, a Reunião Nacional obteve seu melhor resultado e ficou próximo de formar um governo. Se a vitória fosse absoluta, o nome escolhido para o posto de primeiro-ministro seria o de Jordan Bardella, de apenas 28 anos.

Num pacto, candidatos de outros partidos chegaram a um acordo para desistir de suas campanhas para permitir que houvesse uma coalizão contra a extrema direita.

A pesquisa indica que a estratégia pode funcionar.

Quem é o novo primeiro-ministro do Reino Unido

Eleito com uma maioria esmagadora na eleição legislativa do Reino Unido na quinta-feira (04/07), Keir Starmer será o sétimo primeiro-ministro do Partido Trabalhista. Sua vitória colocou um ponto final na hegemonia de 14 anos de governos conservadores.

A ascensão de Starmer também coincide com o centenário da chegada ao poder do primeiro chefe de governo trabalhista, Ramsay MacDonald, que ocupou o cargo entre janeiro e novembro de 1924 com um governo minoritário, que depois se repetiu entre 1929 e 1931.

Após esse período, o partido voltou ao governo no fim da Segunda Guerra Mundial, com Clement Attlee (1945-1951), quando expandiu o estado de bem-estar social e estabeleceu o Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês), o SUS britânico.

Nas décadas de 1960 e 1970, a legenda viveu sua era de ouro com Harold Wilson e James Callaghan, antes das chegadas de Tony Blair e Gordon Brown, que foram primeiros-ministros entre 1997 e 2010.

Aos 61 anos, Starmer vai susbitituir o atual premiê conservador Rishi Sunak, que ficou menos de dois anos no cargo.

Reforma dos trabalhistas

Trabalhista por tradição familiar, tendo herdado seu primeiro nome de Keir Hadie, fundador e primeiro líder do partido no início do século 20, Starmer assumiu as rédeas da legenda há quatro anos. Considerado sério, prático e sem muito carisma, Starmer alcançou o posto de premiê sem o estrelismo que marcou líderes britânicos anteriores, preferindo concentrar seus esforços em propagar a agenda do partido e em criticar os conservadores, sem focar tanto em sua personalidade.

Em abril de 2020, Starmer sucedeu na chefia do partido o seu antecessor Jeremy Corbyn, propagador de uma ideologia mais à esquerda, após um duro revés do grupo nas eleições legislativas de 2019, quando o conservador Boris Johnson obteve uma vitória esmagadora.

Depois desse fracasso, Starmer mudou o rumo do partido, afastando-o das teses mais radicais de Corbyn e trazendo a legenda de volta a posições mais centristas. “Um voto nos trabalhistas é um voto na estabilidade, econômica e política”, disse Starmer em maio, depois de o primeiro-ministro, o conservador Rishi Sunak, ter convocado as eleições.

No comando da legenda, Starmer impôs disciplina a um partido marcado por divisões internas e pediu desculpas pelo antissemitismo que uma investigação interna concluiu ter-se espalhado entre membros mais à esquerda da legenda nos anos anteriores.

Starmer prometeu “uma mudança de cultura no Partido Trabalhista” e adotou o lema: “O país antes do partido”. Alguns membros da ala mais esquerda dos Trabalhistas ainda se queixam da abordagem centrista e daquilo que consideram ser políticas pouco ambiciosas de Starmer. A estratégia, no entanto, segundo analistas, foi decisiva para que os trabalhistas angariassem o apoio de eleitores indecisos neste pleito.

Entrada tardia na política parlamentar

O novo primeiro-ministro entrou tarde na política e foi eleito pela primeira vez ao Parlamento quando tinha 52 anos (a mesma idade com que o ex-premiê Tony Blair tinha quando deixou a liderança do Partido Trabalhista), após ser eleito pelo distrito londrino de Holborn e Saint Pancras em 2015.

Antes disso, ele teve uma carreira bem-sucedida como advogado especializado em direitos humanos, atuando em casos como esforços para abolir a pena de morte em países do Caribe e da África.

Em 2008, Starmer também ocupou o cargo de procurador-geral de Inglaterra e do País de Gales. No cargo, decidiu não apresentar ações criminais contra os policiais envolvidos no assassinato, em 2005, do brasileiro Jean Charles de Menezes no metrô de Londres.

Ele permaneceu no posto até 2013. Posteriormente, foi condecorado como cavaleiro pela rainha Elisabeth 2°, recebendo o título de “sir”, pelo papel à frente da procuradoria da Coroa.

Mas sua ambição para alçar voos mais altos na política sempre pareceu clara desde o início, como, por exemplo, quando foi perguntado em uma antiga entrevista sobre como gostaria de ser lembrado.

“Como alguém que teve um governo trabalhista ousado e reformista”, respondeu.

Formação e futebol

Nascido no bairro londrino de Southwark, Starmer estudou direito na Universidade de Leeds, e prosseguiu sua formação como advogado em Oxford. Ele se tornou a primeira pessoa na sua família a estudar em uma universidade

O direito também serviu de ponte para que conhecesse sua esposa, Victoria, que também se dedica à advocacia e com quem tem dois filhos.

Apaixonado por futebol, praticou o esporte como amador. “Detesto perder, principalmente no futebol e na política. Jogo futebol toda semana, no meio do campo, comandando. Muita gente fala que o importante é competir. Não sou dessa opinião. O que importa é vencer”, afirmou em outra entrevista.


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