10/09/2024 - Edição 550

Ogroteca

O Rei Macaco, Rambo, e a Cultura Oriental

É a previsão de vários estudiosos: a cultura ocidental tende a perder espaço para uma hegemonia oriental

Publicado em 01/09/2024 12:11 - Fernando Fenero

Divulgação

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Se você assim como eu, nasceu no ocidente nos últimos dois séculos, sem ao menos perceber, teve boa parte de sua cultura fechada para o cenário ocidental e focada em estabelecer relações de desejo e de confiança em governos e instituições.

Papo de Maluco? Teoria da Conspiração?

Então vamos lá ver quem financiou o boom de filmes sobre asteroides acertando em cheio o planeta terra no fim dos anos 90? Sim, usaram grana no contribuinte americano para pagar o salário de Bruce Willis e justificar o gasto de outros US$267 milhões de dólares na missão Deep Impact, que tinha a importante tarefa de responder algumas perguntas sobre cometas.

Está com problemas no recrutamento de combatentes para suas guerras afim de manter a economia do seu país? Hollywood cobra alguns milhões de dólares e derrama uma dúzia de filmes estrelados sobre honra do combate nas invasões americanas em território estrangeiro.

Não há como negar que realmente funciona, e ainda existe o efeito Glória Perez.

Sabe o que “O Clone”, “Salve Jorge” e “Caminho das Índias” tem em comum além do roteiro fraquíssimo, personagens burros e diálogos mal escritos?

Orientalismo.

E okay, você pode passar um pano pra Glória, realmente ela faz esse belo trabalho desde muito antes da discussão se tornar popular, ainda sim, é uma caricatura bastante desrespeitosa de casa uma das culturas as quais a madame se inspirou, mas a novela fake “Pé de Chinesa” ser um estouro no falecido “Twitter\ X \ Brinquedo de Bilionário Eunuco” prova que o espaço pra zoar a parada já não existe mais.

E que carambolas isso tem a ver com o Rei Macaco e Goku?

Tem a ver com o fato de que o Ocidente está sendo tomado pela cultura oriental, a hegemonia de contas histórias e influenciar vai deixar de estar nas mãos dos Estados Unidos e sua turminha.

A Índia faz muita coisa boa, exporta atores e diretores para todo mundo, o cinema Russo tem uma identidade própria, o Japão tem seus animes, jogos e mangás, e a Coréia (a pior delas) tem K-Pop e Doramas.

A China tem tudo isso, e está fazendo melhor.

Por enquanto não tem fomento do Estado para usar isso como propaganda imperialista, e nem acho que um dia isso vai ficar tão descarado quanto assistir Rambo 2 no sofá da casa da tua avó depois do almoço de domingo, torcendo para um invasor vingando uma guerra perdida.

Mas vamos ter que se acostumar com a estética e valores do oriente, principalmente desses países que produzem mais conteúdo. Pode parecer bobagem, mas saca como nossos youtubers mudaram a forma como as crianças portuguesas conversam e brincam. Acha mesmo que a influência dos Doramas não vai mudar a forma dos casais se envolverem tal qual o beijo se tornou padrão mesmo em culturas que originalmente não tinham a prática?

O sucesso de Black Myth: Wukong é só mais uma evidência do que está acontecendo, perceba o quanto o anime já está entranhado na cultura pop do ocidente, de como o mangá chegou realmente para ficar, e vai lá ver o que está entre os mais vistos na Netflix para constatar que antes ou depois de Carrossel do SBT, vai ter produção oriental em forma de seriado.

Devemos correr para as colinas? Eu acredito que não.

Estamos tendo a oportunidade de conhecer tudo isso, sem maquiagem para ficar “fácil de digerir”, com os produtos vindo sem filtro direto dos seus produtores orientais.

E convenhamos que lutar como o Rei Macaco em sua viagem para o Oeste é muito melhor que o romance de Lucas e Jade ou assistir Rambo rastejando numa fossa vietnamita.

FERNANDO FENERO

Fernando é desenvolvedor de softwares e profundo conhecedor da cena geek nacional.

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