19/04/2024 - Edição 540

Ponte Aérea

O PT é um câncer, o bolsonarismo a metástase

Raphael Tsavkko Garcia de identitarismo e de como a luta antimanicomial falhou...

Publicado em 03/08/2022 11:27 -

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Márcia Tiburi é a prova de que a luta antimanicomial falhou – e de que o PT é capaz de tudo para destruir a esquerda e garantir sua hegemonia.

Do vídeo maravilhoso do Tarcísio Motta em desespero e soltando um imenso “puta que pariu” quando Tiburi discursava na UFRJ rejeitando os votos de quem não apoiava o PT já no primeiro turno, até essa nova perola mesclando estupidez política com identitarismo – depois de passar por incontáveis absurdos no meio do caminho.

Lembrando que Tiburi era apenas uma “acadêmica” celebridade antes do PT resolver prejudicar o PSOL (e o Tarcísio) e lançá-la candidata. A coleção de pérolas de quem parecia estar misturando cachaça com rivotril no café da manhã é impressionante.

Depois de sair do país pra acompanhar o marido na França – mas se dizendo exilada – e reclamar muito de seu apartamento em Paris (nos fazendo crer que na verdade vivia num quarto e sala no Alemão) – seguiu e segue dando pitacos políticos que são o suprassumo da falta de noção e de (falta de) ligação com a realidade.

Agora, ela resolveu entrar na treta entre o PT e o PSB, entre o apoio ao Molon, um cara de esquerda com chances reais de se eleger senador, e o apoio a um bolsonarista petista como o Ceciliano que não passa de traço nas pesquisas.

Qualquer ser humano de esquerda não hesitaria em apoiar o Molon, mas o PT é diferente. Segundo a Tiburi, o Molon seria um “homem branco narcisista,” ao passo que, imagino, Ceciliano é uma mulher negra de grelo duro – como Lula. Isso mostra mais uma vez como o identitarismo é apenas uma ferramenta de controle usada e imposta pelo PT à esquerda.

O PT é um câncer. Bolsonaro é, sem dúvida, a metástase, mas isso não alivia pro lado do PT e de Lula que fazem de tudo pra prejudicar a esquerda e… eleger bolsonaristas. É a versão carioca do “segundo turno ideal”.

Tiburi não é exceção. Ela parece apenas mais descolada da realidade, high on drugs, mas meramente repete os desígnios de Sua Lulidade. O PT não aceita qualquer discordância, qualquer ameaça à sua hegemonia e destrói/destruirá qualquer um que não se submeter.

PS: Antes que venham criticar, o papo da luta antimanicomial ter falhado é uma brincadeira, um meme.

NINGUÉM SOLTA A MÃO DE NINGUÉM! MUITO MENOS A MÃO DO CLÁUDIO CASTRO!

O PT do Rio fechado com o Bolsonarismo.

Mas fica a lição pro Freixo: não se confia no PT ou no Lula. Não prestam, são traidores interessados apenas no poder – e tome segundo turno ideal!

Frente ampla pro PT significa apenas mais poder pra si e submissão do resto. É frente ampla de apoio ao Lula e seus desejos. Daí tome bolsonarismo com desqualificados como Ceciliano e um tapa no Freixo e Molon.

Imagina só se o Lula ia permitir eleger gente que poderia ameaçar sua hegemonia na esquerda e ousar não se submeter com base em mensalinho ou verbas afins?

A surpresa é ter gente surpresa com o PT sendo PT.

VIRTUE SIGNALING

O virtue signaling, ou sinalização de virtude, se tornou um dos pilares da ideologia identitária que tomou conta do Brasil e de parte do mundo.

Não basta ser virtuoso, é preciso parecer como tal para os demais, para que o grupo veja e aprove. Ser parte do gurpo é mais que compartilhar afinidades, é demonstrar repúdio (coletivo) por algo e mostrar a si como alguém que merece estar no grupo. O silêncio é considerado maldito, conivência – a não ser que você seja branco(a) e tenha adotado uma criança negra, então seu antirracismo é apenas propaganda e qualquer expressão antirracista é considerada falsa, hipócrita.

A sinalização de virtude se confunde aqui com a expiação da culpa, como bem colocou o BF Müller: “Nessa época de alta exposição social, de “evasão de privacidade”, como outrora a definiu tão bem Millôr Fernandes, mesmo o ato solitário e silencioso da leitura está submetido ao escrutínio ideológico, quando não mais, ao menos do nosso censor interno.”

Os dois conceitos são fundamentais pra entender o mundo em que vivemos: É preciso não apenas ser, mas parecer e não importa que você só seja/pareça, é preciso se desculpar por sua existência porque nada é suficiente para apaziguar os defensores da tese do pecado original branco/hetero/masculino.

Todo branco é racista, todo hétero é homofóbico, todo homem é machista – e todo livro que não passe pelo crivo dos “leitores sensíveis” deve ser queimado.

O Felipe Neto não demonstrou de graça seu desagrado por “passagens racistas” de um livro de quase 200 anos. Eu tenho absoluta certeza de que ele conhece o conceito de anacronismo e que do alto dos seus quase 40 anos de idade ele é capaz de entender que um livro trará com ele uma moral de seu tempo.

O problema é outro.

Ele precisava demonstrar seu desagrado, porque o silêncio é conivência. Ele precisava deixar claro que havia lido e se sentido “incomodado” porque, como novamente explicou o Bruno, “o processo de tornar pública tal censura é um ritual necessário para não fazer parecer, nem mesmo para si, que a cumplicidade gerada pela leitura implica comunhão de ideias.”

E tudo isso se insere também na lógica da neoesquerda progressista de se escandalizar e defender que atitudes sejam tomadas – em geral censura, mutilação de obras para torna-las palatáveis à estupidez generalizada e sensibilidade nauseante, etc.

Nada deve permanecer como é. E tudo que era é maldito.

É curioso que os mesmos que se escandalizam com obras do passado pela incapacidade (ou falta de vontade) de compreender seu contexto sejam os mesmos que acham absurdo (e aí com razão) tentativas de censura contra livros LGBT’s ou quaisquer outros temas ou conteúdos progressistas.

Porque no fim não se trata de uma defesa da liberdade de expressão, tampouco de uma defesa da cultura, mas sim uma defesa do próprio umbigo e de uma verdade exclusiva em que tudo mais “incomoda” e deve ser varrido pra debaixo do tapete.

Pra quem está perdido, é disso que estou falando:

https://www.facebook.com/Tsavkko/posts/10228175097984750

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Raphael Tsavkko Garcia


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