20/05/2024 - Edição 540

Eles em Nós

É terra devastada

Publicado em 02/12/2021 12:00 - Idelber Avelar

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André Mendonça foi aprovado para o STF pelo plenário do Senado por 47 votos a favor e 32 votos contra. A rejeição foi a maior da história, mas não suficiente para barrá-lo. Ele precisava de 41 votos, passou raspando.

Seu primeiro ato foi promover um arremedo de CULTO em pleno Congresso Nacional.

A pior parte é que a votação é secreta: não sabemos quem votou para aprovar, como Ministro da Suprema Corte, o nome de um sujeito que até ontem usava a Lei de Segurança Nacional para perseguir críticos do governo Bolsonaro. E não faltou Senador para jogar o sofisma de que “na democracia o voto é secreto”.

A diferença é tão óbvia que dá até preguiça de explicar, né? Numa democracia, o voto do eleitor na urna é e deve ser secreto, justamente para que você não seja submetido a constrangimentos, pressões ou chantagens. No parlamento, o voto deve ser aberto, porque o parlamentar está ali para representá-lo, e com votos secretos é impossível que você fiscalize seu representante.

André Mendonça, o Ministro “terrivelmente evangélico” que havia prometido Bolsonaro, pode ficar no STF até 2047.

É terra devastada por gerações inteiras.

ONDE FICA RIBEIRÃO?

Relata-se que os vereadores estão agora procurando alguém na Noruega que tenha ouvido falar da existência de Ribeirão Preto para fazer chegar a nota de repúdio.


PRIVILÉGIOS

Da Folha: “A proposta aprovada […] não muda em nenhum ponto o atual poder do governo e da cúpula do Congresso de privilegiar determinados deputados em detrimento de outros, nem de patrocinar repasses em períodos de votação de grande interesse do governo.”

Com o voto decisivo de um senador petista (Rogério Carvalho-SE), o governo Bolsonaro e a cúpula do Centrão institucionalizaram o orçamento secreto no Congresso Nacional. Kátia Abreu também votou a favor do orçamento secreto. Collor também. Romário também.

Abaixo, a lista de quem votou como. “Sim” quer dizer aprovação dessa excrescência, que passou por dois votos. Ou seja, bastava ter virado um voto.

PAPO

Como parte de um encontro promovido pela Universidade de Buenos Aires, falei ontem sobre a ascensão do bolsonarismo e os últimos anos do processo político brasileiro.

Caso você queira algum material em espanhol sobre esse tema, ou queira circular a seus amigos latino-americanos, aí vai a palestra de ontem. O vídeo está publicado no canal da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires e já está no ponto:

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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