É preciso se livrar do controle das big techs

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Com a suspensão do X/Twitter no Brasil, podemos ver a como é urgente que adotemos a interoperabilidade. A UE já está pressionando as big tech a adotar o modelo pra apps de comunicação – como Whatsapp – mas imaginem só se tivéssemos esse modelo aplicado para o X/Twitter, fazendo com que o app se comunicasse com Threads, Bluesky, Mastodon…

Cada app teria suas próprias regras, moderação, funcionamento, mas acessariam a mesma rede, ou seja, seus contatos estariam disponíveis não importa em que app você preferisse acessar. Ou seja, você não seria forçado a permanecer no X/Twitter aguentando as maluquices fascistas de Elon Musk, ou perdendo tempo com a defesa que ele faz da extrema-direita golpista brasileira e americana.

Poderia apenas mandá-lo para seu devido lugar e ter acesso a toda sua rede através de outros apps compatíveis. É lógico que isso seria um tremendo problema para redes com o X e os tech bros que se acham deuses e figuras totalmente acima da lei, iria contra o modelo de negócios das big tech que querem ser sempre exclusivas e uma vez dominantes, não precisem mais inovar e possam usar seu peso para eliminar a concorrência – ou mesmo, no caso do Musk, usar as features nativas do Twitter, agora X, sem precisar de qualquer grande inovação apenas pelo fato de que é mais cômodo e fácil simplesmente seguir num serviço do que migrar e ter que começar do zero.

Algo que mudaria de figura se você pudesse “levar” seus contatos e principais configurações para outros aplicativos na mesma rede.

O X/Twitter seria obrigado a inovar, a apresentar constantes melhorias, a escutar o usuário, a inclusive melhorar sua moderação ou senão perderia usuários para apps melhores, mais inovadoras, com diferentes funções e com acesso à mesma rede.

Em resumo, a suspensão do X/Twitter no Brasil ressalta a necessidade de interoperabilidade para redes sociais. Ao permitir que os usuários se desloquem facilmente entre plataformas compatíveis, mantendo suas conexões e dados, a interoperabilidade pode promover um ecossistema mais diversificado e inovador que atenda melhor às necessidades dos usuários – combatendo fake news, combatendo extremismos e reduzindo nossa dependência de algoritmos proprietários.

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RAPHAEL TSAVKKO GARCIA

É jornalista, editor e Ph.D em Direitos Humanos pela Universidade de Deusto.

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