14/09/2024 - Edição 550

Ágora Digital

É carnavaaaaarrrggghhhhhh!

Publicado em 19/02/2020 12:00 - Victor Barone

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Está nas ruas uma nova e bem-humorada devassa política. Resulta das desilusões coletivas com os “vigários” de gravata, como canta a São Clemente: “Brasil, compartilhou/ viralizou, nem viu!/ E o País inteiro assim sambou/ Caiu na fake news!”

É um salve-se quem puder, avisa a União da Ilha, ao relatar a anarquia no Rio de tiroteios, intercalados pela “solidariedade” de governantes aos baleados: “Esse nó na garganta, vou desabafar/ O chumbo trocado, o lenço na mão/ Nessa terra de Deus dará… Eu sei o seu discurso oportunista/ É ganância, hipocrisia/ Seu abraço é minha dor, seu doutor.”

Na cidade de Marcelo Crivella, lembra a Unidos da Tijuca, só resta a súplica aos céus: “O Rio pede socorro / É terra que o homem maltrata / Meu clamor abraça o Redentor.” Virou zona de intolerância, protesta a Grande Rio: “Pelo amor de Deus/ Pelo amor que há na fé/ Eu respeito seu amém/Você respeita o meu axé.” Foi esse Rio que deu ao país Jair Messias Bolsonaro, evocado pela Mangueira na saga de Jesus da Gente, filho de carpinteiro desempregado com Maria das Dores Brasil: “Favela, pega a visão/ Não tem futuro sem partilha / Nem Messias de arma na mão.”

A sátira transborda pelos blocos (pura ironia num país cujo Congresso analisa mais de 60 projetos para restringir a liberdade de expressão).

Não se esquece o governador Wilson Witzel vendendo bactérias Cedae: “Tem dó de nós, governador/ Tem dó de nós, governador/ Água amarela e com cheiro de cocô (bis).”

Inesquecível, também se tornou o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele caiu na rede dos Marcheiros: “Se eu contar, ninguém acredita/ Tive um sonho e acordei passando mal/ O meu insider trader virou parasita/ E o boletim não chegou na ‘pactual’… Fugi pra Disney, pra escapar desse BO/ Eu de doméstica ali na imigração/ O americano, veja só…/ Falou, tchuchuca, tenha dó/ Não tem escola de Chicago ou tubarão/ Pode algemar e manda pra deportação!/ … Ai que baixo astral/ Que foi o meu pesadelo liberal/… E o pibinho, ó…”

“Sorrir é resistir”, ensina o Salgueiro em reverência a Benjamin de Oliveira, o primeiro palhaço negro do Brasil.

Por José Casado

ATÉ NA ALEMANHA

A imagem do presidente Jair Bolsonaro na Europa ainda parece atrelada às queimadas na região amazônica. Em ritmo de carnaval, o brasileiro virou carro alegórico na Alemanha. O presidente aparece segurando um palito de fósforo diante de árvores queimadas como mostra imagem do jornal Deutsche Welle. O carro estará no tradicional desfile carnavalesco da cidade de Colônia.

ATAQUE A LIBERDADE

Liberdades que nos são caras, conquistadas com tantos sacrifícios, vêm sofrendo ataques quase diários, muitas vezes por figuras obscuras que saem do anonimato para chocar a nação. Mal esfriou o caso da censura a clássicos da nossa literatura como “Os Sertões” de Euclides da Cunha, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, ou “Macunaíma”, de Mário de Andrade, surge um novo episódio de arrepiar. A liberdade de imprensa – sem a qual não se pode falar em ordenamento democrático – volta a ser agredida, desta vez pelo depoimento de Hans River do Rio Nascimento na CPMI das Fake News.

A ofensa, por sí só gravíssima, foi amplificada de forma ultrajante pelo presidente Jair Bolsonaro. Sem qualquer respeito ao decoro e à liturgia, ele ultrapassou todos os limites ao difamar a jornalista Patrícia Campos de Melo, ofendendo ainda todas as mulheres com seu machismo chulo.

Nunca um presidente da República desceu tanto como nesse lamentável episódio que envergonha o país. Talvez tenha perdido o controle dos nervos com o noticiário sobre a morte do capitão miliciano Adriano Nóbrega, ou escolhido o caminho do insulto para encobrir manchetes que o desagradam.

O liberticida Hans River mentiu à CPI, ao caluniar a jornalista. Bolsonaro deu fórum de verdade às suas palavras abjetas.

A infâmia é tão absurda, que seria absolutamente desnecessário defender a jornalista se não estivéssemos vivendo tempos de ignorância e do uso da mentira com fins intimidatórios e de destruição de reputações.

Mais do que apenas defendê-la das acusações sórdidas, o momento exige defesa da liberdade de imprensa. É ela que foi ofendida, é ela que constantemente tem sido agredida por um presidente que dá banana aos jornalistas, encerra de forma autoritária entrevistas e manipula verba publicitária com fins persecutórios aos meios de comunicação que não se dispõem a fazer coberturas chapa-branca.

Bolsonaro nutre um ódio particular à TV Globo e ao jornal Folha de S.Paulo, mas sua guerra é contra a liberdade de imprensa. Até agora, já proferiu cerca de 120 ataques a meios de comunicação e a seus profissionais. Suas ofensas são amplificadas pelas brigadas virtuais do bolsonarismo, numa tentativa de impedir que jornalistas exerçam sua função de investigar e informar.

No campo da cultura, a censura está de volta. Não da forma institucional, mas pela manipulação de verbas e da utilização enviesada de espaços públicos. Em nome da defesa de “valores cristãos” centros culturais públicos passaram a adotar filtros ideológicos e deixaram de exibir peças teatrais, filmes ou qualquer evento cujo conteúdo desagrade os novos cruzados.

Cultura virou trincheira da guerra contra o “marxismo cultural” e da defesa dos “valores cristãos”. O marcatismo tupiniquim criou seu index. Ícones como Chico Buarque de Holanda e Fernanda Montenegro são vistos como malditos. A monumental produção cultural de um povo é tachada de esquerdista por quem se julga com a missão divina de criar uma “arte heróica, nacional e cristã”.

Os direitos humanos, cuja observância é definidora do estágio civilizatório de um país, também são alvos de deboche e desrespeito. A ideologia oficial o vê aplicável apenas aos “cidadãos do bem”. Nessa categoria mental, um sicário como Adriano Nóbrega, é alçado à condição de herói e inocentado pelo presidente por não ter sentença transitada em julgado.

O péssimo exemplo vem de cima. O livro de cabeceira de Bolsonaro é “A verdade sufocada”, do torturador Brilhante Ustra, outro herói do presidente. E ele não está só nessa subversão de valores na qual torturados viram algozes e torturadores vítimas. O general Luiz Eduardo Rocha Paiva, conselheiro da Comissão da Anistia, leva o livro de Ustra para orientar seu voto nas reuniões da comissão.

Como o presidente não dá exemplo que preste, os liberticidas se sentem estimulados para conspirarem contra as liberdades. Seu próprio clã defende o AI-5 ou dissemina mentiras nas redes sociais. Tão ou mais grave do que as infâmias ditas foi a panfletagem em defesa de Hans River nas redes pelo deputado e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro.

Hans River não é um lobo solitário. A ele somam-se torquemadas de esquina que associam o rock às drogas e ao satanismo, fazem elegia à escravidão, quando não psicografam Goebbels. Estão encastelados no poder, em casamatas como as da Educação e da Cultura, e no próprio Palácio do Planalto.

Por Hubert Alquéres

POLEMISTA BARATO

O excesso de polêmicas sob Jair Bolsonaro deixou de ser um problema político ou administrativo. É matemático. O único governo do planeta com 110% de polêmicas. Um governo da guerra, pela guerra e para a guerra.

Nesse contexto, o desabafo de Augusto Heleno contra o Congresso, gravado sem que ele soubesse, é apenas mais um entre tantos tiros disparados pelo presidente e seus auxiliares contra o próprio pé.

O ano de 2020 mal estreou e as autoridades do governo, Bolsonaro à frente, já percorrem a conjuntura vinculadas a conflitos. Nenhuma política pública foi impulsionada pelo surto de animosidade. Ao contrário, o tiroteio atravanca as reformas econômicas.

Bolsonaro ofendeu uma jornalista com insinuações sexuais, comprou briga com 20 governadores, arrastou para dentro do Planalto o cadáver do miliciano Adriano da Nóbrega. Revelou-se capaz de tudo, menos de enviar a reforma administrativa para o Congresso, a única coisa que se esperava dele. Só nesta sexta-feira (21) o presidente assinou uma proposta de reforma que estava pronta desde novembro do ano passado.

O ministro Paulo Guedes forneceu munição aos adversários com observações desnecessárias sobre parasitas e empregadas domésticas. É nesse contexto que estão inseridas as declarações do general Augusto Heleno.

O disparo do general é apenas mais uma lambança a serviço da perda de tempo. Bolsonaro e seus auxiliares põem em dúvida a própria teoria evolucionista. Mais um pouco e o macaco irromperá no palco para indagar: Valeu a pena?

Por Josias de Souza

VERGONHA

O presidente Jair Bolsonaro ironizou a repórter Patrícia Campos Mello, da Folha, a partir das mentiras ditas no depoimento de Hans River à CPMI das fake news. “Ela (repórter) queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim, disse o presidente, rindo”. As declarações foram feitas em frente ao Palácio da Alvorada. No último dia 11, em depoimento à CPMI das fake news, o ex-funcionário da Yacows disse que a jornalista teria oferecido sexo em troca de informações sobre a rede de disparos em massa de WhatsApp que teria atuado em prol de Bolsonaro durante as eleições de 2018. “Lá em 2018 ele (Hans) já dizia que ele chegava e ia perguntando: ‘O Bolsonaro pagou pra você divulgar pelo Whatsapp informações?’. E outra, se você fez fake news contra o PT, menos com menos dá mais na matemática, se eu for mentir contra o PT, eu tô falando bem, porque o PT só fez besteira.”

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) usou a tribuna da Câmara dos Deputados para atacar deputadas de esquerda que se manifestavam contra a declaração ofensiva do presidente Jair Bolsonaro sobre uma repórter do jornal Folha de S.Paulo. O filho de Bolsonaro chamou as parlamentares de “corja” e completou: “Podem gritar à vontade, só raspa o sovaco, porque senão dá um mau cheiro do caramba”. O vídeo foi compartilhado nas redes sociais do deputado e a hashtag #RaspemOSovaco ocupa o primeiro lugar nos assuntos mais comentados do Twitter no Brasil na manhã desta quarta-feira, 19. No post, Eduardo chama das deputadas de esquerda de “feminazis”.

As parlamentares de oposição ocuparam a tribuna da Câmara para ler uma nota de repúdio assinada por deputadas contra a declaração de Bolsonaro. “Falamos em nome de mulheres brasileiras desrespeitadas por um presidente machista que ataca a liberdade de imprensa e desrespeita o conjunto das mulheres brasileiras”, disse a líder do PSOL, Fernanda Melchiona (RS).

Mariliz Pereira Jorge, colunista da folha, disse que a deputada Maria do Rosário poderia ser chamada de “puta” em nome da liberdade de expressão. Mas Miriam Leitão e Patrícia Campos Mello, não. Em vídeo que deu o que falar nas redes, o jornalista Reinaldo Azevedo afirmou que uma deputada não poderia ser chamada de puta. Na sequência Mariliz reponde: “eu acho que pode”. Mariliz ainda chamou alguns seguidores e usuários da rede Twitter de canalhas, afirmando que o trecho do vídeo em questão foi tirado de contexto. Existe alguma desculpa para chamar uma mulher de puta, a não ser que essa seja a profissão dela?

Um grupo de artistas publicou um vídeo para repudiar o insulto do presidente Jair Bolsonaro, com insinuações sexuais, contra a repórter Patrícia Campos Mello, da Folha.

A ‘OLAVIZAÇÃO’ DAS PMS

Não só a coordenação nacional dos movimentos de motins das polícias militares e um apoio mais do que velado da família Bolsonaro aos “grevistas” permite ver uma conexão entre os PMs e o bolsonarismo. Em julho do ano passado, o guru do governo, Olavo de Carvalho, anunciou que ministraria aulas de graça para policiais militares.

A doutrinação ideológica de PMs para se alinharem ideologicamente ao bolsonarismo não é um movimento recente. Vem sendo construída paulatinamente. Em 2017, Bolsonaro e seu hoje assessor internacional, Filipe Martins, um dos principais expoentes da ala olavista dentro do bolsonarismo, já apoiaram fortemente o movimento grevista do Espírito Santo, que também se espalhou por outros Estados.

Aquele motim –não é correto chamar de greve, dado seu caráter inconstitucional, reiterado por unanimidade pelo STF– foi uma espécie de laboratório para o apoio bolsonarista a outro levante com características antiestablishment: a greve dos caminhoneiros, em 2018.

Ao apoiar os policiais militares e não condenar o aspecto ilegal da greve, Bolsonaro fomenta uma espécie e “neotenentismo”, na avaliação de agentes políticos e analistas: a fidelização das tropas armadas a ele, e não aos governos estaduais, às quais estão hierarquicamente subordinadas, e com os quais, também não por acaso, o presidente trava neste momento uma batalha.

Por Vera Magalhães

FAROESTE CABOCLO

O senador Cid Gomes (PDT-CE) levou dois tiros na tarde dE quarta-feira (19), no município de Sobral (CE). O senador foi baleado ao avançar com uma retroescavadeira sobre um piquete feito por policias militares amotinados em um quartel. Em vídeos que mostram o momento dos disparos, Cid dirige a retroescavadeira em direção quartel onde estão os PMs e arranca o portão de entrada com a pá do trator.

Ciro Gomes publicou a seguinte nota no Twitter: "Meu irmão Cid Gomes foi vítima de dois tiros de arma de fogo por parte de policiais militares amotinados e mascarados em Sobral, nossa cidade. Até aqui as informações médicas são de que as balas não atingiram órgãos vitais apesar de terem mirado seu peito esquerdo. Novos exames estão sendo feitos mas a palavra aos familiares e amigos é de que Cid não corre risco de morte. Espero serenamente, embora cheio de revolta, que as autoridades responsáveis apresentem prontamente os marginais que tentaram este homicídio bárbaro às penas da lei".

Em entrevista coletiva, Ciro Gomes afirmou que a “repressão” é a única saída para resolver o “quadro de anarquia e anomia” instalado no Ceará por conta do motim policial que atinge o Estado. “Infelizmente só há uma saída depois que esse quadro de anarquia e de anomia se instala, que é a repressão. Não tenho nenhuma alegria em dizer isso”, afirmou Ciro. O pedetista atribuiu ao presidente Jair Bolsonaro a culpa pelos dois tiros contra seu irmão, o senador licenciado Cid Gome . “Isso não está isolado do que está acontecendo no Brasil. Temos uma destruição do estado de direito no, liderada por um presidente boçal, canalha, de uma família de canalhas. Porque se algum policial apertou o gatilho, ele não faria isso se não fosse esse clima de absoluto desrespeito às regras de convivência democrática, que é absolutamente estimulado pelo presidente Jair Bolsonaro e sua família de canalhas”, afirmou.

Ciro diz que não viu imprudência no ato do irmão, que na última quarta-feira, 19, tentou furar um motim policial em frente a um quartel com uma retroescavadeira. “Antes daquilo, nós temos a filmagem inteira, ele levou um soco no rosto. Tava com um megafone, não tava com arma nenhuma”, disse. O ex-ministro aproveitou a oportunidade para criticar a esquerda. “Se os elegantes da política brasileira, dessa esquerda bandida que infelizmente também existe no Brasil, consideram que faltou elegância. Eu quero saber se eles acham que o fascismo se enfrenta com flores. Nós aqui vamos enfrentar com a arma que for necessária.”

Em nota, o governador do Ceará, Camilo Santana, afirmou que os grevistas agiram como “criminosos” e disse que não ficarão impunes. “Inaceitável a extrema violência sofrida pelo senador Cid Gomes, atingido por dois tiros, hoje, em Sobral. Violência provocada por um grupo de policiais mascarados, amotinados num quartel. Reforço que já havia solicitado formalmente apoio de tropas federais para o Ceará aos ministros Luiz Eduardo Ramos e Sergio Moro, para uma ação enérgica contra essas pessoas que tem agido como criminosos”, disse o governador. Santana completou a nota afirmando que não medirá esforços para “restabelecer a ordem e garantir a paz da população cearense”.

O Ministério da Justiça e da Segurança Pública, comandados pelo ministro Sergio Moro, enviou equipes da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal para acompanharem a situação. Em nota, a pasta informou que está “acompanhando a situação no Ceará e analisando as providências que podem ser tomadas”, e que o envio da PF serve para “garantir a segurança do Senador Cid Gomes”.

"Acompanho com preocupação os desdobramentos do ocorrido com o senador Cid Gomes, na tarde desta quarta-feira (19), em Sobral, no Ceará. Entrei em contato o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e com o governador do Ceará, Camilo Santana, para obter informações e garantir a segurança do parlamentar", escreveu o presidente do Senado, David Alcolumbre.

A senadora Kátia Abreu (PDT-TO) postou vídeo em sua conta do Twitter, onde aparecem homens mascarados à paisana, em Sobral (CE), em torno de uma viatura, dando apoio a policiais militares fardados. Um deles chega a entrar na viatura. A senadora afirma que “em Sobral, no Ceará, o que estamos vendo não é polícia e sim milícias causando terror na população”. A senadora diz ainda que “Cid Gomes se arriscou ao extremo. Quem anda encapuzado não tem nada a perder”.

Enquanto alguns parlamentares prestam solidariedade a Cid Gomes, outros atacaram o pedetista. Em especial, políticos defensores do presidente Jair Bolsonaro. O deputado Éder Mauro (PSD-PA), famoso por criar confusões nas comissões da Câmara, xingou o senador de “covarde e canalha” por investir contra os manifestantes com uma retroescavadeira. “Está mostrando quem são os ditadores de esquerda e o que eles querem. Parabéns a polícia”, disse no plenário. Nas redes, blogueiros olavistas também tripudiam sobre a situação do adversário político, defendendo que os PMs “se defenderam” da investida de Gomes.

Por Gustavo Zucchi

O senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) defendeu os policiais amotinados que tem espalhado pânico no Ceará. Em seu Twitter, o filho do presidente classificou os “grevistas” como “pessoas que estão reivindicando melhores salários”. Ele desejou recuperação ao senador Cid Gomes (PDT-CE), mas classificou os tiros recebidos pelo pedetista como “legítima defesa”. Foram registrados no Ceará ataques dos amotinados contra carros da polícia e invasão de batalhões. Além disso, os PMs que participam da greve ilegal ainda mandaram fechar lojas na cidade de Sobral, em uma espécie de “toque de recolher”.  A greve de policiais militares é considerada ilegal por decisão do STF.

Gustavo Zucchi

Conhecido por ter ter rasgado uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) fez ameaças ao senador Cid Gomes (PDT-CE). Em um vídeo postado nas redes sociais, Silveira disse que teria “exonerado” os PMs que atiraram contra o pedetista por não terem acertado “na cabeça” de Cid. “Os policiais na minha opinião deveriam ser exonerados porque eles erraram a cabeça do Cid Gomes. Isso é inadmissível. Eles prevaricaram”, disse. Afirmou também que está aguardando o senador e seu irmão, o ex-candidato à Presidência Ciro Gomes, em seu gabinete. “Tivemos ai um canalha, você é um canalha e um vagabundo, assim como seu irmão. Eu quero que você invada meu gabinete para ver o que você vai ganhar. Deixo aqui o desafio. Gabinete 403 do anexo IV. Vem aqui bater na minha cara”, afirmou.

Gustavo Zucchi

MORO E MOURÃO NA AMAZÔNIA

Não é segredo o esforço do governo Bolsonaro para fragilizar a proteção ambiental e fazer um vale-tudo na Amazônia, mas o Intercept traz elementos que mostram o envolvimento de dois personagens estratégicos nisso: Sergio Moro e Hamilton Mourão. Como documentos em que eles trocam mensagens sobre a confecção de relatórios que, em tese, caberiam ao ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, mas na verdade estão no domínio de Moro,

Mourão foi nomeado presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, que vai “coordenar e acompanhar a implementação das políticas públicas relacionadas à Amazônia”. Isso porque o Conselho, criado em 1995, foi reativado este ano com uma pequena mudança: saiu do Ministério do Meio Ambiente para o colo de Mourão. Além disso, Ibama e ICMBio perderam seus assentos, assim como os governadores da região amazônica. 

Renovado, o Conselho vai ter como subordinada a recém-anunciada Força Nacional Ambiental. Que, segundo a reportagem, está nos planos do trio Bolsonaro-Moro-Mourão para que a aplicação de multas e a abertura de processos administrativos contra transgressores não seja mais de responsabilidade de servidores e autoridades competentes, mas sim atribuição policial.

PORTA DOS FUNDOS

A juíza Nathalia Magluta, da 5ª Vara Cível do Rio de Janeiro, negou o pedido de censura e indenização de R$ 1 bilhão feito pela Igreja Pentecostal contra o Especial de Natal do Porta dos Fundos, lançado em 2018. A liminar incluía o pedido de retirada do programa da Netflix. A igreja evangélica alega que o programa humorístico abusou da liberdade de expressão e viola a liberdade de consciência religiosa e de crença ao retratar Jesus como homossexual. A juíza, no entanto, considerou a decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), que garantiu o direito à liberdade de expressão do grupo. Até então, o Itamaraty não solicitou à Rússia a extradição de Eduardo Fauzi, suspeito de atentado contra Porta dos Fundos. Segundo o ministério das Relações Exteriores, o pedido não foi feito porque o Ministério da Justiça, comandado pelo ex-juiz federal Sérgio Moro, não solicitou.

INSUSTENTÁVEL

O Departamento Penitenciário divulgou na sexta-feira os números da população prisional no Brasil. E o limite de vagas disponíveis está extrapolado em 312 mil pessoas. Os dados são de julho do ano passado, quando havia 758,7 mil pessoas presas no país. Seguimos sendo a terceira nação com mais gente encarcerada, atrás de EUA e Rússia. “A situação é de tamanho absurdo que acabamos fazendo um debate que talvez fosse compatível com período medieval”, compara Gabriel Sampaio, coordenador do programa de enfrentamento à violência institucional da Conectas, na Ponte. Ele menciona a falta de condições básicas de saúde, a superlotação e a falta de capacidade do sistema em reinserir as pessoas na sociedade, função “constitucional dada para a prisão”.

GENTE PRIMITIVA

A Rede Record, do bispo da Igreja Universal Edir Macedo, foi condenada em segunda instância por pintar com tinta branca uma parede com arte rupestre, de grupos pré-históricos que habitaram a região de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, há até 11 mil anos atrás. A parede, localizada na Serra do Pasmar, foi pintada para compor o cenário da minissérie bíblica Rei David, que a emissora gravou há quase 10 anos na região. Segundo reportagem de Regiane Oliveira, no site do El País, a rede de Edir Macedo investiu cerca de 30 milhões de reais na minissérie, inclusive com gravações nas áreas desérticas de Cache Creek e Kamloops, no Canadá. ‌

Em sua defesa na Justiça, a Record nega que seja possível relacionar a tinta que existe no local à sua presença, uma vez que a prova pericial foi realizada dezenove meses após o encerramento das gravações de Rei Davi.

A emissora diz ainda que a gravação da minissérie gerou benefícios ao município de Diamantina, tais como o acréscimo no turismo e projeção nacional e que, por isso, não deveria pagar indenização por danos sociais. Por fim, a Record alega que não havia registro de que o local utilizado para as gravações era sítio arqueológico ou área de preservação.

VAIA BEM DADA

Em protesto contra a presença do presidente Jair Bolsonaro e ministros no jogo Do último dia 16 contra o Athletico-PR, o coletivo Flamengo Antifascista ergueu uma bandeira com o rosto da vereadora Marielle Franco, assassinada pela milícia em 2018. A imagem da vereadora é acompanhada da frase “quantos mais vão precisar morrer para que essa terra aos pobres acorde?”. Um vídeo que passou a circular nas redes sociais mostra Bolsonaro deixando a partida aos gritos de “Fora Bolsonaro!”. O ex-capitão estava acompanhado dos ministros Sergio Moro, Augusto Heleno, Damares Alves e Tarcísio de Freitas.

Já no fim do segundo tempo, quando o Flamengo vencia por 3 a 0, Bolsonaro publicou no Twitter um vídeo gravado antes da partida em que canta o hino nacional. “Sempre uma grande emoção cantar o nosso hino”, escreveu. A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, também usou o Twitter para publicar uma foto dela com Bolsonaro e Moro e escrever: “Time de Bolsonaro literalmente em campo.”

RACHADINHA

Investigada junto outros 12 parentes no esquema de corrupção conhecido como “rachadinha” nos gabinetes do clã Bolsonaro, a ex-esposa de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle comprou passagens para passar pelo menos um mês na Noruega, país de seu atual marido. Segundo informações de Bela Megale, Ana Cristina, que é mãe de Jair Renan, embarca na próxima semana para o país europeu. Um dos principais elos do esquema de desvio de verbas públicas por meio de nomeação dos parentes, Ana Cristina chegou a ser convocada para depor, mas a oitiva foi adiada pelo Ministério Público e ainda não tem nova data marcada. Ana Cristina Valle foi chefe de gabinete de Carlos na Câmara dos Vereadores entre 2001 a 2008. Ela tem ao menos 12 parentes da família Siqueira Valle que foram empregados no suposto esquema de “rachadinha” nos gabinetes de Jair Bolsonaro na Câmara e de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A um interlocutor, ao menos dois familiares admitiram que repassavam cerca de 90% dos salários de volta para os parlamentares.

EM CANA

O antropólogo bolsonarista Edward Luz, foi preso por fiscais do Ibama no último dia 16, ao tentar entrar em terra indígena na Amazônia. Ele tentava entrar na terra indígena Ituna/Itatá quando recebeu ordem de fiscais do Ibama para se retirar. Luz filmou a ação com um celular e resistiu à determinação. Pediu para ver a ordem de prisão dos fiscais, que disseram ser desnecessário, pois ele estaria sendo preso em flagrante delito.

Essa terra indígena na qual o militante bolsonarista foi detido foi a mais desmatada da Amazônia nos últimos dois meses, segundo medições do Inpe. Existe pressão de grupos locais pela não homologação da área, na qual vivem índios isolados. O Ibama mantém uma operação permanente na região graças à ameaça constante de invasão por parte de grileiros.

No vídeo, Luz diz que esteve na última terça-feira, dia 11, com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que teria chancelado sua ida à região. Salles disse que só viu o antropólogo uma vez, numa reunião solicitada por um político paraense, Zequinha Marinho (PSC), um dos comandantes do lobby contra a homologação da terra indígena.

Edward Luz é filho de um missionário norte-americano de mesmo nome. Ele foi expulso da Associação Brasileira de Antropologia. Seu pai declarou os índios iriam “ajoelhar voluntariamente adorando ou ajoelhar obrigatoriamente temendo”. Recentemente, Jair Bolsonaro nomeou outro missionário evangélico, Ricardo Lopes Dias, como coordenador do setor de índios isolados da Funai.

O EX-MISSIONÁRIO NA FUNAI

O pastor Ricardo Lopes Dias, indicado para “proteger” povos isolados na Funai, já foi missionário evangélico no Vale do Japari (no Amazonas) por uma década, “convertendo comunidades e dividindo aldeias”, segundo a Repórter Brasil. O matsés, que vivem no Javari, fizeram uma carta de repúdio à sua nomeação. “Não queremos novos abusos”, escrevem. A organização onde Lopes Dias trabalhava – a Novas Tribos, que mudou o nome para Ethnos360 -, foi acusada de trabalho escravo, exploração sexual, tráfico de crianças indígenas e de levar doenças a aldeias. “No final da década de 1980, missionários da organização chegaram ao povo zo’é no Pará. O contato foi tão catastrófico que eles foram expulsos pela Funai do território. Uma equipe do órgão enviada à região constatou que ao menos 37 indígenas (um quarto da população) foram mortos por doenças respiratórias após contato com os evangélicos”, conta a reportagem.

RETROCESSOS

Uma análise feita pelo jornal Folha de S.Paulo mostra que o primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro trouxe retrocesso em 58 áreas das 108 que foram analisadas. Assistência social, saúde, educação e meio ambiente foram as que mais sofreram com a política do ex-capitão. O levantamento destaca como marco do retrocesso a fila interminável do INSS, a volta da fila de espera do Bolsa Família e o aumento de quase 30% no desmatamento da Amazônia. Até mesmo em áreas que tiveram melhora, como o índice de desemprego, o jornal destaca que há a ressalva do aumento da informalidade. O Bolsa Família foi o programa social que mais sofreu cortes e retrocessos no governo Bolsonaro. Além de restringir o pagamento do 13º apenas a seu primeiro ano de mandato, a cobertura do programa recuou mês a mês. O governo congelou o Bolsa Família mesmo nas regiões mais pobres. O programa deve enfrentar ataques ainda maiores nos próximos meses.

DE RATAZANAS E BARCOS NAUFRAGANDO

A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) reagiu às críticas que têm sofrido dos bolsonaristas, que a acusam de ter ido na carona de Jair Bolsonaro para se eleger e, agora, faz críticas ao presidente. Pelas redes sociais, a deputada afirmou claramente que nunca foi “bolsonarista”. Numa forte reação, Janaina afirmou que os bolsonaristas “não passam de petistas ao contrário”. “Na convenção do PSL, eu disse, olhando nos olhos do então candidato à Presidência, ser fiel ao Brasil e não a ele pessoalmente. Disse que o apoiaria, em razão de, naquele momento, ele ser o único com condições de vencer o PT”, afirmou.

O deputado Eduardo Bolsonaro ironizou o comentário da deputada estadual Janaina Paschoal (leia acima) de que “bolsonaristas não passam de petistas ao contrário”. Ele citou a frase da parlamentar sem citar o nome dela. Pelo Twitter, o filho do presidente Jair Bolsonaro escreveu que a afirmação é um elogio. “O contrário de corrupto é honesto. O contrário de totalitário é democrático. O contrário de bandido é íntegro. O contrário de antipatriota é patriota. Tomem essa afirmação como elogio e agradeçam aos que querem vos denegrir.”

GRITO TARDIO

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reforçou, pelo Twitter, o entendimento da jornalista Míriam Leitão publicado pelo Globo de que “nada do que tem nos acontecido é normal” em referência ao “autoengano” daqueles que acreditam que “o país não está diante do risco à democracia, apenas vive as agruras de um governo ruim”. Para o tucano, o momento de “falar com firmeza serena se impõe. Já”. “Novamente se impõe união a favor da democracia. Calar é concordar”, diz.

UM BANANA

O presidente voltou a desmerecer o trabalho da imprensa ao mandar um gesto de banana com os braços aos jornalistas que se encontravam na porta do Palácio da Alvorada no último dia 15. Isso porque ele fora questionado sobre as obras que vão reduzir o tamanho da biblioteca da Presidência para abrigar a equipe de trabalho da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, segundo reportagem de O Globo. “A minha esposa faz um trabalho para pessoas deficientes de graça. Arranjei um lugar pra ela trabalhar lá na Presidência, porque é melhor, fica mais perto dos ministros pra despachar. E a verdade é que (inaudível). Estão descendo a lenha que a biblioteca vai diminuir em vez de elogiar a primeira-dama. Quem age dessa maneira merece outra banana”, disse Bolsonaro.

MUITO MILICO

 “Eu fico feliz com a participação do Exército na vida política e social porque o Exército brasileiro não tem presença na sociedade. Eles vivem encostadinhos no canto deles e viram pessoas tímidas. Agora os militares estão presentes, estão participando da vida social. Acho ótimo, tem que colocar mais militar, encher de militar”, afirmou o ideólogo Olavo de Carvalho ao Globo em referência ao esvaziamento da ala ideológica dentro do governo federal em benefício de militares. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) deixou a Casa Civil para dar lugar ao general Walter Braga Netto.

AQUELA VERGONHA ALHEIA

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, voltou a cometer erros de português nas redes sociais. Em uma postagem feita no último dia 17, em sua conta pessoal do Twitter, ele escreveu: "Aonde está a pompa e a liturgia do cargo? Na poltrona 16A…", disse. Logo após a publicação, o ministro sofreu uma chuva de comentários negativos de usuários da rede criticando o erro. Horas depois, o nome do ministro foi parar entre os assuntos mais comentados da rede social, com mais de 9 mil tuítes relacionados à falha linguística.

Após a repercussão, o ministro publicou outra postagem, desta vez, divulgando uma ação do governo e aproveitou para ironizar as reações ao erro de português cometido.  "Espero que dessa forma a notícia chegue a todos", escreveu Weintraub em uma postagem com erros de digitação e português feitos intencionalmente.

A jornalista Vera Magalhães foi uma das primeiras pessoas a notar o erro na postagem do ministro. "Aonde = locução adverbial que significa “para onde”. Neste caso, a pergunta seria “onde”. Pompa e liturgia são duas características. Isso obriga o verbo a flexionar. Frase seria, portanto: “Onde estão a pompa e a liturgia do cargo?”. A poltrona também está errada, como sabemos", corrigiu.

Não é a primeira vez que o ministro da Educação comete erros de português. No início de janeiro, ao responder um tuíte do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Weintraub escreveu "imprecionante" (o correto é "impressionante"). Após ser avisado por internautas, ele deletou o tuíte. Em outros momentos, Weintraub já escreveu "suspenção" (suspensão) e "paralização" (paralisação). Weintraub  também já chamou erroneamente o escritor Franz Kafka de "kafta" em uma audiência no Senado.

Arthur Weintraub, irmão do ministro e Assessor Especial do Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamou de "elitistas engomadinhos" quem criticou Weintraub. "Ministro da Educação é do Gov Bolsonaro. Assim, esquerda agora fala no twitter de locução adverbial e flexão verbal. São elitistas engomadinhos, que não faziam uma crítica ao português porco dos petistas (fora as frases lindjas da dilmãe). Twitter é agora local de pompa e talco", escreveu nas redes sociais.

Abraham Weintraub resiste na Educação, mas suas propostas estão sendo demolidas no Congresso, segundo o TAG REPORT, relatório semanal das jornalistas Helena Chagas e Lydia Medeiros. A medida provisória da carteira estudantil caducou ontem, e a que muda critérios para a escolha de reitores deve ter o mesmo destino. A renovação do Fundeb deverá ignorar as sugestões do governo. “Tudo o que o MEC mandar será refeito”, diz o deputado Gastão Vieira (PROS-MA). O Future-se, um dos principais programas da pasta, em fase de consultas públicas, pode ter acolhida semelhante. A vaga do ministro é cobiçada. O ministro Paulo Guedes, da Economia, gostaria de emplacar o professor Antonio Freitas, da Fundação Getúlio Vargas. O candidato de parte da bancada evangélica, ligada à Assembleia de Deus, é o ex-presidente do INEP Marcus Vinicius Rodrigues. O bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, tem um nome a sugerir ao presidente Jair Bolsonaro.

HOMOFOBIA

Davi Alcolumbre, o presidente do Senado, reagiu a comentários sobre um vídeo que circula nas redes sociais em que ele está dançando com seu pai, Samuel José Tobelem. Ele disse que o Congresso Nacional deve buscar “dados e evidências” sobre “surtos de intolerância” e pensar em maneiras para criminalizar atos de ódio. Segundo Alcolumbre, o vídeo é antigo e foi gravado em um Carnaval de rua: Davi está dançando enquanto Samuel brinca e faz carinho no filho. Davi publicou em seu perfil do Twitter uma pequena thread sobre o assunto:

O vídeo trouxe uma enxurrada de comentários homofóbicos e críticas por suposta quebra de liturgia do cargo que ele ocupa. O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, do site Terça Livre, sabujo do presidente Jair Bolsonaro, publicou o vídeo perguntando: “Que encouchada (sic) é essa?”.

DINHEIRO PERDIDO

Comentamos aqui que o STF ia julgar a ação que questiona a constitucionalidade da isenção fiscal para empresas de agrotóxicos. Havia grande expectativa – afinal, são quase R$ 10 bilhões jogados no ralo a cada ano para desenvolver uma indústria que faz mal à saúde e ao meio ambiente. Mas o Supremo adiou a decisão – por tempo indeterminado.

Enquanto seguimos nessa discussão, alguns países da Europa já têm leis que aumentam o imposto de acordo com o risco oferecido pelo agrotóxico, segundo a matéria da Agência Pública e da Repórter Brasil. Na Dinamarca, por exemplo, acontece desde 1996. Por aqui, o estado de Santa Catarina tentou fazer algo parecido no ano passado, mas a ideia não foi adiante. A proposta de ‘tributação verde’, proposta pelo governador Carlos Moisés (PSL) foi barrada ainda na Comissão de Constituição e Justiça do legislativo catarinense. Atualmente, o Fórum Espírito-Santense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos prepara  um projeto semelhante, e está na expectativa da decisão do STF para seguir em frente.

Em tempo: um estudo da ONG suíça Public Eye e do Underneath (um grupo de jornalismo financiado pelo Greenpeace do Reino Unido) calculou o quanto as maiores empresas de agrotóxicos do mundo faturam com ‘pesticidas altamente perigosos’ (HHP, na sigla em inglês). O mercado é dominado por cinco empresas: Bayer (antes Monsanto). BASF, Syngenta, FMC e Corteva (anteriormente Dow e DuPont). Só em 2008, elas arrecadaram US$ 4,8 bilhões em produtos contendo HHP. A maior parte dessa produção é escoada para países de média e baixa renda. Neles, a participação de HHPs nas vendas totais foi de 45% em média (chegando a 65% na África do Sul e a 59% na Índia). Nos países ricos, a média foi de 27%.

Segundo as empresas, a pesquisa está errada. Um porta-voz da BASF disse que a lista de HHPs usada está “inflada”, por exemplo. A Bayer, no mesmo caminho, diz que o glifosato não deveria estar na lista. E a Croplife International, grupo de lobby da indústria de pesticidas, reconheceu que 15% dos produtos químicos que seus membros vendem são HHPs, mas disse que muitos deles podem ser usados ​​”com segurança”.

PORRADA

Parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo trocaram agressões e insultos durante discussão sobre a PEC da Reforma da Previdência dos servidores estaduais, na madrugada de quarta-feira (19). A Assembleia tenta aprovar desde o ano passado a proposta do governador João Doria (PSDB) que, entre outros pontos, altera a idade mínima de aposentadoria e o tempo de contribuição para servidores do estado. A confusão começou após o deputado estadual Teonilio Barba (PT) foi provocado pelo deputado Arthur do Val (Patriota). Barba tenta dar um soco em Val e, na sequência, deputados foram para cima do deputado Frederico D'Ávila (PSL), que fez um gesto de arma contra servidores que acompanhavam a sessão.

RACISMO ENGRAÇADINHO...

O presidente Jair Bolsonaro fez um comentário racista em sua live semanal na quinta-feira (20) ao dizer que o deputado Hélio Lopes (PSL-RJ) nasceu de “10 meses” e deu uma “queimadinha”. De acordo com o ex-capitão, o parlamentar seria “a sua cara” se não tivesse demorado para nascer. “O negão é o Hélio, hein. Meu irmão que demorou para nascer. Demorou 10 meses para nascer. O Hélio deu uma queimadinha. Deu uma queimadinha no Hélio aí. Senão, ele seria a minha cara”, disse o presidente ao lado de Lopes.

FRASES DA SEMANA

“O ministro Paulo Guedes é dos melhores quadros do serviço público brasileiro, senão o melhor”. (Sérgio Moro, ministro da Justiça, em socorro ao seu colega de governo que ameaçou pedir as contas) 

“Sou ministro há mais de um ano e ainda moro num hotel em Brasília. Assim, fica mais fácil ir embora. E, se eu vou embora, o dólar vai pra R$ 7”. (Paulo Guedes, ministro da Economia, em desabafo para um amigo) 

“Não estou a fim de dar picadeiro para palhaço. Aqui não é circo”. (Randolfe Rodrigues, Rede-AP, líder da minoria no Senado, que é contra a convocação para depor do general Augusto Heleno, ministro de Bolsonaro, que ontem atacou o Congresso) 

“Sherlock Holmes [personagem criado por Arthur Conan Doyle que elucidava crimes à base de raciocínio lógico] perguntaria: a quem interessava a morte de Adriano? Não é ao governador da Bahia. Interessava ao que tudo indica à família Bolsonaro”. (Jaques Wagner, senador do PT-BA) 

“Sou pró-governo federal. Eu não vejo o Bolsonaro, o Sérgio Moro. Eu vejo o Sérgio Moro no governo do presidente Jair Bolsonaro, eu vejo uma coisa só”. (Rosângela Moro, advogada e mulher do ministro Sérgio Moro) 

“Discordo do presidente. Condeno qualquer atitude que vá ferir a liberdade de imprensa e a democracia. Acho que é um erro”. (ACM Neto, presidente do DEM e prefeito de Salvador, sobre o gesto obsceno de Bolsonaro de mandar uma “banana” para jornalistas, a segunda em uma semana) 

Com informações de Leonardo Sakamoto, Josias de Souza, Ricardo Noblçat, Reinaldo Azavedo, Carta Capital, Outra Saúde, Sul 21, o Globo, BR-18, Folha de SP, Fórum, Veja, Dora Kramer, BRPolítico, Vera Magalhães, Marcelo de Moraes e Radar

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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