19/05/2024 - Edição 540

True Colors

Artilheiro da Copa, Mbappé sofre ataques transfóbicos por relação com modelo francesa

Homem que invadiu jogo com bandeira LGBTQ é banido da Copa

Publicado em 05/12/2022 11:09 - Mauro Lopes (Fórum), DW – Edição Semana On

Divulgação Reprodução

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Mbappé ou Kylian Sanmi Mbappé Lottin tem sido alvo constante de ataques racistas e xenofóbicos desde muito jovem. Desde maio passado, à lista acrescentou-se a perseguição por sua relação com a modelo transexual Ines Rau. Ele é candidato a ser eleito o craque da Copa e, na tarde de domingo (4), já era o artilheiro do torneio, com cinco gols.

A perseguição teve um episódio de enorme repercussão no Catar, já durante a Copa. Numa transmissão da emissora “TyC Sports”, um grupo de torcedores da Argentina entoou uma canção que continha frases discriminatórias a Mbappé tanto pelo caso com Rau, quanto pela origem da família do atacante.

“Eles jogam na França mas são todos de Angola. Que lindo vão correr, comem travestis como o p**** do Mbappé. Sua velha é nigeriana, seu velho é camaronês, mas no documento é naturalizado francês”, diz trecho da música. O vídeo viralizou e gerou uma onda de indignação nas redes.

Solidariedade a Pierre Webó

Mbappé tem tido uma postura firme de combate ao racismo e tem se recusado a falar sobre a relação com Rau.

Jogo válido pela última rodada da fase de grupos da Uefa Champions League em 8 de dezembro de 2020 foi suspenso depois de ato de racismo do quarto árbitro contra Pierre Webó, integrante da comissão técnica do time turco do Basaksehir

Tanto os jogadores do time turco como os do Paris Saint-Germain, de Mbappé, recusaram-se a continuar com o jogo depois do ato racista do quarto árbitro Sebastian Coltescu.

Nas entrevistas de pós-jogo no dia seguinte, quando a partida foi retomada, Mbappé foi enfático ao dizer: “Estamos cansados, não queremos passar por isso novamente”. E acrescentou: “É claro que estou orgulhoso do que fizemos. Não ficamos decepcionados em não jogar. Tomamos aquela decisão, estamos orgulhosos. Muitas coisas foram ditas, mas, na verdade, não há nada melhor do que a ação”.

Ines Rau

Mbappé e Ines Rau foram vistos pela primeira vez em maio, em Cannes e depois foram flagrados por paparazzis em um iate do craque. A notícia também foi dada pelo jornal espanhol ‘Marca’ e reproduzida por várias mídias da Europa.

Ines Rau ficou famosa por ser a primeira modelo trans a aparecer na capa da revista Playboy, ainda em 2017. Ela é filha de pais argelinos.

Aos 16 anos ela passou por uma cirurgia de mudança de sexo. No entanto, somente aos 24 teve coragem de expor sua história publicamente. No ano de 2018, a modelo lançou uma autobiografia intitulada “Mulher”.

Homem que invadiu jogo com bandeira LGBTQ é banido da Copa

O italiano que invadiu o campo durante uma partida da Copa do Mundo do Catar portando uma bandeira com as cores do arco-íris e vestindo uma camiseta em apoio a mulheres iranianas e à Ucrânia foi banido nesta terça-feira (29/11) de partidas neste Mundial.

Ao invadir o gramado do estádio de Lusail, o homem, identificado como Mario Ferri, de 35 anos, vestia uma camisa azul com o símbolo do Super-Homem, trazendo os dizeres “respeito às mulheres iranianas” na parte da frente e “salvem a Ucrânia” nas costas. Ele percorreu o campo de jogo durante 30 segundos no segundo tempo da partida entre Portugal e Uruguai na segunda-feira, antes de ser agarrado e retirado do local pelos seguranças.

Após o Ministério do Exterior da Itália afirmar que Ferri foi liberado após ficar um breve período preso, o comitê organizador da Copa emitiu um comunicado confirmando que o italiano foi liberado logo após ser retirado do campo e anunciando que seu cartão oficial de acesso aos estádios do Catar foi cancelado.

“Como consequência de suas ações, e como de praxe, ele foi banido de comparecer a futuras partidas deste torneio”, disse o Comitê Supremo para a Organização e o Legado da Copa do Catar.

Direitos LGBTQ na Copa

O Mundial do Catar é um dos mais controversos da história. A questão dos diretos LGBTQ e o uso da bandeira com as cores do arco-íris se tornaram um dos temas latentes na Copa do Mundo deste ano, realizada em um país onde a homossexualidade é ilegal.

Os capitães de várias seleções europeias planejavam usar braçadeiras com o lema One love (“um só amor”) e com as cores do arco-íris durante o torneio, como parte de uma campanha em prol da diversidade. Eles, porém, retrocederam após serem ameaçados pela Fifa com punições disciplinares, inclusive com cartões amarelos.

Alguns torcedores também reclamaram por ser impedidos de portar itens com as cores do arco-íris nos estádios. Na última sexta-feira, o Catar abrandou sua postura restritiva em relação ao tema e anunciou que torcedores que quisessem expressar apoio à comunidade LGBTQ com camisetas, bandeiras e símbolos semelhantes não deveriam mais ser incomodados pelos seguranças.

“Quebrar as regras por uma boa causa nunca é crime”

Ferri postou em seu perfil no Instagram imagens de dentro do estádio em Lusail, onde Portugal venceu o Uruguai por 2 a 0 nesta segunda-feira. A transmissão pela televisão mostrou apenas brevemente a invasão de campo.

Após seu ato de protesto, Ferri escreveu no Instagram que seu objetivo era enviar “mensagens importantes” e que “quebrar as regras por uma boa causa nunca é crime”.

Este não foi o primeiro episódio do tipo protagonizado pelo italiano, que é ex-jogador de futebol. Em 2010, ele foi preso em Abu Dhabi, na final do Mundial de Clubes da Fifa, depois de invadir o campo com a mensagem “libertem Sakineh” em sua camiseta. Ele se referia a uma iraniana ameaçada de receber a pena de morte por apedrejamento.

Na Copa do Mundo do Brasil, em 2014, ele se infiltrou no gramado durante a partida entre Bélgica e Estados Unidos com as palavras “Salvem as crianças das favelas” em sua camiseta com o símbolo do Super-Homem.

Recentemente, Ferri ajudou crianças e mulheres a fugirem da guerra na Ucrânia para a Polônia. Como futebolista, ele jogou pela equipe do SP Tre Fiori, da República de San Marino.

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Equipe Semana On

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