Ágora Digital

Alucinados na Disney

Publicado em 20/03/2019 12:00 - Victor Barone

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O presidente Jair Bolsonaro afirmou que apoia a ideia de Donald Trump de construir um muro na fronteira do país com o México, e que a maioria dos imigrantes não tem boas intenções. "Nós vemos com bons olhos a construção do muro. A maioria dos imigrantes não tem boas intenções", afirmou Bolsonaro em entrevista à Fox News no último dia 18, durante sua visita aos Estados Unidos.

Dois dias, o filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que acompanhou o pai nos EUA, deu uma declaração polêmica sobre imigrantes. Segundo ele, os brasileiros que vivem ilegalmente no exterior são uma preocupação do governo porque são "uma vergonha" para o país. "O brasileiro que vem pra cá [EUA] de maneira regular é bem-vindo. Brasileiro ilegalmente fora do país é problema do Brasil, é vergonha nossa", declarou.​

Pouco depois, o presidente pediu desculpas pela declaração. "Aquilo foi um equívoco meu. Boa parte tem boas intenções. A menor parte, não. Houve um equívoco da minha parte, peço desculpas aí. Agora, tem muita gente que está de forma ilegal aqui e isso é uma questão política interna deles. Não é nossa. Eu também gostaria que no Brasil só tivesse estrangeiros legalizados e não de forma ilegal, como existe muita gente nessa situação no Brasil. Me desculpe mais uma vez o equívoco, o ato falho que cometi no dia de ontem", declarou ao ser questionado sobre o assunto.

Ato falho

"Ato falho", eis a expressão usada por Bolsonaro. Freud explica: o ato falho não é um equívoco qualquer. Revela o que vai no inconsciente de quem o comete. Assim, o Bolsonaro verdadeiro é o da Fox News. O presidente do pedido de desculpas é apenas um simulacro do original arrependido de ter negligenciado princípios básicos da política: uma dose de sinceridade é um perigo, a sinceridade absoluta é fatal. Deve-se o mea-culpa de Bolsonaro não a um arrependimento genuíno, mas à percepção de que a inconfidência pode resultar na perda de votos. Imigrantes brasileiros —nos Estados Unidos e alhures— também votam. Basta comparecer ao consulado. Vivo, Freud daria um conselho a Bolsonaro: pare de falar dez vezes antes de pensar, diz o jornalista Josias de Souza.

Reincidente

Não foi a primeira vez que Bolsonaro se referiu de forma depreciativa a imigrantes. Ele já se referiu a senegaleses, haitianos, bolivianos, sírios e iranianos como a “escória do mundo” em entrevista para o Jornal Opção de Goiás em 18 de setembro de 2015. Quatro dias depois da entrevista ir ao ar, o pré-candidato abordou o uso do termo "escória" em um vídeo no YouTube, onde volta a adotar a palavra, desta vez para se referir a parcela dos imigrantes "de cultura completamente diferente da nossa": “Se depender de mim, não virão para cá sem um rígido controle de sua vida pregressa, de sua cultura, de sua educação, de seus costumes. Não podemos colocar a nossa sociedade à mercê dessa minoria, escória, que vai se juntar à outra escória que está no Brasil, muitos coligados ao PT, para impor o terror aqui no nosso meio”, disse o então deputado.

Ofensa

Expulsos pela falta de emprego ou pela violência, brasileiros como outros latino-americanos entram e se estabelecem de forma irregular nos EUA. Não querem infringir a lei, mas guiados pela propaganda de que lá ainda é a terra da oportunidade, não veem outra opção. A vergonha, portanto, não é o fato de brasileiros entrarem irregularmente em outro país. Mas do Brasil ter sido incompetente para garantir boa qualidade de vida a eles e a suas famílias de forma que não precisassem procurá-la em outro lugar, reflete o cientista social Leonardo Sakamoto.

Até o Malafaia

O pastor pentecostal Silas Malafaia afirmou em sua conta no Twitter, que “Eduardo Bolsonaro ajudaria muito mais ao governo do seu pai parando de falar asneira”. A frase foi uma resposta ao filho de Jair Bolsonaro ter afirmado que os brasileiros que vivem ilegalmente no exterior são uma preocupação do governo porque são “uma vergonha” para o país.

Pito recorrente

Esta não foi a primeira vez que Malafaia entrou em conflito com Eduardo Bolsonaro. No início do março, por ocasião do velório do neto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o pastor também rebateu o 01:

Disney

"Temos um presidente que adora coca-cola e Disneylândia", disse Paulo Guedes ao apresentar Jair Bolsonaro a uma plateia de investidores americanos, em Washington. Discursando na sequência, Bolsonaro ecoou seu Posto Ipiranga. Definiu-se como um presidente que "é amigo" e "admira" os Estados Unidos, "esse país maravilhoso." Incluiu o ídolo Donald Trump no rol de suas admirações.

Me liga

Em seu último compromisso nos EUA, o jantar com o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, o presidente Jair Bolsonaro revelou aos convidados que ganhou um número de telefone especial na sua agenda. O presidente Donald Trump lhe passou seu contato pessoal para que Bolsonaro “lhe ligue quando quiser”, segundo O Globo.

Old Enemy

No jantar que inaugurou sua visita aos Estados Unidos, à mesa com conservadores norte-americanos e brasileiros, Jair Bolsonaro louvou a aproximação entre os dois países, unidos por valores como “liberdade e democracia” e criticou o “velho comunismo”. O jantar foi na residência do embaixador brasileiro em Washington, Sérgio Amaral, no momento em que corre nos bastidores uma disputa pela sua substituição. Reuniu nomes como o ideólogo Olavo de Carvalho e o ex-estrategista de Donald Trump Steve Bannon.

CHINA DE OLHO

Maior parceiro comercial do Brasil, compradora de US$ 64 bilhões em produtos brasileiros em 2018, a China observa de esguelha a devoção do novo Poder de Brasília aos Estados Unidos. No discurso para os empresários americanos, Paulo Guedes fustigou-os. "Os chineses querem dançar conosco, e eles dançam muito bem." Em verdade, os chineses bailam a coreografia mais conveniente. Começam, por exemplo, a trocar a soja brasileira pela americana.

Em Mandarim

Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, disse em aula magna no Itamaraty: "Queremos vender soja e minério de ferro, mas não vamos vender nossa alma à China". A frase provocou na senadora Kátia Abreu, especialista em agronegócio e estudiosa do comércio com os chineses, a sensação de que o Itamaraty tornou-se uma espécie de hospício dirigido pelos loucos. A senadora decidiu escrever para o chanceler. Na carta, pediu-lhe que reze. "Senhor ministro Ernesto Araújo, li que o senhor é um homem temente a Deus. Também tenho fé e peço-lhe que reze, em português e em mandarim, para manter e ampliar nossas relações comerciais com a China. É a coisa certa a fazer."

DELÍRIOS BÉLICOS

Em discurso a empresários, o presidente Jair Bolsonaro relacionou a “capacidade bélica” dos Estados Unidos com a necessidade de “resolver a questão na Venezuela”. “Temos alguns assuntos que estamos trabalhando em conjunto, reconhecendo a capacidade econômica, bélica dos EUA. Temos de resolver a questão da Venezuela. A Venezuela não pode continuar da maneira que se encontra, aquele povo tem de ser libertado. Contamos com apoio americano para que esse objetivo seja alcançado”, afirmou Bolsonaro, na Câmara de Comércio dos EUA. Mais tarde, questionado se o Brasil apoiaria uma eventual intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela, como Bolsonaro deu a entender, o porta-voz do governo, general Rêgo Barros, foi obrigado a esclarecer a declaração. “O Brasil entende que a situação da Venezuela deva ser resolvida com base na nossa diplomacia. Não trabalhamos com intervenção, até porque afronta nossa Carta Magna.”

Passo atrás, mais um

Jair Bolsonaro parece meio “indeciso” sobre qual é o melhor caminho para resolver a situação na Venezuela. No Chile, onde participou de reunião sobre a Unasul, o presidente descartou a possibilidade de intervenção militar no país vizinho, “ao menos” da parte do Brasil. “Não existe possibilidade”, disse Bolsonaro. Na última terça-feira, ao lado de Donald Trump, Bolsonaro havia “deixado no ar” as “opções na mesa”, dizendo que não poderia comentar caso o tema tivesse sido debatido com o presidente norte-americano.

Dando cabeçadas

Presente na reunião entre Donald Trump e Jair Bolsonaro no salão oval da Casa Branca, Eduardo Bolsonaro disse acreditar que o “uso de força na Venezeuela será necessário de alguma maneira” para derrubar o governo de Nicolás Maduro. Ao jornal chileno La Tercera, o filho do presidente voltou a repetir o “mantra” do presidente norte-americano de que “todas as opções estão sobre a mesa”. “Ninguém quer uma guerra, a guerra é ruim, haverá vidas perdidas e consequências colaterais, mas Maduro não vai sair do poder de maneira pacífica”, disse Eduardo. “De alguma maneira, vai ser necessário o uso da força, porque Maduro é um criminoso”, disse ele.

CHILIQUENTO

O chanceler Ernesto Araújo teve um chilique na frente de outros ministros por causa da participação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no encontro privado entre os presidentes Jair Bolsonaro (Brasil) e Donald Trump (EUA). Araújo não participou da reunião privada entre os dois líderes realizada no Salão Oval da Casa Branca, em Washington. Segundo pessoas que estavam presentes no momento descreveram, Araújo ficou especialmente irritado após ler o blog da jornalista Míriam Leitão, do jornal O Globo. No texto, ela afirma que o Itamaraty saiu rebaixado com ida de Eduardo para o encontro com Trump e diz que, se Araújo tivesse “alguma fibra”, ele pediria para deixar o cargo.

A instabilidade emocional do chanceler

A entrevista coletiva convocada por Ernesto Araújo para falar da viagem aos Estados Unidos foi, antes de tudo, uma tentativa de mostrar sua suposta importância para os acordos selados e reafirmar um viés ideológico que passa ao largo das negociações do que para fazer um balanço objetivo dos resultados da visita. A todo tempo, em tom nervoso, Araújo fazia parêntesis para ressaltar a própria importância, um espetáculo constrangedor para o chanceler do País. Passando recibo, fez questão de falar sobre o destaque dado ao deputado Eduardo Bolsonaro, que ocupou lugar de destaque no Salão Oval quando só os dois presidentes estavam presentes e, depois, foi citado por Donald Trump. Misturou alhos das negociações em organismos internacionais com bugalhos de uma suposta cruzada do Ocidente em prol de seus valores. Forneceu ao público, desta forma, uma visão da instabilidade emocional que demonstrara entre seus pares na véspera, quando reagiu de forma nervosa, a ponto de ser acalmado por Paulo Guedes, a notícias quanto ao protagonismo de Bolsonaro filho, diz a jornalista Vera Magalhães.

ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Na decisão que autorizou a prisão de Michel Temer (MDB), na quinta, 21, o juiz Marcelo Bretas, responsável pela Operação Lava Jato no Rio, escreveu que o ex-presidente era chefe de uma organização criminosa. “E, além das relações com a Argeplan, outros fatos que envolvem Michel Temer e Coronel Lima ao longo das décadas demonstram que o ex-presidente da República chefiava uma organização criminosa na qual Corolnel Lima ocupava papel de destaque”, aponta.

Barbaridade

O ex-presidente Michel Temer (MDB) disse se tratar de "uma barbaridade" o cumprimento do mandado de prisão expedido contra ele pelo juiz federal Marcelo Bretas, da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro. A declaração foi dada por telefone ao jornalista Kennedy Alencar, segundo ele próprio relatou ao vivo na rádio CBN. "Eu telefonei para o presidente Michel Temer, ele atendeu, diretamente, e perguntei o que estava acontecendo. Ele disse que estava na companhia de policiais federais", disse o jornalista à rádio.

Muito jornalista

Minutos antes de ser preso, o ex-presidente Michel Temer ligou para um assessor de sua confiança e perguntou se ele sabia o motivo de ter “tantos jornalistas na porta da minha casa”. O emedebista foi informado, então, de que havia um “boato na imprensa” de que um mandado de prisão contra ele havia sido expedido. Temer classificou o rumor como “uma brutalidade”. Logo em seguida, a ligação foi interrompida e o ex-presidente não voltou mais ao telefone. Temer ressaltou que estava no Brasil e à disposição da Justiça dizendo não entender o motivo pelo qual poderiam ter solicitado seu encarceramento. Aliados do ex-presidente temiam sua prisão por entender que ela era visto como “um troféu” na narrativa de combate à corrupção.

Sem surpresa

A prisão de Michel Temer não foi uma surpresa nem mesmo para o preso. Nos últimos dias de sua Presidência, Temer disse a aliados: "Sei que vou ser preso, estou preparado." Há cerca de duas semanas, recebeu um ex-ministro em sua residência, em São Paulo. Disse que havia superado a fase da inquietação com a perspectiva de uma visita de agentes da Polícia Federal. Repetiu que se considerava "preparado para enfrentar a prisão". Temer atribuía a certeza da prisão não a um reconhecimento de culpa, mas ao que chamava de "espetáculo da Lava Jato". Longe do corre-corre de Brasília, o ex-presidente vivia uma rotina de reclusão doméstica voluntária. Não saía senão para o seu escritório. Dizia estar preocupado com o custo de sua defesa. Lamentava que o amigo e criminalista Antônio Cláudio Mariz já não cuidasse dos seus processos. Conta agora com a assistência da banca de Eduardo Pizarro Carnelós.

Ciro

Presidenciável derrotado em 2018, Ciro Gomes (PDT) desencavou uma previsão que fizera durante a campanha. A propósito da prisão de Michel Temer, ele postou nas redes sociais um vídeo com o fragmento de uma sabatina ocorrida em junho do ano passado. Ciro declara na peça: "Eu peguei no tempo em que estava com o comando da Câmara o Michel Temer e o Eduardo Cunha, batendo bola um com o outro para roubar a nação. Eu fui processado por ambos. Um já está na cadeia. E outro vai. Simples assim." "Não é bola de cristal", anotou Ciro em sua postagem. "É conhecer essa gente."

Tempos estranhos

O ex-ministro do STF que atuou na defesa do ex-presidente Lula, Sepúlveda Pertence, também comentou a prisão do ex-presidente Michel Temer, dizendo estar “espantado”, ressalvando que não conhecia ainda a decisão. “Apenas estou espantado neste momento inicial do eventual processo contra o ex-presidente. Enfim, é mais uma surpresa desses tempos estranhos, como diria o ministro Marco Aurélio Mello. É triste (ver dois ex-presidentes presos). O primeiro, eu participei da sua defesa e considero uma condenação arbitrária, marcada pelo ódio político que se dedica ao ex-presidente Lula. Não sei o que terá feito decretar, tão rapidamente, há tão poucos dias de ter deixado a presidência, a prisão do ex-presidente Michel Temer”, observou.

Impactante

Carlos Ayres Britto, ex-ministro do STF, classificou como “impactante” a notícia da prisão do ex-presidente Michel Temer. Para ele, o fato de haver dois ex-presidentes do Brasil presos mostra que o País atravessa um “período delicado”.  Ayres Britto ressaltou que ainda não está a par dos motivos da prisão. “Eu sou muito cuidadoso nessas análises de coisas que são impactantes, é evidente, um ex-presidente da República, um constitucionalista. Tão logo saia daqui vou me inteirar das coisas”, disse o ex-ministro, que estava em evento no STJ, em Brasília. Britto ressaltou que a prisão de dois ex-chefes do Executivo brasileiro indica que o País atravessa um clima de estresse “político, civil, jurídico”. “Isso dá conta de que o Brasil, por um prisma, atravessa um período muito delicado, por outro, se houver mesmo fundamento para a prisão, que o Brasil está disposto a se repaginar na perspectiva notadamente do princípio da moralidade”, disse.

Juristas criticam fundamentos de prisão

Juristas e advogados ouvidos pelo jornal O Estado de SP apontaram falhas na decretação da prisão de Michel Temer pelo fato de o juiz Marcelo Bretas, autor do pedido, não ter citado nenhum fato recente cometido pelo ex-presidente para justificar a prisão. O professor Gustavo Badaró, professor de processo penal da USP, afirma que “a contemporaneidade dos fatos é requisito em todos os tribunais para a prisão”. Para o criminalista João Paulo Martinelli, doutor em direito penal, a justificativa de “gravidade de delito” não é suficiente para sustentar o pedido de Bretas. “Uma prisão como esta não pode ocorrer por fatos pretéritos”, diz.

Moreira é o 5.º ex-governador do RJ a ser preso

Com Moreira Franco (MDB), chega a cinco o número de ex-governadores do Rio de Janeiro que já foram presos. Antes de Moreira, preso na manhã desta quinta-feira, 21, já foram presos Anthony Garotinho (PRP), Rosinha Garotinho (PR), Sérgio Cabral (MDB) e Pezão (MDB).

HC de Temer fica para semana que vem

Michel Temer terá de passar o final de semana na cadeia. O desembargador Ivan Athié, do TRF-2, mandou para a primeira turma da Corte o pedido de liminar feito pela defesa do ex-presidente e inclui o caso na pauta da próxima quarta-feira, 22. A esperança do emedebista de receber de volta sua liberdade antes da sessão do TRF-2 está nas mãos de Marcelo Bretas. Athié pediu ao juiz federal, que acatou requisição do MP para prender preventivamente Temer, que se manifeste em 24 horas sobre o requerimento da defesa. As informações são do Blog do Fausto.

DODGE x PROCURADORES

Com a procuradora-geral, Raquel Dodge, sob ataque de diversas alas da corporação, o número dois da PGR, Luciano Mariz Maia, se levanta para condenar ofensiva da entidade que representa os investigadores. Para ele, o presidente da ANPR, José Robalinho, errou ao censurar a decisão de Dodge de ir ao STF contra a fundação que a Lava Jato tentava criar. “Todos respeitamos o direito de a associação se expressar como quiser, mas, neste caso, a posição foi corroborada por um ministro”, diz.

Para entender 

A tentativa da Lava Jato de Curitiba de criar uma fundação com dinheiro recuperado da Petrobras abriu fenda inédita na imagem de seus protagonistas e foi alvo de dura reprimenda no Supremo. A pedido de Dodge, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu no dia 15 o acordo que viabilizava a entidade.

Seu lugar 

A ANPR criticou a iniciativa da procuradora-geral. “A associação, em princípio, se coloca na reivindicação de pautas corporativas e na defesa de agressões contra seus associados, mas não é comum a censura de escolhas que o procurador natural tenha feito”, rebate Maia. Para o vice-procurador-geral, ao censurar o dispositivo escolhido por Dodge, Robalinho tentou “substituir a procuradora no seu mandato junto ao STF”. Ele diz que o MPF é um ambiente plural, mas que “a conduta exigida é de respeito às posições divergentes e de trabalho para a construção de consenso”.

ABREU X BOLSONARO

O ator José de Abreu vive no Twitter um dos mais inusitados personagens em seus 51 anos de carreira artística. Desde que se “autoproclamou” presidente do Brasil em 25 de fevereiro, em uma brincadeira despretensiosa feita em uma madrugada fria na Grécia, o artista viu sua legião de seguidores dobrar de tamanho nas redes sociais, seus desafetos se multiplicarem na mesma medida e seu principal alvo, o presidente Jair Bolsonaro, cair na "armadilha". “A partir do momento em que o presidente cai na piada, ameaçando com processo judicial, é um negócio de doido. Aí deitei e rolei (risos)”, conta o ator em entrevista ao site Congresso em Foco.

Ze Abreu x Frota

Zé de Abreu também não perde a oportunidade de cutucar outro desafeto, o deputado Alexandre Frota (PSL-SP), ex-ator de novelas que enveredou pelo mercado pornô antes de entrar para a política. Frota entrou com representação contra Zé por causa da “incorporação” do personagem de presidente autodeclarado. “Tem coisa mais comédia que Alexandre Frota presidir uma sessão da Câmara? Isso é a própria comédia. Ou a tragédia é tão grande que vira comédia. Se contasse isso em novela, ninguém ia acreditar. Nem Glória Perez e Aguinaldo Silva, em seus momentos de maior criatividade, conseguiriam imaginar um país desse”, observa.

MEC DE DEUS

Anunciada secretária-executiva do MEC (Ministério da Educação) pelo ministro Ricardo Vélez Rodriguez, mas barrada internamente, a professora Iolene Lima foi demitida da pasta na quinta-feira (21). A briga por cargos expõe a crise que atinge o MEC. Depois de mudanças em cargos atingirem alunos do escritor Olavo de Carvalho, Vélez passou a ser desgastado e teve que demitir seu secretário executivo, Luiz Antonio Tozi. Na sequência, não conseguiu nomear duas pessoas anunciadas: o assessor Rubens Barreto e a própria Iolene. Em carta, também publicada em sua conta pessoal no Twitter, Iolene diz que "após uma semana de espera, recebi a informação que não faço mais parte do grupo do MEC". Evangélica, ela foi anunciada pelo ministro também pelas redes sociais. Mas seu nome não agradou olavistas —que a viam ligada a Tozi— nem a bancada evangélica. Acabou rifada dentro do governo. "Não sei o que dizer, mas confio que Deus me guardará e guiará", escreveu. Ela desejou boa sorte ao ministro e ao governo.

Educação divina

Iolene Maria de Lima defendeu em 2014 "uma educação baseada na palavra de Deus". Em uma entrevista de junho de 2014 ao programa "Feliz Cidade", da TV Band, ela explicou o método pedagógico da escola. "O aluno vai aprender que o autor da História é Deus. O realizador da geografia é Deus. Deus fez as planícies, Deus fez o relevo, Deus fez o clima. O maior matemático foi Deus", disse Iolene. "As Escrituras não são limitadoras do conhecimento, mas é a partir delas que o professor invade as áreas do conhecimento", contou a educadora sobre o método da escola.

Fantasmas

O MEC criou na quarta-feira, 19, uma comissão para avaliar as questões do Enem. O grupo terá acesso ao ambiente de segurança máxima onde ficam as perguntas da prova para “verificar sua pertinência com a realidade social, de modo a assegurar um perfil consensual do exame”, segundo o ministério. A comissão tem 10 dias para dar um parecer e dizer que questões ficam e quais serão retiradas da prova. O MEC nega que se trate de censura. Se o grupo considerar que a questão deve ser eliminada, o diretor do Inep, Paulo Cesar Teixeira, junto com a equipe técnica especialista em exames do órgão, ainda poderá discordar. Nesse caso, o presidente do Inep, Marcus Vinícius Rodrigues, decidirá se a questão sai ou fica. Teixeira é ligado à Igreja Católica. Rodrigues foi indicação dos militares, informou a repórter Renata Cafardo.

BOLSONARO REDES SOCIAIS     

Uma matéria da revista liberal Economist (traduzida no Estadão) questiona o uso das redes sociais por Bolsonaro, partindo do constrangedor episódio do golden shower. A avaliação da jornalista é que o presidente brasileiro precisa ainda mais dessas redes do que Trump, já que não fez muitos “comícios estridentes”, evita aparecer na TV, enfim, basicamente alcança os brasileiros via smartphones. Só que usa as redes mais para saudar apoiadores do que para informá-los. Até porque, quando ele menciona reformas, os apoiadores criticam.

NA MIRA DO GURU

Os militares, em especial o vice-presidente, general Hamilton Mourão, são os novos alvos do guru Olavo de Carvalho. O vice e os militares passaram a enfrentar uma onda de críticas por não darem apoio público, por exemplo, à ofensiva pela liberação de armas. Dos 287 posts de Olavo no Twitter nas duas primeiras semanas deste mês, 77 (27%) são críticos a Mourão e a militares de forma geral. Nas mensagens, o escritor alimenta a especulação de que o vice atua para derrubar o presidente. Mourão, que no último dia 16 foi chamado pelo guru de “idiota”, prefere ignorar os ataques. “O senhor Olavo não me conhece, nunca conversou comigo. Não sabe quais as minhas ideias e, por conseguinte, não vou polemizar com ele”, afirmou o general ao Estado sobre o guru do bolsonarismo.

Vai processar

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, diz que vai processar o escritor Olavo de Carvalho se for ofendido novamente. Assim que Bolsonaro aterrissou em Brasília na quarta-feira, 20, Mourão, pelo telefone, manifestou seu incômodo. O vice diz que discordar é uma coisa, mas ofender é outra. “Já está passando dos limites”, avisa.

TROPEÇANDO NO PRÓPRIO PÉ

Em entrevista ao Estadão para falar sobre seu próximo livro, cujo tema é a juventude, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também opinou sobre a relação da política e políticos com as redes sociais. Para ele, a democracia exige raciocínio e a rede social é operada por impulso. Questionado diretamente sobre o comportamento de Bolsonaro e de seus filhos (Flávio, Eduardo e Carlos) nas rede sociais, FHC se disse preocupado com o envolvimento da família no “jogo do poder” porque “leva o sentimento demasiado longe” e disparou: “Eu acho perigoso. É abusivo, polariza (…) Nós estamos assistindo ao renascimento de uma família imperial de origem plebeia. É curioso isso. Geralmente, na República, as famílias não têm esse peso”. Segundo ele, “Bolsonaro está indo mal por conta própria”.

DOIDONA

A atriz Regina Duarte, que apoiou o presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral, defendeu, em uma publicação em sua conta no Instagram, o fim do STF como saída para “com certeza” acabar com a corrupção no País. Em uma sequência de postagens, a global convocava seus seguidores para participar de atos em favor da Operação Lava Jato depois que o STF decidiu que cabe à Justiça Eleitoral avaliar crimes como corrupção e caixa 2 envolvendo campanha, algo que, para os procuradores, enfraquece a Lava Jato.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Domingo agora – 17 de março – vambora pra rua !!!Toda cidade do país mostrando pro mundo que exige o FIM DA IMPUNIDADE !

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ASSUSTADOR

“Estou aqui para fazer um vídeo feliz sobre uma data feliz. Hoje é 14 de março. Há um ano atrás, Marielle morreu. E por que é uma data feliz? Bem, porque ela morreu. Simples. Não tem porque ficar explicando. Como diz Daniel Fraga, não se deve desejar o bem a todas as pessoas. Não, eu desejo o mal a pessoas nojentas, pessoas tóxicas como ela. Assim como eu desejo o mal ao Lula. Que o câncer do Lula volte com toda a força e ele morra”.

A declaração acima foi feita por uma pré-adolescente em um vídeo gravado por ela mesma e que está sendo disseminado nas redes sociais. A menina diz que resolveu se manifestar depois de assistir um apresentar lamentar a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), executada com vários tiros na cabeça. Internautas se assustam com a frieza do discurso de uma menina que celebra a morte de Marielle Franco: "O Brasil está doente. Essa criança é um perigo para a sociedade"

KAJURU X MENDES

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma representação contra o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) ao presidente do tribunal, ministro Dias Toffoli. No documento, Mendes cita trechos de uma entrevista do senador à Rádio Bandeirantes no DIA 17. Veja abaixo.

ESCULHAMBAÇÃO

Em discurso a servidores, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, afirmou que o Rio é “uma esculhambação completa”. Ele chegou a dizer que PMs sobem o morro para pegar arrego, o que chamou de “o troco da cocaína”. Referiu-se ao VLT como “porcaria”. E voltou a atacar o carnaval. A reunião não foi divulgada na agenda oficial do prefeito. Antes de iniciar a fala de Crivella, os assessores avisaram que o que seria dito não poderia ser filmado, segundo o Globo.

FUNCIONÁRIO

Parece que Rodrigo Maia não está nem um pouco afim da “conversa respeitosa” que Sergio Moro propôs para conversar sobre a tramitação do pacote anticrime do Ministério da Justiça. Pelo contrário, o presidente da Câmara subiu o tom contra o ministro. Para Maia, Moro não passa de um “funcionário de Jair Bolsonaro” e que se o presidente quiser mudar a tramitação das propostas (fazendo o pacote anticrime caminhar junto da reforma da Previdência) deve ir ele mesmo conversar com o democrata. “Funcionário do presidente Bolsonaro? Conversa com o presidente Bolsonaro e se o presidente Bolsonaro quiser, conversa comigo. Eu fiz aquilo que acho correto”, afirmou Maia. Moro havia dito que iria conversar “respeitosamente” com o presidente da Câmara para pedir celeridade na proposta do pacote. Maia criou um grupo de deputados que irá analisar as medidas anticrime por 90 dias, ato que na prática “trava” a tramitação. “Não estou irritado, mas acho que ele conhece pouco a política. Ele está confundido as bolas. Ele não é presidente da República. Não foi eleito para isso. Está ficando uma situação ruim para ele”, completou Maia.

Canelada

Após ver o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, subir o tom contra a possibilidade de uma “conversa respeitosa” sobre a tramitação do pacote anticrime, o ministro Sergio Moro emitiu uma nota para se defender. Moro tenta manter a educação: diz que as “questões sempre foram tratadas com respeito e cordialidade com o presidente da Câmara” e que espera “que o mesmo possa ocorrer com o projeto e com quem o propôs”.  Mas, após ter sido chamado de “funcionário de Bolsonaro” e ouvir que não entende de política, não deixa de dar uma “leve” canelada em troca. “Talvez alguns entendam que o combate ao crime pode ser adiado indefinidamente, mas o povo brasileiro não aguenta mais.”

BANHO DE SANGUE

Ao expôr seus argumentos em defesa da aprovação da reforma da Previdência em entrevista à Rádio Gaúcha, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) fez uma comparação entre o atual momento brasileiro com o governo do ditador chileno Augusto Pinochet, afirmando que lá, onde o presidente Jair Bolsonaro cumprirá agenda até sábado, 23, foi preciso “dar um banho de sangue”. “O que temos que ter consciência é que neste momento ou o Brasil faz um grande pacto, superamos as dificuldades inclusive ideológicas, no sentido de poder construir um futuro para o nosso país, ou não temos futuro (…) Vamos olhar o Chile para onde está indo hoje. No período Pinochet, o Chile teve que dar um banho de sangue. Triste, o sangue lavou as ruas do Chile, mas as bases macroeconômicas fixadas naquele governo, já passaram oito governos de esquerda e nenhum mexeu nas bases colocadas no Chile no governo Pinochet”. Mas, segundo ele, no Brasil, só o presidente Jair Bolsonaro teve que derramar sangue “para que a transformação chegasse neste momento”. Ouça:

SOLIDARIEDADE…

A coluna de Ancelmo Goes do jornal O Globo informa que moradores articulam a expulsão do deputado Marcelo Freixo (PSOL) do condomínio onde mora o parlamentar, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Uma assembleia está sendo mobilizada e o argumento apresentado é o receio de que o parlamentar sofra um atentado – a exemplo da execução da vereadora Marielle Franco, em março do ano passado. Freixo é constantemente acompanhado por seguranças em razão das recorrentes ameaças de morte que recebe, especialmente, por conta de denúncias contra organizações milicianas no Rio.

DE MAL

O deputado federal Alexandre Frota (PSL) tem sido esnobado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) e já chegou a dizer que é ‘persona non grata” no governo.

GOLDEN

Nada mais de “golden shower” no Twitter de Jair Bolsonaro. O presidente apagou o polêmico vídeo que mostrava atos obscenos sendo praticados durante um bloco de carnaval e também a postagem em que ele questionava o que significava “golden shower”. A decisão de apagar a polêmica veio um dia depois que os dois homens nas imagens entraram com um mandado de segurança no STF pedindo para que a postagem fosse apagada.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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