Brasil
Publicado em 06/03/2020 12:00 -
Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.
Em relatório enviado ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil foi enquadrado como um país onde a religião é usada para justificar a restrição ao acesso à educação sexual por meninas e mulheres. O relatório também cita que direitos reprodutivos e acesso à saúde sexual estão igualmente restritos no país.
O estudo foi feito durante o primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, quando programas de educação sexual e saúde reprodutivas foram cortados do país. As próprias pessoas entrevistadas no estudo alegaram que tal cenário é culpa da “pressão de grupos religiosos”.
Desde que Bolsonaro assumiu a Presidência, a política de direitos humanos do Brasil passou por grandes modificações a partir de valores religiosos. A própria ministra responsável pelo tema, Damares Alves, declarou recentemente que a expansão da igreja é uma das prioridades do governo.
“É o momento de a igreja ocupar a nação”, disse a ministra em entrevista na semana passada, durante sua passagem em reuniões da ONU. De acordo com ela, a “ideologia de gênero” manipulou o movimento gay, e a esquerda apresenta denúncias genéricas contra o governo.
Damares também insistiu na “defesa da vida”, argumento utilizado pelo governo para não legalizar o aborto.
STF
A minista do Supremo Tribunal Federal (STF) comentou em entrevista à jornalista Miriam Leitão, do O Globo, sobre a exclusão da participação de mulheres em instâncias de poder e citou o exemplo do Judiciário. Para ela, há uma “luta enorme” das mulheres e que é preciso ter respeito “pela palavra do outro”.
“Vamos ter eleição este ano, mas não teremos no TSE nenhuma mulher, nem como substituta. Saindo a Rosa (ministra Rosa Weber) não teremos nenhuma”, lamentou a ministra.
“Passei uma resolução no Conselho Nacional de Justiça para tentar colocar mais mulheres nos órgãos colegiados. Vejo uma luta enorme das mulheres. É preciso olhar o conjunto, porque somos uma sociedade machista. Não gostar de mulher é direito, ofender a mulher é crime. É preciso respeito por todos”, continuou.
Cármen Lucia também comentou sobre os recentes ataques contra Patrícia Campos Mello, da Folha. Para ela, o ataque à jornalista também deixa outras mulheres da profissão vulneráveis.
“Acho isso muito grave. Primeiro é mais uma manifestação de um Brasil varonil. O Brasil é feito só de varões? No caso de profissões como a do jornalismo que dão voz e vez aos que não têm as informações, nem a voz para se manifestar. A imprensa cumpre esse papel”, declarou.
“No caso de uma jornalista criticada dessa forma desrespeitosa, quando isso acontece é como se todas as mulheres em todas as profissões ficassem mais vulneráveis”, continuou.
Deixe um comentário