11/12/2023 - Edição 525

Brasil

Jovem israelense é a quinta vítima dos ataques do Hamas com ligações com o Brasil

Itamaraty diz que impasse para retirar brasileiros de Gaza se mantém: não há data prevista para saída de 30 pessoas

Publicado em 19/10/2023 10:26 - G1, Gov.br – Edição Semana On

Divulgação

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A família da israelense Celeste Fishbein, de 18 anos, que foi morta pelo Hamas, fará uma cerimônia de despedida nesta quinta-feira (19), em Israel, depois que o corpo dela foi liberado. Celeste era filha e neta de brasileiros e estava sendo procurada desde 7 de outubro pelos parentes, e seu corpo foi encontrado na terça (17).

“Com grande tristeza e com o coração partido, anunciamos a morte prematura de nossa filha, irmã, neta, amiga e amada, que foi assassinada por homens perversos no kibutz Be’eri. O funeral acontecerá na quinta-feira, 19/10/2023 às 15h30 no cemitério do kibutz Ga’ash”, diz o comunicado.

Kibutz vem do hebraico e quer dizer “reunião” ou “grupo coletivo”. A palavra dá nome a comunidades israelenses agrícolas, administradas coletivamente, como aquela em que Celeste morava.

A família de Celeste estava à procura dela desde 7 de outubro, quando a jovem parou de dar notícias após o atentado do grupo extremista Hamas ao território israelense. Contudo, na terça, o Exército confirmou sua morte.

Segundo o tio dela, Mario Fishbein, representantes do Exército israelense foram até a casa da família dar a notícia, mas não informaram outros detalhes, como onde o corpo foi encontrado, nem as circunstâncias em que ela morreu.

Inicialmente, nos dias anteriores, o Exército israelense havia informado à família que a jovem teria sido feita refém em Gaza.

Karla Stelzer Mendes, Ranani Glazer e Bruna Valeanu estão desaparecidos em Israel — Foto: Reprodução/Redes sociais

Filho de brasileiro também foi morto

O jovem israelense Gavriel Yishay Barel, filho do brasileiro Jayro Varella Filho, teve a morte confirmada no domingo (15). Ele tentou fugir de carro do ataque do Hamas durante o festival de música eletrônica “Universo Paralello”, no dia 7 de outubro, mas teve o veículo alvejado por tiros.

Gavriel Yishay Barel foi enterrado na segunda-feira (16) em Tsefat, ao Norte de Israel, na região da Galiléia.

“Foi brutalmente assassinado com rajadas de metralhadora pesada montada na traseira de uma caminhonete. Seu corpo foi totalmente dilacerado e queimado junto com seu melhor amigo, que estava a seu lado no carro. E o carro foi totalmente perfurado e destruído com balas de grosso calibre e carbonizado”, disse o pai ao G1.

Segundo Jayro, ele morreu ao tentar fugir de carro. A morte foi confirmada 8 dias depois, no último domingo (15), após resultado de um exame de DNA que o identificou.

“Procuramos por uma semana por todos os hospitais, porque tinham muitos feridos graves sem identificação e desacordados. A situação estava caótica e o Gavriel só foi identificado uma semana depois. A identificação só foi possível com o exame de DNA feito a partir de material da arcada dentária porque meu filho foi brutalmente assassinado. O corpo ainda estava no carro, no volante. Por serem muitos corpos e pelo fato de a identificação ser difícil, demorou muito mais tempo”, conta o pai.

“Quem me falou sobre a descoberta de seu corpo foi a Embaixada Brasileira em Tel Aviv através de um diplomata muito educado e sensível à situação. Quero deixar meu agradecimento a ele. Na minha casa foi um grupo de pessoas, entre elas, oficiais do exército, da polícia, representantes da prefeitura e duas assistentes sociais, que vieram me dar a notícia oficial do falecimento trágico do Gavriel”, complementou Jayro.

Gavriel nasceu em Israel em 2001, mas chegou a morar brevemente em São Paulo com a família, formada por cinco filhos: Uriel, Abraham e Guittit (gêmeos), Gavriel e Yudah. Após a separação dos pais, passou a morar em Ashkelon, cidade a menos de 15 quilômetros da Faixa de Gaza.

“Nunca pensei passar por isso. Mas eu continuo aqui. Não penso em voltar para o Brasil porque minha vida está construída aqui. Aqui estão meus filhos e aqui me sinto em casa”.

Vítimas brasileiras

O governo federal confirmou, até o momento, a morte de três brasileiros em Israel. Todos eles também estavam na festa rave.

Os três brasileiros viviam em Israel há alguns anos, sendo que os dois últimos tinham cidadania israelense:

Bruna Valeanu, carioca, 22 anos;

Ranani Nidejelski Glazer, gaúcho, 23 anos;

Karla Stelzer Mendes, carioca, 42 anos.

Diversos brasileiros estavam no festival de música eletrônica Universo Paralello, atacado no sábado (7) pelo grupo extremista armado Hamas. O ataque deixou mais de 260 mortos apenas na festa.

Itamaraty diz que impasse para retirar brasileiros de Gaza se mantém

Continuam em um impasse as negociações para retirar os cerca de 30 brasileiros que estão na Faixa de Gaza aguardando resgate. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou à imprensa na quarta-feira (18) que eles continuam trabalhando para “que isso aconteça no prazo mais rápido possível.”

Apesar das negociações, ainda não há uma data prevista para saída de Gaza. “Depende um pouco de uma série de questões. Tanto do lado de Israel, também das autoridades de Gaza, quanto do lado do Egito, para se chegar a um acordo”, destacou.

Vieira acrescentou que os guichês de atendimento para sair da Faixa de Gaza são poucos e que existem cerca de 5 mil estrangeiros querendo sair de Gaza. “Por essas questões todas práticas que ainda não foram abertas as passagens e que não pôde haver a saída dos brasileiros e dos outros nacionais”, concluiu.

Os cerca de 30 brasileiros que querem deixar a Faixa de Gaza estão divididos em dois grupos: um que está na cidade Rafah a cerca de 1 km da fronteira e outro em Khan Yunis, a cerca de 10 km da fronteira. O transporte dos brasileiros que estão em Gaza será feito por veículos contratados pelo governo brasileiro.

Após ultrapassar à fronteira, eles devem seguir para o aeroporto indicado pela autoridade egípcia. O avião presidencial cedido para retirar os brasileiros de Gaza já está no Cairo, capital do Egito.

A brasileira Shaed Al-Banna, de 18 anos, em vídeo enviado na segunda-feira (16) já demonstrava ansiedade devido à falta de perspectiva para sair de Gaza. “Parece que vamos demorar muito para sair ainda desse país. Estou cansada, perdi muito peso de tão ansiosa, preocupada e tanto medo que estou sentindo. Já não sei o que fazer mais. Não quero perder a esperança, mas está difícil”, relatou.

Governo resgata 1.135 brasileiros de Israel.

Turistas, empresários, religiosos, escritores, produtores de vídeo, servidores, pais e mães, mulheres grávidas, crianças de colo: brasileiros. Mais de mil deles. A Operação Voltando em Paz, para repatriar cidadãos da zona de conflito no Oriente Médio, atingiu na quarta-feira (18) o patamar de 1.135 brasileiros atendidos em voos da Força Aérea Brasileira.

O KC-30 decolou de Tel Aviv, em Israel, às 18h40 (horário local), com destino ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. A previsão é de que chegue às 0h20 desta quinta, 19/10. A bordo, 219 passageiros e 11 animais de estimação. Com isso, desde a chegada do primeiro voo da operação, na quarta-feira, 11 de outubro, são 1.135 brasileiros repatriados e 35 pets.

Embaixador do Brasil em Israel, Fred Meyer explicou que toda a equipe fica mobilizada 24 horas para garantir que todos os brasileiros que tenham interesse em voltar sejam transportados. “Todos os que quiserem sair, sairão. Essa é a ordem do presidente Lula”, resumiu Meyer.

A Força Aérea Brasileira foi mobilizada e designou quatro aeronaves, inclusive um avião presidencial, para as ações de resgate. O Governo Federal também garantiu transporte de ônibus das principais cidades israelenses para o aeroporto de Tel Aviv. Já houve desembarques em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife.


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