Saúde
O temor é de que, se uma variante mais agressiva aparecer, comunidades estarão de novo desprotegidas
Publicado em 10/08/2024 9:43 - Jamil Chade - UOL
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A OMS (Organização Mundial da Saúde) emite um alerta sobre a circulação da covid-19, aponta a queda “profunda” de vacinação e constata que surtos estão sendo ignorados por governos. O temor é de que, se uma variante mais agressiva aparecer, comunidades estarão de novo desprotegidas.
Segundo a entidade, 20% dos testes de diagnósticos na Europa estão dando positivo, uma taxa considerada elevada. Num monitoramento de 84 países, a taxa de testes positivos é de mais de 10%. A OMS destacou, por exemplo, que mais de 40 atletas foram testados de forma positiva para o vírus durante os Jogos Olímpicos de Paris. A estimativa da agência é de que a real taxa de circulação da doença pode ser de duas a vinte vezes maior que o que se conhece, dependendo da região.
“A covid-19 não desapareceu e está aqui para ficar”, afirmou nesta terça-feira a diretora técnica da OMS, Maria van Kerkhove. “Mas a covid-19 não está tendo a atenção que precisa”, disse.
O problema, segundo ela, é que governos deixaram de dar informações sobre o que está ocorrendo com a circulação do vírus, hospitalização e mortes.
“Sabemos que os dados são menores do que o auge da pandemia”, disse. “Mas não temos dados para entender o que está ocorrendo e o impacto real é desconhecido”, alertou.
A ‘cegueira’
“Estamos cegos sobre o impacto da covid-19”, alertou a representante da OMS.
Vacinação em queda profunda
Outro dado constatado pela OMS é a queda “profunda” das taxas de vacinação pelo mundo. No primeiro trimestre de 2024, apenas 10 milhões de doses foram aplicadas, um enorme contraste em relação às bilhões de vacinas em 2021.
Para Maria van Kerkhove, o vírus continua sendo perigoso para pessoas idosas. “Nossa recomendação é de que a vacina seja tomada a cada doze meses para esse grupo da população, assim como aos médicos e profissionais de saúde”, recomendou a OMS.
Com a taxa elevada de circulação e uma baixa proteção, o temor da agência é de que um eventual novo vírus pegue a sociedade vulnerável, uma vez mais. “Estamos preocupados”, disse.
Maria van Kerkhove constata que, em suas viagens pelo mundo, ela tem tido dificuldades para conversar com governos sobre a covid-19. “O trauma foi tão grande que parece que todos nós queremos deixar o tema no passado. Isso é compreensível. Mas não podemos simplesmente ignorar”, completou.
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