Saúde
Vacina contra dengue pode chegar ao SUS em até um ano e meio; saiba mais sobre o imunizante
Publicado em 13/06/2023 10:51 - DW, Alice Andersen (Fórum) – Edição Semana On
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O primeiro medicamento injetável que previne contra o HIV foi aprovado no Brasil. Chancelado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o cabotegravir é uma profilaxia pré-exposição (PrEP), isto é, atua diretamente na prevenção de possíveis infecções pelo vírus causador da aids.
O medicamento é considerado inovador porque, até o momento, ainda não há uma vacina contra o vírus, e o tratamento contra o HIV é feito por meio de uma combinação de dois comprimidos, ingeridos diariamente por via oral – tenofovir e entricitabina, que o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente desde 2017.
A principal diferença entre o cabotegravir e o coquetel de remédios é justamente o fato de ele ser injetável e ter um tempo de ação prolongado.
As duas primeiras doses devem ser aplicadas em um intervalo de quatro semanas. Depois, os pacientes são instruídos a receber uma injeção a cada oito semanas, ou seja, a cada dois meses, o que reduz o índice do uso de medicação para seis vezes ao ano, em vez da utilização durante 365 dias.
O medicamento já havia sido aprovado em 2021 pela FDA (Food and Drug Administration, a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos). No ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também passou a recomendar o uso do cabotegravir.
Austrália, Estados Unidos e Zimbábue são outros países que também já aprovaram o uso da medicação injetável.
Avaliação antes do uso comercial
A injeção foi testada clinicamente em duas oportunidades, com mulheres, mulheres trans e homens que fazem sexo com homens. Os estudos foram realizados também no Brasil, em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, e os pesquisadores concluíram que a eficácia do cabotegravir é 69% maior do que a dos comprimidos.
O novo medicamento, que comercialmente deve ser chamado de “Apretude”, teve o registro publicado no Diário Oficial da União no último dia 5 de junho, e a autorização para o uso, no Brasil, será de responsabilidade da farmacêutica GSK, multinacional com sede em Londres, no Reino Unido.
O cabotegravir, no entanto, ainda não tem uma data para ser comercializado nem na rede pública nem na privada, já que o Ministério da Saúde ainda precisa estudar a incorporação dele ao SUS e, para isso, definir algumas regras.
Vírus no Brasil e no mundo
A aprovação do medicamento pela Anvisa chega em um momento em que o Brasil registra aumento no número de casos de HIV nos últimos anos.
Conforme informações do mais recente Boletim Epidemiológico de HIV/Aids, os diagnósticos tiveram um salto de 198% no país, com aumento de 13,7 mil para 40,9 mil por ano.
No mesmo período, porém, os casos de aids caíram de 43,2 mil notificações em 2011 para 35,2 mil em 2021, uma redução de 18,5%, algo que os especialistas atribuem aos tratamentos antirretrovirais.
O Ministério da Saúde aponta que pelo menos um milhão de brasileiros convivem com o vírus. Em todo o mundo, de acordo com o programa para a aids da Organização das Nações Unidas (ONU), são mais de 38 milhões de infectados.
Vacina contra dengue pode chegar ao SUS em até um ano e meio
A vacina contra a dengue, aprovada no dia 2 de março deste ano pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), está prevista para ser distribuída às redes públicas de saúde em até um ano e meio. A liberação da vacina no país poderá ser uma medida significativa no combate à dengue, que é uma epidemia histórica.
A informação foi dada pelo coordenador substituto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Daniel Ramos, durante um debate realizado na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados, no último dia 6. Segundo o representante, embora ela tenha sido aprovada, levará algum tempo para estar disponível para toda a população.
O coordenador ressaltou que aguarda o posicionamento oficial da OMS previsto para setembro. Ele lembra que os trâmites de importação do lote inicial da vacina ainda estão em andamento. “Isso se deve aos procedimentos de importação do lote inicial e também à transferência de tecnologia para a Bio-Manguinhos e a Fiocruz, permitindo a produção no Brasil”.
O imunizante, conhecido como Qdenga e desenvolvido pela farmacêutica do Japão, Takeda Pharma, possui em sua fórmula quatro distintos sorotipos do vírus da doença para conferir uma ampla proteção a quem teve ou não a enfermidade.
Enquanto a vacina não é liberada, as autoridades de saúde incentivam para o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, medidas protetivas como o uso de repelentes e eliminação de focos de água parada.
Saiba mais sobre o imunizante:
Para quais idades a vacina atende?
A aplicação será desde crianças com 4 anos de idade até jovens e idosos de 60 anos. Não importa se você já pegou o vírus em algum momento, a vacina será tanto para quem teve ou não a dengue.
Qual será o esquema de vacinação?
Serão duas doses com intervalo de 3 meses entre elas e a administração é subcutânea.
Quanta eficácia ela possui?
Há uma eficácia geral de 80,2% contra a dengue causada por qualquer sorotipo e independente de situação sorológica de base para dengue (indivíduos soronegativos e soropositivos) no período de 12 meses após administração da vacina.
No entanto, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), Alexandre Naime Barbosa, ressalta que a eficácia de 80,2% é contra os casos leves, sendo cerca de 95% em relação a casos graves e mortes.
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