19/05/2024 - Edição 540

Palavra do Editor

Um mar de dinheiro

Publicado em 20/02/2015 12:00 -

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

De acordo com o relatório “Corrupção: Custos Econômicos e Propostas de Combate”, realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em 2012, o custo anual com a corrupção no Brasil representa entre 1,38% a 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB): cerca de R$ 70 bilhões a R$ 100 bilhões

Sim, é isso mesmo. Todos os anos, a corrupção sangra de R$ 70 bilhões a R$ 100 bilhões do meu, do seu, do nosso trabalho.

O dinheiro, se investido em educação, por exemplo, poderia ampliar de 34,5 milhões para 51 milhões o número de estudantes matriculados na rede pública do ensino fundamental, além de melhorar as condições de vida do brasileiro.

Se o desvio de verbas no país fosse menor, a quantidade de leitos para internação nos hospitais públicos poderia subir de 367.397 para 694.409.

Sim, é isso mesmo. Todos os anos, a corrupção sangra de R$ 70 bilhões a R$ 100 bilhões do meu, do seu, do nosso trabalho.

O dinheiro desviado também poderia atender com moradias mais de 2,9 milhões de famílias e levar saneamento básico a mais de 23,3 milhões de domicílios.

Para a área de infraestrutura, calcula-se que 277 novos aeroportos poderiam ser construídos no país.

Outra opção seria abolir o imposto de renda sobre rendimentos do trabalho, aumentando o poder de consumo de cada um dos brasileiros. Mais uma seria extinguir o IPI e o IOF, tornando produtos e financiamentos mais baratos no país.

O psicanalista Joel Birman disse certa vez que faz parte da estratégia do poder tentar dizer que a corrupção é menos corrosiva do que os chamados crimes sangrentos. Para ele, a corrupção é um crime sem rosto. “Por isso parece ser um problema menor. Embora prejudiquem a vida de milhões de pessoas e da nação, os corruptos não matam A ou B. Suas vítimas são anônimas.”

Ele tem razão. Se há um crime hediondo, este é a corrupção. Acabar com esta praga pode ser utopia, mas reconhecê-la e combatê-la não é.


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *