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Palavra do Editor

Tristes tempos para a esquerda

Publicado em 25/11/2015 12:00 -

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Tristes tempos para a esquerda brasileira. Quando o líder de um Governo cujo partido teoricamente se posiciona neste campo tem que ser defendido por parlamentares de duvidosa postura ética como Jader Barbalho e Renan Calheiros é sinal de que algo deu muito errado.

A sessão do Senado, nesta quarta-feira (25), que manteve a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que levou à prisão do líder do Governo no Congresso Nacional, senador Delcídio do Amaral (PT-MS), tornou claro o que já era patente: pela garantia da governabilidade o PT escorou-se no que há de pior na política brasileira; assumiu o risco de adotar as mesmas práticas que, em suas origens, condenou.

A reação do PT nacional, que por meio de nota emitida por seu presidente, Rui Falcão, lavou as mãos e relegou Delcídio do Amaral ao papel de boi de piranha é, também, um sinal de que o partido, pelo menos em seus moldes atuais, vive seus estertores. É possível crer que Delcídio agiu sozinho na tentativa de formular a fuga de Nestor Cerveró? Sim, é possível. É provável? Muito pouco.

Talvez seja melhor para a esquerda brasileira que o PT imploda. Talvez seja esta a única forma dele renascer como partido.

A reação do PT nacional à desgraça de Delcídio, sua defesa feita por gente tão pouco nobre é o reflexo de um partido que, em 13 anos de poder, embriagado com as inegáveis conquistas da inclusão social, abandonou as mais caras bandeiras da esquerda, as reformas de base e estruturais; aparelhou os movimentos sociais ao ponto de comprometer gravemente seu poder de articulação; apostou na demonização de uma classe média remediada de onde boa parte de sua militância é oriunda; desqualificou com estratégias dignas da direita mais reacionária quadros da esquerda que se recusaram a agir sob seu tacão; um partido cuja boa parte da militância defendeu nas ruas e nas redes sociais a violência da Polícia Militar nas manifestações populares que surgiram a partir de junho de 2013.

Tudo isso em nome da governabilidade.

Talvez seja melhor para a esquerda brasileira que o PT imploda.

Talvez seja esta a única forma dele renascer como um partido cujo tamanho e importância foi tão vital para a construção da moderna nação brasileira.


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